domingo, 27 de outubro de 2024

O julgamento do século - Hélio Schwartsman

Folha de S. Paulo

Livro disseca batalha judicial que opôs estado do Tennessee nos EUA ao ensino do darwinismo

Nunca menospreze o poder mobilizador das guerras culturais. Em 1925, os EUA pararam para acompanhar o julgamento de John T. Scopes, o professor de biologia da cidadezinha de Dayton, acusado de violar uma lei do estado do Tennessee que proibia o ensino do darwinismo.

Todos os ingredientes de uma boa guerra estavam ali: religião contra ciência, autonomia dos estados contra a Constituição Federal, o povo do sul contra os ianques. Não é à toa que o episódio tenha sido apelidado de "julgamento do século" e, na fórmula mais ácida de H.L. Mencken, "julgamento do macaco".

"Keeping the Faith" (mantendo a fé), de Brenda Wineapple, mergulha fundo nessa história. A autora dá especial atenção aos dois advogados principais do julgamento, William Jennings Bryan, que atuou pela acusação, e Clarence Darrow, pela defesa.

Bryan está em todos os livros de história. Foi três vezes candidato à Presidência pelo Partido Democrata. Era um populista de mão cheia. Tinha posições relativamente progressistas em relação à organização do trabalho (sindicatos), mas era um fundamentalista religioso com fortes tendências racistas. Foi um dos principais defensores da Lei Seca.

Darrow também teve alguma militância no Partido Democrata e em favor dos sindicatos, mas as semelhanças acabam aqui. Darrow era socialista, declaradamente agnóstico e sempre se prontificava a atuar como advogado de defesa de autores de crimes que haviam chocado o país.

Ao retratar o julgamento do século e seus protagonistas, Wineapple traça o perfil de uma época. As semelhanças entre os anos 20 do século passado e do atual são notáveis: forte polarização, censura a livros, ameaça do populismo, conflitos entre poder central e local.

Scopes em tese perdeu. Foi condenado a pagar uma multa de US$ 100, mas Darrow chamou Bryan a depor na condição de especialista em religião e o humilhou, enredando-o nas infinitas inconsistências e contradições do texto bíblico. A vitória moral foi de Darwin.

Não deixa de ser desconcertante constatar que pouca coisa mudou em cem anos.

 

7 comentários:

Anônimo disse...

Nos Estados Unidos, nenhuma universidade de prestígio foi originalmente fundada com base no darwinismo , ou especificamente para promover a teoria da evolução de Charles Darwin. Já o protestantismo legou aos americanos e ao mundo inúmeras universidades de prestígio.

Várias universidades americanas de prestígio têm raízes no protestantismo. Aqui estão algumas das principais:
- Harvard University foi fundada em 1636 por congregacionalistas puritanos. Seu objetivo original era formar ministros religiosos para as igrejas da Nova Inglaterra. Os puritanos acreditavam na importância de uma educação sólida para garantir que os líderes religiosos fossem bem treinados tanto em teologia quanto em outras áreas do conhecimento.

- Yale University - Fundada em 1701 por congregacionalistas, Yale tinha como objetivo a formação de ministros religiosos.

-Princeton University - Estabelecida em 1746 como "College of New Jersey", Princeton foi fundada por presbiterianos para a formação de clérigos.

Columbia University - Originalmente chamada King's College, foi fundada em 1754 pela Igreja Anglicana (Episcopal), com o objetivo de formar líderes com valores protestantes.

Dartmouth College - Fundada em 1769 pelo reverendo congregacionalista Eleazar Wheelock, tinha o objetivo de educar missionários cristãos para trabalhar com povos indígenas.

Brown University - Fundada em 1764 por batistas, Brown foi a primeira instituição a aceitar estudantes de todas as denominações religiosas.

University of Chicago - Fundada em 1890 com o apoio financeiro da American Baptist Education Society, embora tenha se tornado rapidamente uma instituição secular.

Duke University - Originalmente estabelecida como Brown's Schoolhouse por metodistas e quacres em 1838, tornou-se Duke University em 1924, mantendo influências metodistas.

Anônimo disse...

Aqui está a quantidade individual de prêmios Nobel (em todas as categorias) que as universidades de origem cristã mencionadas receberam ao longo dos anos:

University of Chicago: 94 prêmios Nobel.
Harvard University: 161 prêmios Nobel.
Columbia University: 84 prêmios Nobel.
Yale University: 65 prêmios Nobel.
Stanford University: 71 prêmios Nobel.
Total:


94 (University of Chicago) + 161 (Harvard University) + 84 (Columbia University) + 65 (Yale University) + 71 (Stanford University) = 475 prêmios Nobel.

Esses números representam laureados que têm associação com essas universidades, como estudantes, professores, pesquisadores ou ex-alunos

Tramontina, corte rápido. Hehe

Daniel disse...

Como as espécies, as mencionadas universidades estadunidenses também EVOLUÍRAM! Deixaram de ser voltadas para a religião e se voltaram para as Ciências, como muitas outras grandes universidades do mundo. Reconheceram os méritos do darwinismo e até hoje o discutem e pesquisam.

Sergio Caires disse...

Qual a correlação entre a "origem" da universidade e o texto? Fugiu do tema: é zero!

ADEMAR AMANCIO disse...

O espiritismo,graças a Deus,referenda a teoria evolucionista de Charles Darwin,amo a Doutrina de Kardec.

Anônimo disse...

Apedeuta, o tópico frasal é Religião e ensino do Darwinismo. Logo, ambiente epistemológico/acadêmico. Nessa área, o protestantismo contribuiu mais pra educação e ciência do que a tese de Darwin. Tais universidades detém mais de 70% dos prêmios Nobel americanos. Só Havard tem 5X mais Nobel que toda a América Latina!

Anônimo disse...

A tese de Darwin não é pouca coisa. É uma das poucas teorias amplamente aceitas da Biologia!