sexta-feira, 28 de julho de 2017

Opinião do dia – Paulo Mercadante

No período de formação nacional, que alcança os últimos anos do século passado, a mentalidade conservadora brasileira haveria de distinguir-se da europeia por suas singulares feições conciliatórias. Trazendo em seu espirito o reflexo das faces mercantil e feudal do domínio, teve a intelligentia nacional que conciliar também o liberalismo econômico e o instituto da escravatura, procurando ajustá-los à realidade do pais. Ademais, tudo a levava a uma ideologia da mediação."

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Paulo Mercadante, “A Consciência conservadora no Brasil’, Prefácio, p.1. 2ª edição. Editora Civilização Brasileira, 1972.

A máquina de gastar | *Fernando Gabeira

- O Estado de S.Paulo

Não são apenas os 43 centavos por litro, toda uma forma de governar está em jogo

Ao decretar o aumento do imposto da gasolina, Temer rompeu com uma das mais importantes expectativas criadas pelo impeachment de Dilma. Na época em que ela caiu não se discutiam apenas as pedaladas, razão formal, mas todo o conjunto do movimento da bicicleta: uma dispendiosa máquina de governo pesando insuportavelmente nas costas da Nação.

Verdade que Temer conseguiu aprovar a lei que impõe limite aos gastos públicos. Mas a a vida real está mostrando que uma simples lei não resolve se não houver mudança no comportamento do governo. Temer, por exemplo, decreta aumenta de impostos e libera verbas para deputados, algo que não é essencial no Orçamento. Ele vive uma contradição paralisante: governar para a sociedade ou para o Congresso?

Qual Estado queremos para o futuro? | Fernando Abrucio

- Valor Econômico / Eu & Fim de Semana

O governo federal lançou um plano de demissão voluntária (PDV) com o objetivo de gerar uma economia de R$ 1 bilhão, tendo a expectativa (irrealista, a meu ver) de que cerca de 5 mil funcionários públicos possam aderir a essa proposta. Não há nada de ilegal ou imoral em tal ação, mas ela é apenas mais uma das várias que foram criadas recentemente para tentar fechar as contas públicas. No fundo, na impossibilidade política de se realizar reformas estruturais, adotou-se a máxima de minha avó: de grão em grão, a galinha enche o papo. Se o cenário atual impede alterações estruturantes, ele não deveria ser empecilho para o debate, pois o próximo governo, eleito pelas urnas, terá que decidir que tipo de Estado queremos para o futuro.

O grande problema do país é a desigualdade, em suas diversas facetas: de renda, de acesso aos serviços públicos, no plano territorial, de cor e de gênero, na qualidade da educação, na forma como a polícia e a Justiça enxergam cada cidadão, para ficar provavelmente nos itens mais importantes do fenômeno. Desse modo, o Estado deve se estruturar para lidar com as várias iniquidades sociais. Obviamente que visões mais à direita ou mais à esquerda vão ter soluções diferentes ao tema, mas não poderão ignorá-lo, ao custo de perderem legitimidade social.

Os tucanos planejam o dia seguinte | César Felício

- Valor Econômico

Temer deve escapar, mas é uma página virada na história

É muito mais provável que Michel Temer termine o seu mandato do que venha a perdê-lo por ação do Congresso. Nenhum observador acredita na aprovação pela Câmara da autorização para que o Supremo processe o presidente e dificilmente o panorama irá se alterar quando Rodrigo Janot apresentar a segunda denúncia, nas próximas semanas.

O Congresso brasileiro certamente é um dos mais desprestigiados do mundo, mas seus 513 deputados não são um ajuntamento, uma turba que se move de lá e pra cá ao sabor da pressão das bases. Ele se move e forma suas maiorias por ações coordenadas de lideranças que sabem, fazem a hora e não esperam acontecer. No Palácio do Planalto, Temer luta para manter o seu foro privilegiado. No front adversário não há estado-maior e nem comandantes.

