Dez dias antes de completar 85
anos, morreu nesta sexta-feira (12), pela manhã, na cidade do Rio de Janeiro,
em decorrência de um infarto, o jornalista e tradutor Luiz Mário Gazzaneo. Ele
estava internado desde a madrugada de domingo (7) para a segunda-feira (8) no
Instituto Nacional de Cardiologia, em Laranjeiras, Zona Sul do Rio. O funeral
acontecerá no cemitério do Caju, provavelmente neste sábado. Data e horário
ainda estão sendo definidos pela família.
Intelectual interessado por jornalismo e cinema e identificado com o seu tempo,
aproximou-se do Partido Comunista, aos 17 anos de idade, integrando-se ao
movimento anti-fascista, que, em 1945, forçou o ditador Getúlio Vargas a romper
as relações diplomáticas do Brasil com a Alemanha e a declarar guerra ao Eixo.
Nascido em Maceió/AL, de pais descendentes de italianos, radicados em São
Paulo, ele era uma das principais lideranças jovens da capital paulista e,
nessa condição, muito colaborou na organização do histórico Comício do
Pacaembu, quando o maior líder comunista brasileiro Luiz Carlos Prestes, ao
lado do escritor Jorge Amado e do poeta chileno Pablo Neruda, foi apresentado
aos paulistas, após nove anos de cárcere.
No decorrer da década de 50, Gazzaneo fixou residência no Rio de Janeiro, então
capital da República, e passou a trabalhar no semanário Novos Rumos, mantido
pelo PCB, e fechado pelos golpistas, em 1964. A partir de abril daquele ano,
passou a sofrer perseguições, mas mesmo assim, colaborava, na mais absoluta
clandestinidade, no mensário Voz Operária, porta-voz do Comitê Central do PCB.
Tratava-se de uma das atividades mais arriscadas sob a ditadura, conforme seria
comprovado com a repressão que atingiria o jornal em meados dos anos 70.
Paralelamente, trabalhava em importantes jornais de expressão nacional como O
Globo e Jornal do Brasil, ora como chefe de redação ora como editorialista. Com
a derrocada da ditadura, em 1985, pôde finalmente trabalhar com liberdade e, no
final da década de 90, assumiu a função de assessor de imprensa do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística, desde a gestão de Sérgio Besserman
Vianna, sendo ali sua última atividade profissional.
Extremamente vinculado à cultura italiana, Luiz Mario Gazzaneo traduziu para o
português obras clássicas do pensamento social, de que são exemplo Maquiavel, a
política e o Estado moderno, de Antonio Gramsci, e Breve história das
religiões, de Ambrogio Donini, sendo de destacar que sempre se identificava com
as ideias do PC Italiano, sobretudo de seus líderes históricos Gramsci,
Togliatti e Berlinguer. Militante e dirigente nacional dedicado, tanto do PCB
quanto do PPS, que o sucedeu, em 1992, era considerado um dos expoentes da
visão humanista e democrática do socialismo.
O Diretório Nacional do PPS, do qual Luiz Mário Gazzaneo foi um dos seus
membros destacados, transmite aos seus familiares – viúva, filhos e netos – os
seus mais fraternos e sentidos votos de pesar por essa difícil perda e lhes
deseja muita paz de espírito, para suportar tão amplo e profundo vácuo.
Brasília, 12 de outubro de 2012
Deputado Roberto Freire
Presidente nacional do PPS
Fonte: Portal do PPS
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