Em clima de campanha, presidente prega, porém, cautela no mandato; Aécio admite disputar o Planalto
Em viagem à Paraíba, a presidente Dilma Rousseff afirmou ontem que na hora da eleição se pode "fazer o diabo", mas, como presidente, é preciso ter cautela. Nas oito horas em que passou no Estado, ela afagou parceiros, garantiu recursos e prometeu investimentos. Também afirmou que a economia brasileira está mais sólida e não sofre tanta influência da crise econômica mundial. "Nós podemos brigar na eleição, nós podemos fazer o diabo quando é hora da eleição. Agora, quando a gente está no exercício do mandato, temos de respeitar o povo", disse a presidente. O discurso foi feito no mesmo dia em que Aécio Neves admitiu, em Goiânia, sua candidatura ao Planalto e disse estar "pronto para o confronto" com o PT. "Um governo que acha que a pobreza acaba com um decreto merece ser enfrentado e combatido", afirmou. "Ela (a presidente Dilma) não está de olho em 2013, no governo, mas na reeleição em 2014."
Petista prega cautela no mandato e diz que só na eleição "se faz o diabo"
Mana Rizzo
ITATUBA(PB) - Rodeada por ministros, prefeitos, parlamentares e aos gritos de "poderosa" vindos de uma plateia formada por movimentos sociais, a presidente Dilma Rousseff desembarcou ontem na Paraíba, Estado comandado pelo PSB. Ela disse que na hora da eleição se pode "fazer o diabo", mas, como presidente, é preciso ter cautela. Nas oito horas em que passou em solo paraibano, Dilma afagou parceiros, garantiu recursos, prometeu investimentos e colocou à disposição de aliados o cofre do governo federal.
"Nós podemos disputar eleição. Nós podemos brigar na eleição, nós podemos fazer o diabo quando é hora da eleição. Agora, quando a gente está no exercício do mandato, nós temos que respeitar o povo", disse a presidente.
A visita desmarcada outras vezes ocorreu em meio a disputa envolvendo o Planalto e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), potencial candidato a presidente em 2014.
Dilma tenta acalmar os ânimos do PSB ao mesmo tempo que manda recados de que não abre mão do eleitorado do Nordeste, conquistado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Com afagos ao governador Ricardo Coutinho (PSB) e com o peso da caneta federal, tenta manter o paraibano na órbita do Planalto.
Usando uma das vitrines de seu governo, o Minha Casa Minha Vida, a presidente disse que não vai aceitar o uso político do programa. "Essas casas foram feitas com o dinheiro de vocês. Eu represento vocês aqui quando entrego a casa. Eles, os que recebem a casa, não devem nada a ninguém", disse Dilma, ao entregar chaves das unidades para famílias de baixa renda.
"Meu governador". Nos dois discursos que fez, a presidente elogiou diversas vezes o "meu governador Ricardo Coutinho" e prometeu repasse de verbas e novas parcerias. Coutinho apresentou uma série de reivindicações, que chamou de desejos, e Dilma prometeu atendê-los.
Os dois passaram o tempo todo juntos, causando desconforto no prefeito de João Pessoa, o petista Luciano Cartaxo, adversário político de Coutinho.
Da capital, a presidente seguiu para um almoço na casa da família do ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro (PP), em Campina Grande. Em seguida, voou até a barragem de Acauã.
"Essa obra é um símbolo do apreço e da prioridade que esse governo tem com a questão da água", disse Dilma; ao assinar a ordem de serviço na barragem Acauã-Araçagi.
Seca. O discurso foi também uma resposta às criticas de que o governo federal tem feito pouco pela seca que atinge a região há meses. Segundo Dilma, o governo faz obras emergenciais e também estruturantes porque não quer que o nordestino viva de carros-pipa.
"Muitas". A obra de quase R$ 1 bilhão só deve ficar pronta em 2015. Após Coutinho afirmar que espera a presidente para anunciar a conclusão das obras, Dilma disse que voltará ao Estado. "Essa foi a primeira visita de muitas", repetiu durante o dia.
Além de João Pessoa e Campina Grande, cidade governada pelo PSDB, Dilma foi a Itatuba, onde inaugurou um canal de interligação as obras da transposição do São Francisco.
Dilma elogiou os paraibanos, a história de resistência do Estado e as "mulheres-machos".
Fonte: O Estado de S. Paulo
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