quarta-feira, 14 de maio de 2025

O acerto de Lula e Haddad sobre as eleições de 2026 - Malu Gaspar

O Globo

Fernando Haddad nunca confirmará em público, mas já acertou nos bastidores com o presidente Lula: vai se desincompatibilizar do Ministério da Fazenda em abril de 2026 para disputar as eleições. A qual cargo ele vai concorrer ainda não se sabe. Conforme informou Andréia Sadi em seu blog na última terça-feira (13), a preferência do presidente é que Haddad concorra para uma das duas vagas que serão abertas para o Senado Federal, para fazer frente ao bolsonarismo na Casa.

Mas o martelo só será batido mesmo quando estiver mais perto da eleição. O que interessa, segundo fontes que souberam da conversa por meio dos dois – Haddad e Lula – é que o ministro esteja livre para tentar o que for mais estratégico para o PT no ano que vem.

Essa decisão vai depender de algumas variáveis que não estão sob o controle do partido e nem do governo.

Uma delas será o rumo de Tarcísio de Freitas (Republicanos). Se o governador de São Paulo decidir disputar a reeleição, Haddad pode preferir ir mesmo para o Senado, onde teria uma eleição mais competitiva. Mas se Tarcísio partir para uma candidatura presidencial – e o vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), mantiver a postura atual de não se candidatar em São Paulo – , Haddad poderia se animar a tentar novamente o governo paulista. Em 2022, ele perdeu para Tarcísio, que teve 55,3% dos votos válidos no segundo turno. O petista ficou com 44,6%.

No momento, nem mesmo uma candidatura presidencial está descartada para o ministro da Fazenda. Isso porque Lula hoje é candidatíssimo à reeleição, mas até abril de 2026 muita água ainda vai passar por debaixo da ponte. Caso Lula desista lá na frente, o único que ele avalia ser viável para disputar em seu lugar é Haddad.

Em 2018, Haddad substituiu Lula já em setembro. O então ex-presidente vinha sendo mantido como o cabeça de chapa mesmo preso no âmbito da Operação Lava-Jato desde abril do mesmo ano, enquanto sua defesa tentava afastar a sua inelegibilidade no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), após a confirmação da condenação por corrupção passiva e lavagem de dinheiro pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4).

Em entrevistas na tarde de terça, Haddad negou qualquer intenção de se candidatar. Não se espera que faça diferente nem no governo nem fora. Mas a decisão está tomada junto com Lula.

Nenhum comentário: