- Folha de S. Paulo
Cruzar os braços, debruçar na janela e ficar observando a inflação desfilar na avenida, numa evolução ainda de alta, ou colocar seu carro na pista e tentar segurar o dragão com as armas que dispõe.
Este é o dilema do Banco Central, que nesta semana decide se volta a subir a taxa de juros para conter uma inflação que teima em subir, mesmo com forte desaceleração da economia e desemprego crescente.
Há quem defenda, inclusive gente que pensa como o BC, que ele vire observador da cena inflacionária, contando que as crises chinesa e do petróleo segurem a inflação.
Economistas ortodoxos alegram os heterodoxos petistas ao defender que não há mais o que o BC possa fazer. Sua política monetária teria perdido a eficácia num cenário de desalento na economia.
Não é um pensamento majoritário no mercado, porém, que segue fiel à cartilha de que o BC não pode ficar de braços cruzados. Afinal, hoje, ele estaria praticamente sozinho nesta batalha -ainda não dá para contar com a ajuda do ajuste fiscal contra a evolução do dragão da inflação na avenida Brasil.
Motivos para agir o BC tem de sobra. O IPCA de janeiro deve superar 1%, bem acima das previsões que apontavam que ele ficaria em 0,86%. Ou seja, os preços seguem em alta, e não em baixa, no país.
Como sua missão principal é segurar a onda inflacionária, deixar de agir seria jogar a toalha. O detalhe, de fato infernal, é que o BC pode voltar a subir os juros num cenário que dá vontade de chorar.
Desemprego indo para dois dígitos, economia retraída, reequilíbrio das contas públicas incerto e um governo sem arsenal para reagir à pasmaceira da economia real.
Sempre há a alternativa de buscar o caminho do meio e dosar o ajuste. Ou ficar no campo das ameaças. Enfim, seja qual for a decisão, a equipe de Alexandre Tombini será acusada de errar na mão ou de enfiá-las no bolso.
A conferir.
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