Sentença não afeta anulação da primária do Recife pela Executiva Nacional. Raul Henry já admite reavaliar candidatura.
PT: juiz valida lista da prévia
PT x PT - João da Costa comemora decisão apontando que não houve fraude na prévia na qual derrotou Rands. Mas PT mantém Humberto
Bruna Serra
Faltando menos de uma semana para o julgamento do recurso que o prefeito João da Costa impetrou junto ao Diretório Nacional do PT, na tentativa de reverter a pré-candidatura do senador Humberto Costa a prefeito do Recife, uma decisão interlocutória, concedida ontem pelo juiz da 3ª Vara Cível da Capital, Francisco Julião, veio para prolongar o pitoresco enredo vermelho.
No início da noite de ontem, o magistrado decidiu manter a decisão liminar concedida há exatamente um mês pelo colega Nilson Nery, considerando que a lista de 33 mil filiados aptos a votar, apresentada pela Executiva municipal para a prévia petista, estava correta.
Na prática, a decisão judicial não tem, necessariamente, influência política e o senador permanece como o pré-candidato do partido nas eleições de outubro. “O juiz não validou a prévia e nem muito menos essa decisão interfere nas instâncias partidárias. Nada mudou”, assegurou o advogado do senador, Eduardo Coelho.
O processo movido na véspera da prévia, que aconteceu no dia 20 de maio e na qual João da Costa derrotou o deputado Maurício Rands, voltou à tona porque o ex-presidente do PT Dilson Peixoto entrou nos autos como terceira parte interessada, pedindo a anulação do processo, sob o argumento de que a prévia já havia sido anulada pelo partido. O pedido, no entanto, também foi negado e a ação movida pelos oito presidentes de zonais ainda terá o seu mérito julgado. Dilson também pode recorrer da decisão num prazo de 10 dias.
O acontecimento, porém, constrange o Diretório nacional do PT, que após dois dias de auditoria apontou falhas na condução da prévia e barrou a candidatura de João da Costa. Também se coloca como mais um empecilho para a malfadada unidade partidária, já que Rands, o ex-deputado João Paulo e o próprio Humberto afirmaram que a vitória por 533 votos de João da Costa havia sido fruto de “fraude”. “Fico feliz que tenha ficado claro que não houve nenhuma fraude. Vamos agora aguardar o julgamento do recurso (ao Diretório). Mas ficou provado o que eu sempre disse, que ganhei nas urnas, pela vontade dos filiados”, comemorou o prefeito.
O Diretório nacional, contudo, não costuma ver com bons olhos filiados que buscam soluções para imbróglios partidários na justiça. Ontem, Francisco Rocha, Rochinha, dirigente histórico do partido, condenou o posicionamento do prefeito. “Se fosse ele também não aceitaria a situação política colocada e iria recorrer. Mas nas instâncias partidárias, nunca no Judiciário”, ponderou. A expectativa do dirigente é que 90% dos 84 membros do Diretório compareçam ao julgamento do recurso do prefeito.
FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)
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