DEU EM O GLOBO
As duas eleições, a brasileira — com a renovação da Câmara e de 2/3 do Senado e também para a Presidência da República — e a americana — para parte do Senado e a totalidade da Câmara — reafirmaram a tese que ficou famosa a partir da eleição de Bill Clinton: “É a economia, estúpido”, avisava o marqueteiro James Carville.
Pois foi a economia que ditou o resultado nos dois países, que passam por momentos bastante distintos.
Dilma Rousseff foi eleita alavancada pela popularidade de Lula, mas, sobretudo, pela sensação de bem-estar trazida pelo crescimento econômico, que também é o grande responsável pela própria popularidade do presidencial.
A base aliada do governo dominou as duas Casas do Congresso com uma maioria de cerca de 70% que, embora seja apenas teórica, mostra sua força eleitoral.
Nos Estados Unidos, o presidente Barack Obama vive momento oposto.
Sua popularidade desceu a níveis mais baixos desde que foi eleito em 2008, e a economia americana só fez desabar desde então, fazendo com que o índice de desemprego chegasse aos maiores números da História recente.
Ao contrário, no Brasil, a taxa de desemprego é das menores já registradas.
Este ano materializou-se de forma mais clara o desafio enorme que os EUA enfrentam como consequência de opções feitas ao longo desses anos de pós-guerra, com uma sociedade movida a alto consumo interno.
O candidato Obama, que parecia ter a solução para todos os problemas que a crise econômica que eclodiu no final de 2008 trouxe à tona, transformou-se no presidente que, diferentemente de Lula, teve muito azar e virou o para-raios da frustração dessa mesma sociedade que não está acostumada a ter que poupar e conter seus gastos.
O que ocorre é uma espécie de catarse coletiva, com o Partido Republicano tornando-se o desaguadouro de todas as reclamações da sociedade americana, que não sente efeitos positivos nas medidas econômicas adotadas pelo governo Obama.
A mesma catarse que transformou Barack Obama na solução mágica contra a era Bush, com guerras contra o terror que levavam inquietação ao país, e a crise econômica que vinha se aprofundando.
Provavelmente por inexperiência, Obama estabeleceu prioridades equivocadas e falhou na execução — do começo ao fim, na opinião generalizada dos analistas.
O governo gastou muita energia na aprovação da reforma da Saúde, que era uma das prioridades da campanha, mas que deveria ter sido postergada diante do agravamento da crise econômica, que se mostrou muito mais severa do que se imaginava no início do governo.
Há uma percepção negativa exagerada de Obama, provavelmente fabricada pelos investidores de Wall Street, caracterizando-o como “anti-business”.
O Partido Republicano recusou desde o primeiro momento a proposta de Obama de fazer um governo bipartidário para enfrentar a crise, e atacou sem piedade as medidas do governo, ressaltando o alto custo da reforma da saúde, por exemplo.
Essa postura radicalizada da oposição nos Estados Unidos também pode ser comparada com a oposição brasileira durante os últimos oitos anos, que se deixou intimidar pela popularidade do presidente Lula e, depois do episódio do mensalão, foi neutralizada pela ação política agressiva do próprio presidente.
Ao mesmo tempo, os radicais do Tea Party ressaltam o que consideram ser indícios de um “socialismo” de Obama.
É difícil afirmar que a carreira política de Obama esteja encerrada com esta derrota espetacular que sofreu ontem, mas que ele corre o risco de se tornar um Jimmy Carter, isso corre.
O semblante do presidente Barack Obama durante a entrevista coletiva em que admitiu que o recado de descontentamento das urnas era muito claro mostra como ele se abalou com o tamanho da surra que o Partido Democrata levou nas eleições.
Sua primeira reação foi jogar para os Republicanos a responsabilidade agora de apresentar propostas que devolvamos empregos aos americanos.
Talvez Obama seja até beneficiado pelo crescimento do Partido Republicano no Congresso.
Por um lado poderá compartilhar responsabilidades e culpas.
Por outro, terá uma chance de mostrar que aprendeu a lição e também suas habilidades de líder e negociador.
Há quem veja na substituição de Nancy Pelosi no comando da Câmara uma ajuda ao governo democrata, já que a deputada é considerada uma péssima negociadora.
Há analistas que consideram que o Tea Party, o grupo mais radical do Partido Republicano, seja um problema tão grande ou maior para os republicanos do que para o próprio Obama.
O paralelo mais comentado depois da derrota foi o que aconteceu com Bill Clinton, quando também o Partido Democrata sofreu uma derrota acachapante nas eleições de meio de mandato e depois se recuperou.
Em 1994, porém, a economia dos Estados Unidos estava em recuperação, o que não acontece hoje e provavelmente não acontecer á nos próximos dois anos.
Ao contrário, a crise está levando as empresas a cortarem suas gorduras, e o aumento da produtividade no país pode segurar o desemprego em taxas altas pelos próximos dois anos.
