A combinação de aumento do desemprego e inflação mais elevada tende a prejudicar o governo. Mas, por enquanto, isso não passa de possibilidade
Érica Fraga
SÃO PAULO - A recente troca de farpas entre Marina Silva e a presidente Dilma Rousseff indica que a economia terá papel central no debate eleitoral recém inaugurado.
Segunda colocada nas pesquisas de intenção de voto para a Presidência, Marina tem afirmado que a gestão atual abandonou as regras que trouxeram estabilidade econômica ao país.
Esse discurso ecoa críticas feitas por economistas chamados ortodoxos à forma como o governo administra políticas adotadas oficialmente há mais de uma década.
Os exemplos mais citados são o sistema de metas de inflação, o compromisso com o superavit primário (que exclui o pagamento de juros da dívida pública) e o regime de câmbio flutuante. Os três foram batizados de o tripé da política macroeconômica.
O sistema de metas de inflação estabelece um alvo a ser perseguido (4,5%) e uma margem de variação aceitável (dois pontos percentuais para mais ou menos).
O governo é criticado porque a inflação tem ficado repetidamente próxima ao teto da meta, e por decisões como o adiamento do reajuste de tarifas públicas para reduzir a pressão sobre os preços. Dilma se defendeu ontem, afirmando que a inflação tem ficado sempre dentro (da margem de variação) da meta.
Na área fiscal, o governo tem sido acusado de usar truques contábeis para atingir os objetivos assumidos. A presidente rebateu ontem citando indicadores que apontam que as contas públicas estão sob controle.
A economia é uma área que dá margem, de fato, a discussões sem fim. Não por acaso é considerada uma ciência humana. Pré-candidatos e seus assessores têm amplo espaço, portanto, para elaborar argumentos econômicos que apoiem suas teses, propostas, alfinetadas.
Valerá o argumento que convencer o eleitor que, em sua maioria, desconhece termos técnicos como tripé macroeconômico e superavit fiscal, mas sabe quando o calo está apertando.
A combinação de aumento do desemprego e inflação ainda mais elevada é o cenário que mais tende a prejudicar o governo. Mas, por enquanto, isso não passa de uma possibilidade.
A reação de Dilma às críticas de Marina indica, no entanto, que o governo sabe que a economia se tornou um telhado de vidro em consequência dos fracos resultados dos três últimos anos.
Fonte: Folha de S. Paulo
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