terça-feira, 1 de novembro de 2016

Aécio diz que eleição de 2016 não afeta escolha de candidato presidencial

Por Vandson Lima e Fabio Murakawa – Valor Econômico

Brasília - Um dos postulantes à vaga de candidato do PSDB à Presidência da República em 2018, o senador Aécio Neves (MG) evitou a avaliação de que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, tenha tomado a dianteira na disputa interna por conta do desempenho vitorioso dos candidatos que patrocinou nestas eleições municipais.

O PSDB saiu das eleições de domingo como a maior força política nos municípios brasileiros. O partido governará 806 cidades, sendo sete capitais, com 34,6 milhões de eleitores. Na capital paulista, João Doria foi eleito em primeiro turno, com forte apoio de Alckmin, enquanto o candidato de Aécio em Belo Horizonte (MG), João Leite, foi derrotado em segundo turno.

No cômputo geral, o desempenho credencia a sigla a se tornar a "bancada majoritária" na Câmara dos Deputados após a eleição de 2018, com base na conexão "cientificamente comprovada", segundo Aécio, entre as eleições municipais e a votação para o legislativo. Mas o mesmo cálculo não vale para a escolha do tucano que concorrerá à sucessão do presidente Michel Temer, defendeu. Para Aécio, o sucesso obtido nas urnas precisa ser somado a "outros fatores".

"Temos que ter muito cuidado ao fazer uma ligação direta com futuras eleições a partir dos resultados que tivemos", disse Aécio. "O partido saberá, por suas instâncias deliberativas, definir qual o melhor caminho. Geraldo Alckmin tem todas as condições de disputar as eleições presidenciais. José Serra é outro nome sempre lembrado. Outros poderão surgir. O Brasil passa por um momento de renovação. Mas agora temos outras prioridades", apontou. "Antecipar esse processo é um desserviço ao partido e a construir a agenda que vai nos tirar da crise. Nossa prioridade hoje não é a eleição de 2018".

Para o tucano, o momento é de pensar nas grandes reformas necessárias ao país. Neste sentido, a vitória do PSDB é positiva também ao governo do presidente Michel Temer, acredita. "Vejo o fortalecimento do PSDB também como fortalecimento do governo Temer. Nossa aliança sempre foi clara: apoiamos uma agenda de reformas para tirar o Brasil do abismo onde o PT nos mergulhou. Apoiaremos enquanto nós sentirmos que há disposição do governo Temer para a condução dessa agenda. Hoje sinto que há".

O senador pontuou ainda que o desempenho da base aliada de Temer como um todo fortalece a agenda do governo. "Vejo que não só nossa vitória, como o próprio crescimento de outros partidos e do próprio PMDB, fortalece no governo Temer a disposição e coragem para as reformas anunciadas. O governo Temer sai fortalecido dessas eleições".

Da mesma forma que o PSDB tende a crescer no Congresso em 2018, o PT tende a diminuir drasticamente, avaliou o tucano, para quem a bancada petista na Câmara pode ser reduzida a um terço da atual. A sigla perdeu 60% das prefeituras que detinha e conquistou apenas uma capital, Rio Branco. O PT elegeu 256 prefeitos neste ano, em comparação a 638 em 2012. "O PT não acabou. E nem acredito que seja bom para o país que acabe. Mas o PT vai ter que se reinventar", disse. "O PT passa a se formar entre os pequenos partidos hoje no Brasil. E isso terá um reflexo grande na eleição para a Câmara Federal, não tenho dúvida. Da mesma forma, partidos que tiveram um aumento no número de prefeitos, terão uma resposta positiva no aumento de suas bancadas".

Aécio disse lamentar "profundamente" a derrota em Belo Horizonte e rechaçou, por diversas vezes, ter sofrido uma derrota em Minas. Ele celebrou a vantagem em relação ao PT, seu rival local mais tradicional. "Esse resultado em Belo Horizonte obviamente que nos desaponta. Mas nós tivemos uma vitória muito expressiva sobre nossos tradicionais adversários", afirmou. "E o PT, mesmo tendo o governo do Estado [Fernando Pimentel], não conseguiu nem de perto chegar ao segundo turno das eleições".

Usando sempre o PT como referência, o tucano disse que há motivos para comemorar o desempenho no Estado. "Das 10 maiores cidades, com candidatos nossos ou em coligação, governaremos sete. E o partido que governa Minas hoje [PT] viu o número de prefeituras cair de 160 e poucas para 41"

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