Má vontade generalizada | Merval Pereira

- O Globo

A avaliação do governo Temer é ruim até para o que é bom, é o que nos mostra a mais recente pesquisa do Ibope. A má vontade da população é tamanha que ele é mal visto mesmo pelas coisas que estão dando certo, como a redução da inflação e da taxa de juros. Mas o que conta, na verdade, é a percepção, e não a realidade. Temer pode até usar esses dados para dizer que a pesquisa não reflete a realidade, mas politicamente o que importa é que seu governo está mal visto por tudo.

A pesquisa indica que os que estão na sua companhia não serão bem avaliados, e a contaminação vai acabar atingindo seus aliados. O governo caminha para obter uma vitória na eventual votação da denúncia da Procuradoria-Geral da República, com uma base estimada em torno de 250 deputados. Mas não se sabe se, daqui a meses, Temer terá o mesmo número de apoiadores que ainda parece ter hoje.

Cobras criadas | Eliane Cantanhêde

- O Estado de S.Paulo

Dilma deve explicações por nomear Bendine na Petrobrás, apesar de todos os alertas

A então presidente Dilma Rousseff descumpriu uma regra básica do poder ao transferir o presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, para a Petrobrás num momento muito delicado para o País e para a estatal. Essa regra é que “à mulher de César não basta ser honesta, é preciso parecer honesta”. Bendine era considerado competente na gestão do BB, mas pairavam sobre ele várias polêmicas de ordem ética.

Como presidente do BB, ele foi pego pela Receita Federal por “evolução atípica” de patrimônio, por valores não justificados e pela compra de um imóvel com dinheiro vivo. Sem ter o que responder, alegou que guardava R$ 280 mil em casa. Soou excêntrico o presidente do maior banco público guardar pilhas de notas de reais debaixo do colchão e comprar apartamentos em “cash”.

Preconceito incolor | José de Souza Martins

- Valor Econômico / Eu &Fim de Semana

Preconceito não é apenas, nem principalmente, o de raça, o de orientação sexual ou o de classe social. O elenco dos preconceitos é extenso. Temos preconceito contra gordos, contra carecas, contra feios, contra gagos, contra intelectuais, contra os que cheiram diferente do que requer o nariz social e politicamente dominante. Tem-se difundido até o preconceito ideológico e partidário, uma variante do fascismo. Coisa de marxistas que não leram Marx. Com mais clareza sobre o irracional do preconceito, poderíamos educar nossos filhos e alunos para o belo da pluralidade da condição humana. A perspectiva da vítima é educativa.

Sou especialista: já fui vítima de preconceito de aparência, de preconceito de origem e também de preconceito de identidade. Tão deploráveis quanto os vividos ou denunciados pelos geralmente incorretos defensores do politicamente correto.

Madame Bovary no Alemão | Reinaldo Azevedo

- Folha de S. Paulo

Elites, entes do Estado e até imprensa solapam bases da governança, mas reclamam de Temer

Passou a febre "Rodrigo Maia presidente". Por enquanto ao menos. Se outro Rodrigo, o Janot, da Procuradoria Geral da Deposição de Michel Temer (é a quinta dimensão do Ministério Público da União), tiver a bala de prata que seus acólitos traficam pelos corredores, mas sem mostrar o bagulho, Temer será deposto. E o que virá depois é bem mais escuro do que supõem os selenitas.

A leitura de certa crônica política, que pretende se passar por análise, tem uma graça intelectualmente trágica porque não chega a síntese nenhuma, tornando-se mero bordado a ornar o nada. O horizonte desses cronistas é a Terra do Nunca, localizada em Lugar Nenhum.

É estupefaciente que se possa apontar o dedo contra Temer, acusando-o de incapaz de conduzir as reformas, quando entes do Estado –como o Ministério Público Federal e alguns togados no STF– e quadros relevantes das elites, incluindo setores da imprensa, atuam de forma deliberada para lhe tirar os instrumentos de governança.

