O Estado de S. Paulo
Entre um governo do PT com os cacoetes de uma
esquerda arcaica e uma oposição liderada pelo PL com um bando de aloprados, o
PSD precisa ser para o Brasil do futuro o que o PSDB já foi
Passei a infância na Argentina, na década de 1960. Na
cultura da época, eu e os meninos jogávamos bola e vivíamos de calça curta, até
os 12 ou 13 anos, quando virávamos hombrecitos.
Como “rito de passagem”, na transição para o que seria a vida adulta,
trocávamos então a calça curta pelos pantalones
largos (na língua de Cervantes, largo significa “comprido”).
Parodiando aquela época, está na hora de o PSD colocar os pantalones largos.
Nossa política sofre de um mal: a falta de equilíbrio. Vinte anos atrás, os embates políticos tinham de um lado um governo do PT que reduzia a relação dívida líquida/PIB, com Lula amigo de George W. Bush; e, de outro, a oposição bem-comportada do PSDB.
Hoje, de um lado, temos um governo do PT com
todos os cacoetes de uma esquerda arcaica, e, de outro, uma oposição liderada
pelo PL com um bando de aloprados que
parecem ter fugido de um filme da família Addams.
E, à luz dos resultados, seguiu uma
estratégia brilhante. Agora, porém, chegou o momento de amadurecer. Ele precisa
se preparar para representar o papel do adulto na sala.
O PSD precisa ser para o Brasil do futuro o
que o PSDB foi para o Brasil durante 25 anos: o lócus de representação de uma
parcela do eleitorado identificada com valores do centro ou da centro-direita,
com espaço para um segmento socialdemocrata.
Não faz sentido o eleitorado ter de optar
entre, de um lado, um partido que historicamente cultivou relações estreitas
com Cuba e Venezuela, com um viés anticapitalista e estatizante (vide os
Correios!!) que se depreende de boa parte das suas decisões e uma política
fiscal péssima; e, de outro, um partido cuja grande bandeira é a anistia à
turma do 8/1, e que tem um candidato a presidente que agiu em favor de tarifas
contra o Brasil.
Num futuro que seria bom para o País, se o
PSB, com João Campos, vier a substituir o PT na liderança do campo ideológico
que ambos compõem, à esquerda do PSB teríamos o binômio PT/PSOL e à direita do
PSD se posicionaria o PL.
E as coalizões de governo seriam montadas com
base em cada eleição, não sendo descartáveis modelos de “grande coalizão” como
as que um par de vezes existiram na Alemanha entre a democracia cristã e os
socialistas. O Brasil terá amadurecido muito se um dia tiver que escolher entre
o PSB e o PSD, em vez de nos impor a escolha entre um Lula 4 ou 5 e algum
Bolsonaro.

 
 
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