As duas eleições, a brasileira — com a renovação da Câmara e de 2/3 do Senado e também para a Presidência da República — e a americana — para parte do Senado e a totalidade da Câmara — reafirmaram a tese que ficou famosa a partir da eleição de Bill Clinton: “É a economia, estúpido”, avisava o marqueteiro James Carville.
Pois foi a economia que ditou o resultado nos dois países, que passam por momentos bastante distintos.
Dilma Rousseff foi eleita alavancada pela popularidade de Lula, mas, sobretudo, pela sensação de bem-estar trazida pelo crescimento econômico, que também é o grande responsável pela própria popularidade do presidencial.
A base aliada do governo dominou as duas Casas do Congresso com uma maioria de cerca de 70% que, embora seja apenas teórica, mostra sua força eleitoral.
Nos Estados Unidos, o presidente Barack Obama vive momento oposto.
Sua popularidade desceu a níveis mais baixos desde que foi eleito em 2008, e a economia americana só fez desabar desde então, fazendo com que o índice de desemprego chegasse aos maiores números da História recente.
Ao contrário, no Brasil, a taxa de desemprego é das menores já registradas.
Este ano materializou-se de forma mais clara o desafio enorme que os EUA enfrentam como consequência de opções feitas ao longo desses anos de pós-guerra, com uma sociedade movida a alto consumo interno.
O candidato Obama, que parecia ter a solução para todos os problemas que a crise econômica que eclodiu no final de 2008 trouxe à tona, transformou-se no presidente que, diferentemente de Lula, teve muito azar e virou o para-raios da frustração dessa mesma sociedade que não está acostumada a ter que poupar e conter seus gastos.
O que ocorre é uma espécie de catarse coletiva, com o Partido Republicano tornando-se o desaguadouro de todas as reclamações da sociedade americana, que não sente efeitos positivos nas medidas econômicas adotadas pelo governo Obama.
A mesma catarse que transformou Barack Obama na solução mágica contra a era Bush, com guerras contra o terror que levavam inquietação ao país, e a crise econômica que vinha se aprofundando.
Provavelmente por inexperiência, Obama estabeleceu prioridades equivocadas e falhou na execução — do começo ao fim, na opinião generalizada dos analistas.
O governo gastou muita energia na aprovação da reforma da Saúde, que era uma das prioridades da campanha, mas que deveria ter sido postergada diante do agravamento da crise econômica, que se mostrou muito mais severa do que se imaginava no início do governo.
Há uma percepção negativa exagerada de Obama, provavelmente fabricada pelos investidores de Wall Street, caracterizando-o como “anti-business”.
O Partido Republicano recusou desde o primeiro momento a proposta de Obama de fazer um governo bipartidário para enfrentar a crise, e atacou sem piedade as medidas do governo, ressaltando o alto custo da reforma da saúde, por exemplo.
Essa postura radicalizada da oposição nos Estados Unidos também pode ser comparada com a oposição brasileira durante os últimos oitos anos, que se deixou intimidar pela popularidade do presidente Lula e, depois do episódio do mensalão, foi neutralizada pela ação política agressiva do próprio presidente.
Ao mesmo tempo, os radicais do Tea Party ressaltam o que consideram ser indícios de um “socialismo” de Obama.
É difícil afirmar que a carreira política de Obama esteja encerrada com esta derrota espetacular que sofreu ontem, mas que ele corre o risco de se tornar um Jimmy Carter, isso corre.
O semblante do presidente Barack Obama durante a entrevista coletiva em que admitiu que o recado de descontentamento das urnas era muito claro mostra como ele se abalou com o tamanho da surra que o Partido Democrata levou nas eleições.
Sua primeira reação foi jogar para os Republicanos a responsabilidade agora de apresentar propostas que devolvamos empregos aos americanos.
Talvez Obama seja até beneficiado pelo crescimento do Partido Republicano no Congresso.
Por um lado poderá compartilhar responsabilidades e culpas.
Por outro, terá uma chance de mostrar que aprendeu a lição e também suas habilidades de líder e negociador.
Há quem veja na substituição de Nancy Pelosi no comando da Câmara uma ajuda ao governo democrata, já que a deputada é considerada uma péssima negociadora.
Há analistas que consideram que o Tea Party, o grupo mais radical do Partido Republicano, seja um problema tão grande ou maior para os republicanos do que para o próprio Obama.
O paralelo mais comentado depois da derrota foi o que aconteceu com Bill Clinton, quando também o Partido Democrata sofreu uma derrota acachapante nas eleições de meio de mandato e depois se recuperou.
Em 1994, porém, a economia dos Estados Unidos estava em recuperação, o que não acontece hoje e provavelmente não acontecer á nos próximos dois anos.
Ao contrário, a crise está levando as empresas a cortarem suas gorduras, e o aumento da produtividade no país pode segurar o desemprego em taxas altas pelos próximos dois anos.
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