Flertando com a ditadura | Hélio Schwartsman

- Folha de S. Paulo

Lá no comecinho ainda dava para defender o regime de Hugo Chávez. Ele, afinal, chegara ao poder através do voto, em 98, e logo tratou de colocar em prática uma agenda populista, mas que acertava em várias coisas, como a adoção de políticas de redução da pobreza.

Chávez sempre torcia as instituições democráticas para favorecer seus interesses, mas tomava o cuidado de não se afastar da letra da lei —só do espírito. Nisso, não estava muito longe do padrão observado na América Latina. O caudilho promovia verdadeiras campanhas de difamação contra aqueles que identificava como inimigos, mas, durante boa parte de seus sucessivos mandatos, não ousou suprimir a liberdade de imprensa no país. Os venezuelanos tiveram algumas oportunidades de apear Chávez do poder, mas preferiram seguir com ele.

É o descolamento? | Celso Ming

- O Estado de S.Paulo

O Banco Central em comunicado oficial reconheceu nesta quarta-feira, 26, após a reunião do Copom, que a inflação está atuando descolada tanto da crise política quanto da crise econômica.

O Banco Central dirigido por Ilan Goldfajn não desconhece nem as incertezas nem o aumento delas, sejam as provocadas pelo adiamento das reformas, seja as ligadas ao rombo fiscal. A novidade está em que esse aumento de incertezas “não se mostra inflacionário nem desinflacionário”; é neutro. Ou seja, a crise produz impacto inferior à tal marolinha que o então presidente Lula identificou como consequência da crise global de 2007-2008.

Mais que isso, o Banco Central enxerga uma inflação ainda mais fraca tanto no curto prazo como no longo prazo. Independentemente das demais agruras da política, prevê 3,6% em 2017 e 4,3% em 2018, um ano eleitoral, ao longo do qual tanta coisa pode acontecer.

O filme queimado? | Fernando Dantas

- O Estado de S.Paulo

Grande interrogação é se impopularidade de Temer contamina agenda liberal

A pesquisa CNI/Ibope divulgada ontem revela que Michel Temer se tornou o presidente mais impopular desde a redemocratização. Por outro lado, o presidente, como se sabe, governa com uma agenda econômica ortodoxa, liberal e reformista, que agrada mercado financeiro, boa parte do empresariado (a não ser pela redução dos subsídios ou pela reoneração tributária) e parcela significativa dos formadores de opinião.

Não se pode dizer que a política econômica de Temer tenha fracassado. É verdade que a atividade está demorando muito mais para se reerguer do que se previa em meados do ano passado, e que o desemprego permanece em nível recorde. Mas a economia foi estabilizada, os juros estão despencando e, salvo grandes surpresas, deve haver crescimento modesto no ano eleitoral de 2018.

Momento da Petrobras | Míriam Leitão

- O Globo

O presidente da Petrobras, Pedro Parente, disse que a empresa hoje é totalmente diferente da que era. Não há a tomada de decisão por um único diretor, as diretorias não são mais compartimentos estanques e existe até a checagem da vida pregressa da pessoa nomeada. “Eu mesmo passei por esse procedimento duas vezes”. Garante também que os diretores foram nomeados por ele, sem indicação política.

É um alívio ouvir isso no dia em que foi preso o ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine, acusado de ter recebido propina durante o período em que comandou a companhia e com a Lava-Jato já em estágio avançado. Ele foi nomeado para a estatal como homem de confiança de Dilma Rousseff. Poria ordem na empresa, segundo a mensagem que o governo na época passou. Que nada, muitos empreiteiros já estavam presos e ele pediu — e recebeu — propina da Odebrecht.

