O Globo
Depois de elogiar ação com 121 mortos,
governadores bolsonaristas anunciam "Consórcio da Paz"
Dois dias depois da maior carnificina da
História do Rio, uma comitiva de governadores de direita desembarcou ontem no
Palácio Guanabara. Os visitantes foram manifestar apoio a Cláudio Castro. Entre
sorrisos e afagos, descreveram a operação que deixou 121 mortos como “sucesso”
e “divisor de águas”.
O mineiro Romeu Zema reclamou que a ação
policial estaria sendo “erroneamente considerada a mais letal”. “Deveria ser
considerada a mais bem-sucedida”, afirmou. O goiano Ronaldo Caiado disse ter
ficado “orgulhoso” do banho de sangue nas favelas. “Ô Cláudio, meus parabéns!”,
empolgou-se.
Castro anunciou a criação de um certo “Consórcio da Paz”, formado por governadores de oposição. Atribuiu a ideia ao catarinense Jorginho Mello, a quem apresentou como “nosso marqueteiro”.
O tom de campanha ficou escancarado nas falas
de Zema e Caiado, pré-candidatos ao Planalto. “O Brasil virou o paraíso dos
criminosos e o inferno das pessoas de bem”, discursou o mineiro. “O Brasil tem
duas opções. Se você quer o Lula e o Maduro, fica com eles. Se quer a seriedade
e a lei, fica conosco”, conclamou o goiano.
O homem do cavalo branco aproveitou a deixa
para fazer propaganda de sua gestão. “Lá em Goiás, bandido não se cria”,
pontificou. Pré-candidato ao Planalto, ele aposta na imagem de xerife para não
repetir o fiasco da eleição de 1989, quando teve menos de 1% dos votos e
amargou o décimo lugar.
Com Lula em recuperação e Bolsonaro perto na
cadeia, a direita vê no discurso linha-dura um caminho para voltar ao jogo. A
aposta é reforçada por pesquisas que situam a violência no topo das
preocupações do brasileiro.
O marketing da matança é uma arma poderosa
para demagogos que se vendem como defensores da lei. Em 2018, o Rio elegeu
Wilson Witzel, que prometia abater bandidos à base do “tiro na cabecinha”. Ele
não libertou as favelas da tirania do tráfico e foi cassado em meio a um
escândalo de corrupção.
No mês passado, a polícia prendeu o deputado
TH Joias, suspeito de contrabandear armas e lavar dinheiro para o Comando
Vermelho. Ele era aliado do atual governador, que chegou ao poder como vice de
Witzel.

 
 
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