O Estado de S. Paulo
O cronista, sabidamente
prolixo, inicia este artigo com um resumo do anterior: a aplicação deturpada,
para coagir, da Lei Magnitsky contra Alexandre de Moraes tem a mesma natureza
viciada da gestão anômala dos inquéritos de Xandão, infinitos e onipresentes.
Em outras palavras: Moraes, criador do Direito, aplicaria a Magnitsky da mesma
forma desvirtuada – constante e intimidadora – como Donald Trump, criador do
Direito, faz. Em suma: Xandão aplicaria a Magnitsky contra Moraes.
Estacionadas sobre o País, uma alimentando a outra, as naves autoritárias xandônica e trumpista. Nenhuma delas capaz de resolver o nosso problema, senão agravá-lo. A uma, vale tudo para punir o golpista Bolsonaro. À outra, vale tudo para livrar o golpista Bolsonaro.
O esquema pervertido é
circular. Ao cultivo xandônico do “8 de Janeiro permanente”, estado de alerta
que tem justificado – em nome da defesa da democracia eternamente ameaçada –
censura prévia e prisão arbitrária, a resposta: a instrumentalização trumpista
da defesa da liberdade de expressão para baixar a intimidação permanente, a
“Magnitsky eterna”, e tentar exercer controle sobre o Brasil.
Em resumo: estamos ferrados.
Resumi para continuar resumindo. Estamos ferrados também porque Lula, que só
pensa em 26, continua em sua pregação antiamericana, convencido de que esse
discurso lhe reconstituirá a popularidade. O que – dizem – atrapalha as negociações
com o governo americano. Atrapalharia, se negociação houvesse. Não há.
Atrapalhará, pois, quando houver. Papo reto: não existe, senão na propaganda
petista eficiente, o Geraldo “Negociador” Alckmin.
O cronista escreve isso não
para desmerecer o vice; antes para registrar que tem memória. Temos. Foi o
próprio governo Lula – até ser surpreendido, como todos nós, pelo alívio do
tarifaço flexibilizado – que nos informou sobre a inexistência de interlocução
com a Casa Branca. E então, de repente, o milagre: o caso do acordo conquistado
sem negociação.
Há perigo em acreditar que o
que é fortuna (muito obrigado, Senhor!) seja obra da virtude. Não temos juízo.
Tivemos alguma sorte. Passa.
Papo reto de novo: a
variação entre tarifas, aliviados alguns setores, foi produto de decisão
unilateral americana a partir de lobby dos empresários americanos, ao que se
terá talvez somada alguma preocupação com efeitos inflacionários. Questão e
solução internas deles, brecha num conjunto de determinações em que a matéria
comercial será secundária.
Entender isso é fundamental,
porque significa também compreender por qual greta o nosso Negociador,
encerrado o café da manhã, poderá avançar; quando (e se) afinal abrirem alguma
fenda para diálogo.
Enquanto isso, no mundo
real, Geraldo, ministro do Protecionismo e dos Benefícios Fiscais para Rico
Ineficiente, celebra que o governo, entre janeiro de 23 e junho de 25,
“praticamente dobrou os recursos para a indústria automotiva brasileira”.
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