Temer e a deterioração do quadro fiscal | Rogério Furquim Werneck

- O Globo

Ele não consegue conter apego ao patrimonialismo, voracidade e propensão à irresponsabilidade do Congresso Nacional

Em que medida a fragilização do presidente Temer poderá contribuir para agravar ainda mais o alarmante quadro fiscal com que se defronta o país? Há poucas semanas ainda havia quem acreditasse que as dificuldades estariam circunscritas à necessidade de adiar a aprovação da reforma da Previdência. Tem ficado cada vez mais claro, contudo, que a debilitação do Planalto está fadada a ter desdobramentos fiscais bem mais sérios, que poderão ir muito além dos custos de adiamento da reforma previdenciária.

Tendo perdido ascendência sobre boa parte da bancada governista no Congresso e se metido numa situação delicada, que deixou sua permanência no cargo à mercê da volubilidade da Câmara, o presidente não tem conseguido impedir que a base aliada se deixe levar por seus piores instintos, na tramitação de medidas cruciais para a condução da política fiscal. Sobram evidências de que, debilitado como está, Temer já não tem como manter sob controle a voracidade, o apego ao patrimonialismo e a atávica propensão à irresponsabilidade fiscal do Congresso.

Os juros e o jogo da incerteza – Editorial | O Estado de S. Paulo

Com mais um corte de juros, desta vez de 10,25% para 9,25%, o Banco Central (BC) continua fazendo sua parte no esforço para reativar a economia, criar empregos e, ao mesmo tempo, reduzir o peso da dívida pública. Novos cortes poderão ocorrer, mas falta saber se consumidores, empresários e investidores sentirão segurança para movimentar com mais vigor os negócios. Por enquanto, a queda de confiança gerada pela crise política teve efeitos limitados, nem inflacionários nem desinflacionários, segundo nota do Comitê de Política Monetária (Copom), formado por diretores do BC. Talvez haja uma pitada de otimismo nessa avaliação, divulgada logo depois da reunião de quarta-feira passada. As pressões inflacionárias parecem continuar moderadas, apesar da piora de humor – tanto de compradores como de vendedores – detectada em várias sondagens desde junho. Mas faltam dados, ainda, para dizer se a mudança de expectativas interferiu, e quanto, nas atividades industriais e comerciais.

Mesmo o aparente otimismo dos membros do Copom é contrabalançado com sinais de cautela. As palavras “aumento da incerteza” aparecem três vezes no comunicado – no primeiro, no terceiro e no oitavo dos nove parágrafos.

Regime do funcionalismo precisa de reforma – Editorial | O Globo

Não fazem sentido, diante da dificuldade para se atingir a meta fiscal, aumentos para servidores, e também deve-se tratar de rever a própria estabilidade no emprego

Há problemas que, engavetados, fermentam, crescem, até exigirem soluções rápidas e drásticas. É o que aconteceu com a folha de salários do funcionalismo. Ela foi inflada durante os governos Lula e Dilma, devido ao clássico descompromisso lulopetista com o equilíbrio das contas públicas — a ponto de esta irresponsabilidade custar a Dilma a presidência. E o problema terminou agravado pela miopia de Michel Temer de, ao assumir o Planalto, manter os reajustes de servidores claramente incompatíveis com a crise que já avançava.

Não foi por falta de alerta que Temer, num ato de varejo político, confirmou acordos feitos por Dilma com categorias de servidores, distribuindo reajustes até 2019, numa infração indiscutível à Lei de Responsabilidade Fiscal, que proíbe a geração de despesas que invadam mandatos seguintes.

Esqueletos estatais – Editorial | Folha de S. Paulo

Dados o número e as dimensões dos desvios descobertos na Petrobras, não deveria causar estranheza que um ex-presidente da empresa esteja na mira das autoridades.

Entretanto a prisão de Aldemir Bendine, que comandou a petroleira de fevereiro de 2015 a maio de 2016, relaciona-se a acusação de pedido de propina iniciado nos tempos em que estava à frente do Banco do Brasil (de 2009 a 2015).

