Para senador, governo esquece desafios de 2013 e lógica da eleição move país
Isonilda Souza, Maria Lima
Festa tucana. Em Goiânia, Perillo, com Guerra e Aécio; para senador mineiro, Dilma iniciou campanha
GOIÂNIA E BRASíLIA - O senador Aécio Neves (MG) deu mais um passo ontem para consolidar sua pré-candidatura a presidente da República durante Fórum Estadual do PSDB, em Goiânia. Com discurso forte de contraponto à reeleição da presidente Dilma Rousseff, ele teve o nome lançado à Presidência da República pelo governador de Goiás, Marconi Perillo. Embora ainda cauteloso e negando candidatura, falou em disposição "para enfrentar" o governo petista.
Antes do discurso que fez no Senado mês passado para marcar sua entrada informal na disputa eleitoral, Aécio passou uma semana em São Paulo aparando arestas com o grupo serrista. A informação do seu grupo é que está quase tudo acertado, tanto que o governador Geraldo Alckmin já anunciou que disputará a reeleição, e José Serra manteve-se na sombra. Por isso, o mineiro estava mais à vontade ontem.
- Vá à luta, a vez é sua - bradou Perillo no discurso, dirigindo-se a Aécio, ovacionado de pé pelos tucanos.
Na sua vez de discursar, Aécio afirmou que está pronto para o enfrentamento com o governo "seja em que canto for" e criticou a presidente Dilma:
- Na hora certa, o PSDB se apresentará com uma proposta antagônica a tudo que está aí. Algo inédito na História do Brasil, e talvez das democracias mais evoluídas, é o governo antecipar uma campanha e agir muito mais com foco em 2014 do que nos desafios de 2013. O governo, infelizmente, tira os olhos de 2013, foca em 2014, e isso me preocupa muito, não apenas do ponto de vista da economia.
Em entrevista, Aécio reagiu ao discurso de Dilma, que, sábado, na convenção do PMDB, acusou o PSDB de antecipar o debate eleitoral:
- Isso é uma piada! A presidente Dilma fez algo inédito. Eu nunca tinha visto um governo antecipar tão precocemente o debate. Ela startou a reeleição, e hoje o que move o Brasil é a lógica da reeleição.
Interlocutores de Aécio admitem que ele preferia não vestir ainda o figurino de pré-candidato, mas não está conseguindo segurar a pressão dos aliados. E, por isso, busca o entendimento com o grupo paulista do PSDB.
- São Paulo tem uma posição de destaque e é natural que tenha uma posição estratégica no comando do partido, mas o PSDB precisa rapidamente esgotar essa agenda interna. Do contrário, não cria o ambiente para dar os próximos passos, que é sair dessa fronteira interna, buscar os aliados externos e ganhar a sociedade - afirmou o presidente do PSDB mineiro, deputado Marcus Pestana.
Presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra (PE) negou que haja disposição de Serra, e seus aliados, de continuar brigando para ser candidato:
- José Serra nunca falou comigo sobre isso. É uma escolha do partido. Não tenho dúvidas de que Aécio será o candidato tucano.
Depois da estreia em Goiânia, Aécio vai participar de um seminário sobre o patrimônio da Petrobras, dia 12, na Câmara dos Deputados, e de outro seminário, em São Paulo, antes do fim de março. O mineiro vai endurecer as críticas à má gestão da Petrobras, como já fez ontem:
- (Petrobras) É uma demonstração clara do desgoverno do PT e das suas perversas consequências nas empresas públicas.
Fonte: Globo
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