sexta-feira, 28 de julho de 2017

Jungmann prevê reação de ‘guerra’ do crime organizado

Ministro diz que população não pode esperar ‘resultados milagrosos’

Giselle Ouchana, O Globo

O ministro da Defesa, Raul Jungmann, falou ontem sobre o Plano Nacional de Segurança, na sede do Comando Militar do Leste, no Rio, e disse que a população não pode esperar “resultados milagrosos e imediatos” até porque, segundo ele, a reação dos criminosos deverá ser forte, típica de “guerra". Ele fez um pronunciamento depois de participar da primeira reunião do Estado-Maior Conjunto que conduzirá as ações do plano junto às polícias estaduais. O ministro afirmou que o objetivo é dar um golpe no crime organizado.

Dados sobre o efetivo que será empregado, quando a operação vai começar e seus custos continuam cercados por sigilo. Jungmann alega que a medida é essencial para manter o efeito surpresa. Anteriormente, chegou a ser divulgada a informação de que cerca de 40 mil homens das Forças Armadas ficariam de prontidão para serem convocados para ações pontuais de apoio às polícias do estado, o que depois foi negado pelo próprio ministro.

— Para nós é fundamental o elemento surpresa. É isso que inibe de dar os dados que são tão importantes e que fazem parte do esquema mental de operações anteriores, como quantos são, por quanto tempo e quanto vai custar, que é básico para o jornalista. Isso será divulgado quando do início da operação — afirmou Jungmann.

O Plano Nacional de Segurança, que deverá vigorar até 2018, não seguirá o modelo clássico de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), com patrulhamento ostensivo ou ocupações em favelas pelos militares. O foco, disse Jungmann, é a inteligência.

— Não se trata apenas de inibir o crime com a presença física das Forças Armadas nas ruas. Se trata de golpear o tráfico. Temos que chegar ao arsenal, ao comando e atuar integradamente com as polícias Militar e Civil e com Exército, Marinha e Aeronáutica. Ficar nas ruas dá um sentimento de conforto, mas não é assim que se atinge a capacidade operacional do tráfico — ressaltou, pedindo paciência à população. — Tempos difíceis e extraordinários exigem decisões difíceis e extraordinárias. Eu prometo aqui um trabalho muito duro, mas não esperem resultados milagrosos e imediatos.

PROBLEMA DURA DÉCADAS, DIZ MINISTRO
Segundo o ministro, o agravamento da violência no estado aconteceu ao longo de décadas, e o problema não será resolvido “de uma hora para outra”. Jungmann admitiu que espera uma reação forte do crime organizado:

— Atacar o comando do crime terá resposta do crime organizado. Se você não quer ser apenas ostensivo, se quer retirar, reduzir a capacidade operacional do crime organizado ao ponto que ele chegou, vamos ser claros, nós vamos estar diante de uma espécie de guerra — disse Jungmann, lembrando episódios em que traficantes queimaram ônibus na cidade.

O ministro também disse que não quer que se repita a situação da época em que o Complexo da Maré foi ocupado por tropas federais por um ano e meio, a um custo de R$ 400 milhões. Ele observou que, com a saída dos militares, os bandidos retomaram a comunidade.
— O que nos fizemos lá, a um preço altíssimo, teve um retrocesso.

Jungmann se encontrará hoje com o arcebispo do Rio, cardeal Dom Orani Tempesta. Depois, acompanhado do ministro da Justiça, Jardim Torquato, vai à sede da Firjan, à Procuradoria-Geral do Estado e ao Tribunal de Justiça.

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