O empresário Marcelo Odebrecht relatou, em delação premiada, que Bendine lhe cobrara, por meio de emissários, R$ 17 milhões para facilitar a renegociação de dívidas com a instituição financeira federal. De acordo com a versão, o pleito só foi parcialmente atendido (em R$ 3 milhões) quando o executivo ascendeu à Petrobras.

Faça-se a ressalva de que testemunhos do gênero não constituem prova, e a própria prisão temporária suscita dúvidas —entre suas justificativas está uma alegada possibilidade de fuga por meio de uma viagem para Portugal; a defesa apresentou nesta mesma quinta-feira (27) o bilhete de volta.

Queda do juro é esperança para reanimar a economia – Editorial | Valor Econômico

Apesar de amplamente esperada, a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), anunciada quarta-feira, de reduzir em 1 ponto a taxa básica de juros, para 9,25% ao ano, foi comemorada por marcar o estímulo mais poderoso disponível no momento para a recuperação da economia. Foi o sétimo corte em sequência e o terceiro de 1 ponto, levando a Selic para o nível mais baixo em quase quatro anos. A surpresa ficou por conta da sinalização de que mais um corte de 1 ponto deve vir pela frente, na reunião do início de setembro.

O comunicado divulgado pelo Copom reforçou a previsão de que o juro básico poderá estar abaixo de 8% no fim do ano, desencadeando uma onda de revisão de projeções e reposicionamento do mercado. O Comitê argumentou que o aumento da incerteza em relação à implementação das reformas e ajustes teve até agora impacto limitado. Notou ainda que o cenário internacional continua favorável e tem mantido o apetite pelos mercados emergentes, em que pese a sinalização dada pelo Fed nesta semana de que está pronto para começar a reduzir sua carteira de ativos, dando início à reversão do afrouxamento monetário.

Lava Jato atinge o topo do comando da Petrobrás

Aldemir Bendine é preso sob a suspeita de receber R$ 3 milhões em propina da Odebrecht quando ocupava a presidência da estatal e já em fase adiantada da operação

Julia Affonso Fausto Macedo, O Estado de S. Paulo.

Em sua 42.ª fase, a Lava Jato alcançou o topo do comando da Petrobrás. Aldemir Bendine, ex-presidente da estatal e do Banco do Brasil, foi preso sob acusação de ter recebido R$ 3 milhões de propina da Odebrecht. Segundo a Procuradoria, os pagamentos foram feitos em 2015. Bendine, homem de confiança do ex-presidente Lula, foi escolhido pela então presidente Dilma Rousseff para “blindar” a petroleira após escândalos de corrupção.

O ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobrás Aldemir Bendine foi preso ontem em nova fase da Lava Jato, a Operação Cobra. Ele é acusado de receber R$ 3 milhões em dinheiro como forma de propina paga pela Odebrecht. Segundo a procuradoria, os pagamentos ilícitos foram feitos em 2015, quando a Lava Jato já havia completado um ano e estava em fase avançada na investigação no combate a crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

Bendine usava nome de Dilma para pedir propina

Segundo procuradoria, ex-presidente de estatal associava sua imagem à da presidente cassada para se promover; executivo foi preso em Sorocaba

Julia Affonso, Fausto Macedo, Thaís Barcellos, Elizabeth Lopes e Elizabeth Lopes, O Estado de S. Paulo.

Ao deflagrar a nova etapa da Operação Lava Jato, a forçatarefa afirmou que o ex-presidente da Petrobrás e do Banco do Brasil Aldemir Bendine usou o nome da presidente cassada Dilma Rousseff para se promover e obter as propinas que havia pedido.

Bendine assumiu o comando da Petrobrás em fevereiro de 2015 após deixar a presidência do Banco do Brasil, posto que ocupava desde 2009. Contudo, segundo a força-tarefa, não houve nada de concreto encontrado nas investigações contra a presidente cassada.

