Folha de S. Paulo
Levante de 6 de agosto no Congresso completa
um mês relegado a conveniente esquecimento
No sábado (6) fez um mês da violenta
ocupação do plenário da Câmara com grave ameaça a Hugo Motta (Republicanos-PB)
de interdição no seu trajeto rumo à cadeira da presidência da Casa.
Outro mês ainda vai transcorrer até completarem-se
os 60 dias que generosamente o presidente afrontado deu à corregedoria para
definir punição aos amotinados.
A julgar pelo silêncio em torno do caso e da vitória que obtiveram ao conseguir colocar a anistia na agenda, nada de mal lhes acontecerá. O episódio está com todo o jeito de que vai ficar por isso mesmo: o dito pelo não dito, os considerados agressivos naquele dia pelos reabilitados no transcurso do tempo.
No calor da rebelião, vozes se levantaram em
defesa da necessidade de não se deixar barato, sob pena da erosão de autoridade
do deputado Motta. Esfriada a temperatura, calaram-se todos. Os que são
instados a se manifestar alegam que há outras sanções mais importantes com as
quais o país deve se preocupar.
Cobram atenção às "injustiças" do
Supremo Tribunal Federal contra executores, patrocinadores e incentivadores da
tentativa de anular o resultado das eleições de 2022. Dizem que há mais
infratores a serem punidos que os rebelados de 6 de agosto, por esta
interpretação tidos como vítimas autorizadas a se utilizar de quaisquer meios
para reagir.
Trata-se de uma versão convenientemente
distorcida do ocorrido nas ocupações dos plenários da Câmara e do Senado. Ali
houve tentativa de golpe parlamentar com execução explícita de atos não apenas
preparatórios, mas efetivamente executados.
A ideia era mostrar ao presidente da Câmara eleito
meses antes que havia na Casa uma força que se sobrepunha às regras do
regimento e aos parâmetros do decoro parlamentar. A falta de uma reação
imediata e rigorosa exibiu a fragilidade de Hugo Motta frente aos compromissos
assumidos com governo e oposição para ser ungido ao comando.
Depende agora dele e da banda sadia do
colegiado escolher de que lado estão: do malfeito ou do que deve ser bem feito.
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