Correio Braziliense
Na simulação de segundo
turno, Lula derrotaria Bolsonaro por 54% a 39% dos votos, sendo que o
presidente da República cresceu um ponto e o ex-presidente parece que bateu no
teto
A pesquisa DataFolha divulgada ontem pôs
fogo no debate entre presidenciáveis da TV Globo, como vocês verão nas páginas
do Correio Braziliense e do Estado de Minas de hoje. Com 50% dos votos válidos,
como no levantamento anterior, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
está com a bola na marca do pênalti para voltar ao poder, porém, pode chutá-la
na trave e ter que encarar um segundo turno. O presidente Jair Bolsonaro (PL),
com 36% de intenções de votos, subiu um ponto nas pesquisas. Com 6%, Ciro Gomes
(PDT) caiu um ponto por causa da campanha do voto útil, e Simone Tebet (MDB),
com 5%, manteve-se na mesma posição que estava. Soraya Thronicke (União Brasil)
também manteve-se no 1%.
Esses resultados expurgam votos nulos, brancos e abstenções, como determina a lei eleitoral na hora de proclamar o vencedor. A pesquisa estimulada aponta Lula com 48%, um ponto a mais do que na semana passada; Bolsonaro com 34%, um a mais também. Ciro Gomes com 6%, um a menos; Simone, com os 5% da pesquisa anterior; e Soraya Thronicke (União Brasil), com 1%. Felipe d’Avila (Novo), Sofia Manzano (PCB), Vera Lúcia (PSTU), Léo Péricles, Constituinte Eymael (DC) e Padre Kelmon (PTB) não pontuaram. Votos branco/nulo/nenhum somam 3%, um a menos em relação à pesquisa anterior. Não sabe manteve 2%. Na simulação de segundo turno, Lula derrotaria Bolsonaro por 54% a 39% dos votos, sendo que o presidente da República cresceu um ponto e o ex-presidente parece que bateu no teto. A aprovação do governo caiu 1%, estando em 31%; esse ponto se deslocou para os que consideram o governo regular, que são 24%. A reprovação do governo manteve-se em 44%.
As duas hipóteses (e não, quatro) lembram a
famosa teoria do humorista Barão de Itararé. Apparício Torelly era um otimista
inveterado, para quem tudo acabaria bem quando a situação parecia a pior
possível. O escritor Graciliano Ramos relata essa teoria em Memórias do Cárcere
(Record). A tese fundamental era a seguinte: todo fato gera duas alternativas;
excluía-se uma, desdobrava-se a segunda em outras duas; uma se eliminava, a
outra se bipartia, e assim por diante, numa cadeia comprida. O relato do autor
de Vidas Secas, que foi prefeito de Palmeira dos Índios, em Alagoas, serve como
uma luva para os paranoicos que temem ser presos num golpe de Estado, caso
Bolsonaro perca as eleições:
“Que nos poderia acontecer? Seríamos postos
em liberdade ou continuaríamos presos. Se nos soltassem, bem: era o que
desejávamos. Se ficássemos na prisão, deixar-nos-iam sem processo ou com
processo. Se não nos processassem, bem: à falta de provas, cedo ou tarde nos
mandariam embora. Se nos processassem, seríamos julgados, absolvidos ou
condenados. Se nos absolvessem, bem: nada melhor esperávamos. Se nos
condenassem, dar-nos-iam pena leve ou pena grande. Se se contentassem com a
pena leve, muito bem: descansaríamos algum tempo sustentados pelo governo,
depois iríamos para a rua. Se nos arrumassem pena dura, seríamos anistiados, ou
não seríamos. Se fôssemos anistiados, excelente: era como se não houvesse
condenação. Se não nos anistiassem, cumpriríamos a sentença ou morreríamos. Se
cumpríssemos a sentença, magnífico: voltaríamos para casa. Se morrêssemos,
iríamos para o céu ou para o inferno. Se fôssemos para o céu, ótimo: era a
suprema aspiração de cada um. E se fôssemos para o inferno? A cadeia findaria
aí. Realmente. Realmente ignorávamos o que nos sucederia se fôssemos para o
inferno. Mas ainda assim não convinha alarmar-nos, pois essa desgraça poderia
chegar a qualquer pessoa, na Casa de Detenção ou fora dela”.
Segundo turno
Por que as duas hipóteses e não quatro?
Porque as pesquisas estão mostrando que não há possibilidade de Bolsonaro
passar Lula no primeiro turno, muito menos vencer as eleições já no domingo.
Neném Prancha, Antonio Franco de Oliveira, falecido em 1976, que foi roupeiro,
massagista, olheiro e técnico do Botafogo, era um filósofo do futebol, segundo
o jornalista Armando Nogueira, um botafoguense doente. Dizia que o futebol era
um jogo muito simples: “Quem tem a bola ataca; e quem não tem, defende”. Foi o
que fez o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas duas últimas semanas, ao
mobilizar apoios de intelectuais, economistas, artistas, empresários e
juristas, com o objetivo de levar de roldão a eleição, já no primeiro turno.
Com 50% dos votos válidos, essa seria a hipótese mais provável, não houvesse o
imponderável nos três dias que antecedem o pleito. Não se pode descartar a hipótese
do segundo turno.
Por quê? Primeiro, porque o debate na TV
Globo de ontem à noite terá impacto no cenário eleitoral, dependendo do
desempenho de cada candidato. Segundo, em razão das abstenções, que podem ter
causas espontâneas, como os insatisfeitos e desesperançosos com o fracasso da
chamada terceira via viajarem no fim de semana, sem a preocupação de voltar a
tempo de votar, ou induzidas, por medidas com o objetivo de dificultar o acesso
dos eleitores aos locais de votação, reduzindo a circulação ou coibindo o
acesso gratuito aos transportes coletivos. Terceiro, a resiliência eleitoral de
Ciro, Tebet e Soraya. Quarto, a defasagem da base de dados do IBGE utilizada na
montagem do modelo das pesquisas. E se houver segundo turno? Nesse caso, é
melhor deixar acontecer para analisar.
5 comentários:
"Com 50% dos votos válidos, essa seria a hipótese mais provável, não houvesse o imponderável nos três dias que antecedem o pleito"
Não entendi. Como pode o imponderável fazer com q a hipótese mais provável deixe de ser ...a mais provável?
Significado de Imponderável: Que não se consegue pesar; cujo peso não pode ser revelado. Cujo valor não pode ser determinado...
Refaço minha pergunta: como algo cujo valor não pode ser determinado pode fazer com q a hipótese mais provável deixe de ser a hipótese mais provável?
Parece mais desejo do autor do q lógica.
Afinal, o imponderável pode ser favorável, contra ou neutro - POR ISSO É IMPONDERÁVEL!
Tem gente burra no mundo, hein?
Eu temo pela abstenção em massa.
O PT precisava dispor de transporte para levar os votantes nas urnas,mas,sei,seria crime eleitoral.
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