Quatro debates eleitorais em apenas duas semanas está de bom tamanho. Só que
Fernando Haddad (PT) e José Serra (PSDB) terão esses quatro encontros num
ambiente desprovido de contraditório.
Até onde foi possível entender do pouco divulgado pelas campanhas do petista
e do tucano, jornalistas ou pessoas do público não terão direito a réplica se
não ficarem satisfeitos com as respostas recebidas. Essa é uma exigência dos
candidatos. É uma imposição às TVs.
Bandeirantes, Globo, Record e SBT ficam numa sinuca de bico.
Se não aceitam a criação dessa zona de conforto para os políticos, perdem a
chance de fazer o debate e ganhar prestígio exibindo o "show" para
sua audiência na disputa pela Prefeitura de São Paulo -o maior mercado
consumidor do país.
É uma pena que tal regra de debates eleitorais engessados sobreviva durante
tantos anos. Não há perspectiva de mudança à vista. Os tempos cronometrados
infantilizam a conversa. "O sr. tem um minuto para sua resposta" e
"candidato, o seu tempo está esgotado" são as duas frases mais
ouvidas.
Se não querem ser admoestados com perguntas e réplicas acerbas, os
candidatos poderiam ao menos se submeter a um modelo mais maduro: conversar
como adultos, um replicando ao outro quantas vezes fosse necessário até
esgotarem um assunto.
Mas PT e PSDB não se interessaram nem por esse sistema. Não querem
conversar. O nome dessa atitude é um só: covardia. Ninguém aceita correr
riscos. É tudo "realpolitk". O objetivo de Haddad e de Serra é fazer
um jogo de cena. Fingir que há confronto, em prejuízo dos eleitores.
Petistas e tucanos vivem exaltando as diferenças que têm entre si. Tudo muda
quando se trata de debater para valer durante uma campanha eleitoral. Os dois
partidos não poderiam se parecer mais um com o outro.
Fonte: Folha de S. Paulo
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