Há um tremendo clima de conformismo nos corredores do Riocentro em relação ao teor do documento final da Rio+20. Nunca esperou-se muita coisa. A profecia se autocumpriu.
O texto saiu fraco. Comedido. Passará a partir de hoje pelo crivo de chefes de Estado e de governo presentes à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável.
Os diplomatas brasileiros no comando do processo de redação ficaram aliviados só pelo fato de conseguirem concluir o documento. Comemoraram. Até ontem de manhã, havia risco de nem haver uma declaração final.
Um exemplo de como a declaração da Rio+20 foi desidratada ao osso: ficou para 2014 a definição das fontes de financiamento de programas e políticas de desenvolvimento sustentável da chamada economia verde -para usar o jargão do evento.
Decidiu-se também pela criação de um comitê cuja missão será encontrar soluções e dinheiro. É a velha fórmula de empreendimentos mal gerenciados. Quando não se sabe nem se quer resolver um problema, monta-se um grupo de trabalho.
Entre outras explicações na apresentação do documento final, diplomatas brasileiros disseram que o texto é "rico em potencialidades". O ministro Gilberto Carvalho, que tem sala dentro do Palácio do Planalto, completou: "Não era a intenção do Brasil assumir um papel de vanguarda isolada".
Com essas potencialidades e a abdicação de liderar um processo de maneira mais arrojada, o Brasil volta à sua vocação histórica há vários séculos. Somos novamente o país do futuro. O título do documento ajuda. É "O futuro que queremos". Poderia ser, como na anedota ouvida no Riocentro, "O passado que sempre tivemos".
É uma pena. Mas em meio à atual crise econômica mundial, o resultado da Rio+20 deve ser matizado. Afinal, poderia ser pior.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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