“Digam com sinceridade o senhor e a senhora se, na essência, há diferença entre a pose de Lula ao lado de Maluf e Haddad agora e dos atos de defesa que, como presidente, assumiu em prol de protagonistas de escândalos?
Não estamos diante de nenhuma novidade. O que vemos é resultado do acúmulo de abusos cometidos nas barbas de uma sociedade que aceita tudo e ainda bate palmas.
Não reage nas urnas aos exotismos cada vez mais exóticos dos partidos que não se distinguem mais no mérito de suas propostas nem fazem questão de disfarçar a sanha em que se lançam a um vale tudo desmoralizante por um minuto a mais na televisão.
Pior que isso só a falsidade dos indignados de ocasião. Onde estavam nos últimos anos enquanto um presidente da República usava repetidas vezes do argumento do "todo mundo faz" para amenizar efeitos de denúncias que envolvessem qualquer um que pudesse lhe propiciar ganhos políticos?
Onde estavam quando esse mesmo presidente zombava da Justiça, menosprezava as instituições, desqualificava o Congresso com uma ofensiva de cooptação explícita como nunca se viu?
Alguns quietos, outros na linha de frente da defesa da política das "mãos sujas". Ora, uma aliança do PT com Maluf em São Paulo é mais um entre tantos outros atos de pragmatismo exacerbado e mistificação de resultados que fazem as normas da casa.
Está demais? Sem dúvida, mas já faz muito tempo que se passou da conta.”
Dora Kramer, jornalista. ‘Quanto vale o show’. O Estado de S. Paulo, 19/6/2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário