sexta-feira, 30 de setembro de 2022

Bruno Boghossian - Bolsonaro amplia artilharia contra Lula e deixa guarda aberta

Folha de S. Paulo

Presidente aposta alto no aumento da rejeição ao petista, mas governo também é vidraça em debate na Globo

Jair Bolsonaro (PL) chegou ao debate da TV Globo determinado a provocar, em três dias, algo que sua campanha não conseguiu em três meses de disputa: turbinar a rejeição a Lula (PT).

O presidente ativou o modo "gabinete do ódio" ainda no primeiro bloco. Bolsonaro abriu sua participação com a já tradicional dobradinha com o candidato Padre Kelmon (PTB) ao enaltecer o Auxílio Brasil, mas a discussão sobre realizações do governo durou pouco.

Em boa parte de suas perguntas e respostas, Bolsonaro fez esforços para vincular o adversário a conhecidos itens da agenda antipetista, como escândalos de corrupção, a liberação das drogas e o assassinato de Celso Daniel, ex-prefeito de Santo André (SP). Chamou ainda o petista de mentiroso e ex-presidiário.

Concentrado num único debate, esse repertório representou uma intensificação da artilharia de Bolsonaro contra Lula. O conteúdo, no entanto, foi semelhante aos ataques que sua campanha já vinha fazendo ao petista, colhendo efeitos limitados.

Desde o fim de junho, a rejeição ao ex-presidente passou de 35% para 39% –ainda insuficiente para rivalizar com os 52% do próprio Bolsonaro.

O presidente também encontrou as defesas de Lula mais organizadas do que no debate Folha/UOL/Band/TV Cultura, no fim de agosto. Naquela ocasião, o petista hesitou nas explicações sobre acusações de corrupção contra o PT. Agora, encaixou uma resposta que relacionava o clã Bolsonaro a rachadinhas e mencionou suspeitas sobre a negociação de vacinas.

Bolsonaro ainda colheu alguns efeitos colaterais negativos ao apostar pesado nessa investida contra Lula. Com a série de ataques, o presidente deixou a guarda aberta para o próprio petista e os demais adversários.

Embora o foco de Bolsonaro fosse um embate direto com Lula, o desempenho de seu governo se tornou uma vidraça frequentemente atingida. Simone Tebet (MDB) foi quem aproveitou melhor a oportunidade de fazer críticas à atual gestão, como no momento em que deixou o presidente na defensiva ao abordar a questão ambiental.

Nem mesmo Luiz Felipe d’Avila (Novo), cujo partido costuma se alinhar a Bolsonaro, deixou o presidente confortável. Numa interpelação relativamente delicada, ele criticou as generosas emendas distribuídas pelo governo em troca de apoio político no Congresso.

Sobrou a Bolsonaro o amparo do fiel Padre Kelmon –uma parceria que foi repetidamente denunciada por Soraya Thronicke (União Brasil) e por Lula.

O petista teve seu pior momento ao bater boca com Kelmon, num episódio que tende a se tornar um incômodo para a campanha petista. Bolsonaristas começaram a usar nas redes trechos da discussão em que Lula afirma que o adversário se apresenta "fantasiado de padre".

Aliados de Bolsonaro trabalham para emplacar o discurso de que o petista desrespeita religiões. Esse é um caminho que vem sendo explorado pelo presidente nos últimos meses –num período em que abriu vantagem sobre Lula no eleitorado evangélico.

No momento em que o petista briga com casas decimais para tentar ganhar a eleição no primeiro turno, dar esse tipo de munição ao adversário pode ser perigoso.

Na segunda metade do encontro, Bolsonaro virou parcialmente a chave, levando de volta ao debate dados positivos dos últimos meses na economia, como a redução dos preços dos combustíveis e a queda dos índices de inflação.

O presidente seguiu o entendimento de parte de sua equipe de campanha, que acredita ser necessário reforçar dados concretos com o objetivo de reduzir a avaliação negativa do governo. Ele o fez aproveitando para apontar riscos para a economia com "a volta da esquerda".

No fim das contas, o ritmo do debate reproduziu a dinâmica geral da disputa, concentrada nas figuras de Lula e Bolsonaro –um sinal do que devem ser as 48 horas finais do primeiro turno ou as quatro semanas seguintes, até um eventual segundo turno.

6 comentários:

ADEMAR AMANCIO disse...

Eu sou de esquerda,mas minha campanha é pela pacificação do País,fiquem todos na paz.

Anônimo disse...

Bolsonaro conseguiu turbinar a eleição do Lula!

Anônimo disse...

Kelmon, miliciano fantasiado de padre. Operador religioso do genocida!
Queiroz, miliciano sem fantasia. Operador financeiro da familícia!

Anônimo disse...

Guedes, financista liberal FAKE do genocida.

Anônimo disse...

Roberto Campos Neto, presidente FAKE só Bacen - em tese tem autonomia; na prática o bozo manda, confirmado pela inflação mais alta do q a média dos demais países.

Anônimo disse...

Claro! Um crápula como bozo causa repulsa. Eu não quero me relacionar com este pilantra rachador; nem o quero em minha casa. Resultado: LULA LÁ!
Leve ele pra sua casa, GADO.