Propina foi paga um mês antes de evento com Janot

Bendine recebeu dinheiro da Odebrecht perto de devolução de recursos desviados na Petrobrás; Moro pede bloqueio de R$ 3 mi
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Julia Affonso Fausto Macedo, O Estado de S. Paulo

Trinta dias antes de celebrar a recuperação de R$ 139 milhões desviados da Petrobrás em um evento ao lado do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o ex-presidente da estatal Aldemir Bendine recebeu, segundo o Ministério Público Federal, a terceira parcela de R$ 1 milhão de propina paga pela Odebrecht de um total de R$ 3 milhões.

Considerado um marco no combate à corrupção que atingiu a estatal petrolífera, o evento em clima solene foi realizado em 31 de julho de 2015 na sede da PGR, em Brasília. Bendine foi presidente da Petrobrás entre 6 de fevereiro de 2015 e 30 de maio de 2016. Na planilha de propinas da empreiteira Odebrecht, ele era identificado pela alcunha de “Cobra”, nome que batizou a 42.ª da Lava Jato.

Executivo era da confiança de Lula

Malena Oliveira Murilo Rodrigues Alves, O Estado de S. Paulo.

O executivo Aldemir Bendine foi confirmado no cargo de presidente da Petrobrás em fevereiro de 2015, com a missão de ajustar o balanço da companhia e contabilizar as perdas com a corrupção diante do escândalo que já fazia a petrolífera sangrar desde março de 2014. Dias antes, sua antecessora, Graça Foster, havia renunciado ao posto diante da pressão por causa dos desdobramentos das investigações.

Vindo do Banco do Brasil, onde se tornou presidente em abril de 2009, Bendine era um nome de confiança do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e foi indicado pela então presidente Dilma Rousseff. A nomeação foi uma surpresa para o mercado. No dia de sua confirmação no cargo, as ações da Petrobrás fecharam em queda de 6%, mas chegaram a recuar 9% durante as negociações.

Alckmin tenta organizar sua sucessão de olho no Planalto

Fernando Taquari | Valor Econômico

SÃO PAULO - A pouco mais de um ano das eleições, o PSDB paulista tenta encontrar um nome com densidade eleitoral para concorrer ao governo de São Paulo e que garanta palanque para o presidenciável tucano - os mais cotados ao Planalto até agora são o governador Geraldo Alckmin e o prefeito João Doria.

A opção por Doria agrada ao governador, porque afastaria o prefeito da disputa pela candidatura à Presidência. Mas Doria dá sinais de que mira o Palácio do Planalto. Sua candidatura ao governo paulista também enfrenta a oposição de outros tucanos que querem o cargo, como o ex-governador José Serra e José Aníbal, e de tradicionais aliados do governador no PSB e no DEM. Há muitos interessados, mas que não se arriscam a colocar a "cabeça para fora", diz um dirigente do partido.

Tucano defende parceria com o DEM

Por Sergio Lamucci | Valor Econômico

SHENZEN (CHINA) - A melhor alternativa para PSDB e DEM é manter a "parceria histórica" que os une há muitos anos, disse ontem o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB). Em Shenzen, na China, Doria afirmou que os tucanos não deveriam prescindir da relação com o aliado, ao comentar a declaração do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de que o seu partido "não tem condições de apoiar o PSDB para presidente".

Considerado um dos possíveis candidatos tucanos a presidente em 2018, Doria disse que vai trabalhar pessoalmente para que a parceria com o DEM se mantenha, destacando que os dois partidos têm essa relação não apenas no processo eleitoral, mas também na gestão. "Em São Paulo, são nossos parceiros no plano municipal e no plano estadual e funcionam magistralmente bem."

Alckmin defende prévias em dezembro e dificulta pretensões de Doria

Thais Bilenky, Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), passou a defender prévias até dezembro, mesmo que ele seja o único a pleitear a candidatura presidencial, em uma jogada que pode constranger as pretensões do prefeito paulistano João Doria (PSDB) de chegar ao Planalto.

