Picciani vê seu poder de fogo reduzido com derrotas para candidatos de
Cabral
Juliana Castro, Marcelo Remígio
Por trás da hegemonia mantida com a conquista de 22 prefeituras no Estado do
Rio, incluindo a capital, o PMDB enfrenta disputas internas que envolvem os
principais nomes do partido. O presidente estadual da legenda, Jorge Picciani,
viu seu poder de fogo e sua influência serem atingidos por adversários
internos, após derrotas de seus candidatos nas eleições municipais. Parte deles
perdeu nas urnas para nomes escolhidos pelo próprio PMDB, mas sem a bênção de
Picciani e com o apoio do grupo do governador Sérgio Cabral. As derrotas
fortaleceram correntes que divergem da mão de ferro do presidente.
Entre as cidades em que Picciani viu suas apostas naufragarem está Niterói,
onde ele fez campanha para o candidato do PSD, Sérgio Zveiter, mas o PMDB
apoiou o petista Rodrigo Neves - ex-secretário de Assistência Social do governo
Cabral -, que está no segundo turno. Em São João de Meriti, na Baixada
Fluminense, existia um pré-acordo para o apoio do PMDB à reeleição de Sandro
Matos (PDT), mas Picciani bancou a candidatura de Doca Brazão. Matos venceu no
primeiro turno. Em São Gonçalo, onde o partido estava unido, Picciani viu sua
candidata, a deputada Graça Matos, ficar fora do segundo turno.
- De fato, há um mal-estar e um descontentamento porque se achava, dentro do
partido, que seria mais fácil a briga em algumas cidades, como São Gonçalo e
Duque de Caxias. Nesta, esperávamos a vitória do Washington Reis até no
primeiro turno. Tivemos também uma derrota em Angra, onde venceu o PT - diz um
deputado peemedebista, sem debitar os resultados ruins a Picciani.
As disputas internas se acirram com a antecipação das escolhas dos
candidatos do PMDB ao governo do estado, em 2014, e para sucessão do prefeito
reeleito Eduardo Paes, em 2016. Embora o vice-governador Luiz Fernando Pezão
seja o mais cotado para brigar pelo Palácio Guanabara, o presidente regional do
PMDB ainda se mostra reticente à escolha. Isso porque Pezão não teria se
dedicado o suficiente à campanha de Picciani ao Senado, em 2010, quando foi
derrotado pelos senadores Lindbergh Farias (PT) e Marcelo Crivella (PRB). O
ex-presidente da Assembleia Legislativa (Alerj) também estaria descontente com
a indicação do secretário municipal da Casa Civil, Pedro Paulo Carvalho, como
substituto natural de Paes. O homem de confiança de Paes é um dos nomes que
mais têm crescido no partido. No entanto, não faz parte do grupo de Picciani.
Em meio às disputas, Picciani limita-se a dizer que "o PMDB foi
amplamente vitorioso" e que "o resto é detalhe":
- Imaginar qualquer dissidência entre mim e o governador é uma tolice.
Interlocutores de Picciani afirmam que o presidente do PMDB tem afirmado que
ainda está forte no interior e em parte da Baixada, já que, mesmo não atingido
à meta de eleger 36 prefeitos, conforme sua previsão baseada em pesquisas,
fortaleceu-se ao fazer bancadas numerosas de vereadores.
Fonte: O Globo
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