Se uma eventual renúncia em abril de 2018, 16 meses após a posse, já seria um "suicídio eleitoral", argumentam aliados de Alckmin, ainda no primeiro ano de mandato praticamente inviabilizaria uma candidatura do prefeito.

Alckmin tem dito que acredita quando Doria diz que não o enfrentará em prévias, em um momento que assessores seus não escondem o incômodo com as indiretas do prefeito sobre a vontade de ocupar o Planalto.

Jungmann prevê reação de ‘guerra’ do crime organizado

Ministro diz que população não pode esperar ‘resultados milagrosos’

Giselle Ouchana, O Globo

O ministro da Defesa, Raul Jungmann, falou ontem sobre o Plano Nacional de Segurança, na sede do Comando Militar do Leste, no Rio, e disse que a população não pode esperar “resultados milagrosos e imediatos” até porque, segundo ele, a reação dos criminosos deverá ser forte, típica de “guerra". Ele fez um pronunciamento depois de participar da primeira reunião do Estado-Maior Conjunto que conduzirá as ações do plano junto às polícias estaduais. O ministro afirmou que o objetivo é dar um golpe no crime organizado.

Dados sobre o efetivo que será empregado, quando a operação vai começar e seus custos continuam cercados por sigilo. Jungmann alega que a medida é essencial para manter o efeito surpresa. Anteriormente, chegou a ser divulgada a informação de que cerca de 40 mil homens das Forças Armadas ficariam de prontidão para serem convocados para ações pontuais de apoio às polícias do estado, o que depois foi negado pelo próprio ministro.

Novo ministro da Cultura quer priorizar reabertura do Canecão

Sá Leitão diz que discutirá hoje com prefeito do Rio planos para a casa de shows

Ricardo Rigel, O Globo

O ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, afirmou ontem que uma das suas principais prioridades para a cidade do Rio é a reabertura da casa de shows Canecão, em Botafogo. Palco de grandes espetáculos por quatro décadas, o lugar está fechado há quase sete anos e, depois de muitas promessas de reformas por parte da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) — que é a responsável pelo empreendimento —, a falta de recursos fez com que o espaço e todo o seu mobiliário fossem abandonados.

— Vou procurar unir todos os esforços para conseguirmos reabrir esse espaço que foi, por anos, uma das casas de shows mais importantes da cidade. Hoje, ela está sob a responsabilidade da UFRJ. Mas, por algum motivo, até o momento, depois de quase sete anos fechada, ainda não foi revitalizada. Sempre passei em frente ao Canecão e me sentia muito triste de ver a degradação desta casa que já abrigou shows de grandes artistas dos cenários nacional e internacional — disse Sá Leitão.

Temer assina decreto da recuperação fiscal

Agora, Rio vai apresentar pedido para aderir ao plano e receber o socorro

Carina Bacelar, Leticia Fernandes e Martha Beck, O Globo

-BRASÍLIA E RIO- Depois de mais de uma semana de impasses, o presidente Michel Temer assinou ontem o decreto que regulamenta a lei de recuperação fiscal dos estados. Sem ele, o governo federal não podia assinar o acordo de ajuda financeira ao Rio. A informação foi antecipada ontem pelo colunista Ancelmo Gois no site do GLOBO. Autoridades do estado receberam na tarde de ontem a informação de que o decreto será publicado hoje.

A demora para a publicação da medida causou tensão no governo do Rio. Há semanas, havia conversas intensas do Ministério da Fazenda com o estado, mas com dificuldade de se chegar a bom termo. O ministério não considerava os números do Rio realistas, o que finalmente evoluiu esta semana. Depois do Rio, o próximo estado a ser beneficiado deve ser o Rio Grande do Sul, que também já está em conversas com a Fazenda.

Lua adversa | Cecília Meireles

Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua…
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.

Fases que vão e que vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.

E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases, como a lua…)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua…
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu…

Marisa Monte e Raphael Rabello - Dança da solidão