• Norte e Nordeste têm comportamento oposto a Sul, Sudeste e Centro-Oeste
Silvia Amorim e Tiago Dantas - O Globo
-SÃO PAULO- Dois movimentos políticos antagônicos dividiram o país ao meio ao final das eleições nas 26 capitais. Enquanto um vento de continuidade soprou na parte de cima do Brasil (regiões Norte e Nordeste), uma onda de renovação varreu a parte de baixo (Sul, Sudeste e Centro-Oeste).
A diferença de comportamento dos eleitores nessas duas metades do país ficou nítida no domingo à noite, com a proclamação dos resultados nas 18 capitais que tiveram segundo turno. Em oito cidades, a disputa havia sido definida em 2 de outubro.
Ao reeleger 14 dos 16 prefeitos de capitais, as regiões Norte e Nordeste mantiveram no poder os grupos políticos que haviam vencido as eleições em 2012. As exceções foram Aracaju e Porto Velho.
Já no Sul, Sudeste e CentroOeste, os eleitores de nove das dez capitais optaram por mudança e disseram não à reeleições ou à vitória de indicados dos atuais governantes. Nesse grupo, o único ponto fora da curva é Vitória, onde o prefeito Luciano Cartaxo (PPS) obteve o segundo mandato.
Rio, São Paulo e Belo Horizonte aparecem como maiores expoentes desse movimento de renovação. Mais do que trocar o partido no poder, os eleitores optaram por escolher nomes que assumirão mandatos do Executivo pela primeira vez — Marcelo Crivella (PRB), João Doria (PSDB) e Alexandre Kalil (PHS), respectivamente.
A insatisfação popular pode ter sido uma das razões desse fenômeno. Essas cidades receberam os maiores protestos políticos do último ano. A onda de mudança pôs fim ao domínio de grupos políticos que durava anos, como em Porto Alegre, onde o PSDB venceu pela primeira vez na sua história a disputa municipal.
Já na capital mineira, a influência do grupo dominante foi quebrada por um partido nanico. Além de se favorecer dos movimento de renovação, Kalil surfou na onda antipolítica que também atingiu São Paulo.
NO NORDESTE, MAIS REELEITOS
Com eleitores menos escolarizados e de menor renda do que no restante do país, as regiões Norte e Nordeste podem ter sido mais influenciadas pelo apelo eleitoral do uso da máquina pública. Isso pode ter sido um dos fatores da alta taxa de continuidade verificada nesses locais — 88% dos prefeitos se reelegeram. Ela foi maior do que a taxa nacional de reeleição nas capitais (75%). Em todo o Brasil, dos 20 prefeitos que disputaram a reeleição, 15 venceram. No Sul, Sudeste e Centro-Oeste, apenas um de quatro candidatos ao segundo mandato ganhou a disputa (25%).
Só no Nordeste, oito prefeitos conquistaram mais quatro anos de mandato. Cinco deles anteontem, entre eles Roberto Cláudio (PDT), em Fortaleza. Outras três capitais da região já haviam resolvido a disputa o primeiro turno, como em Salvador, onde ACM Neto (DEM) obteve 77,99% dos votos; Natal, com vitória de Carlos Eduardo Alves (PDT); e Teresina com Firmino Filho (PSDB).
Aracaju foi a única exceção à regra no Nordeste. O atual prefeito da capital sergipana, João Alves (DEM) ficou em terceiro lugar e sequer passou para o segundo turno. Nas eleições de anteontem, Edvaldo Nogueira (PCdoB) derrotou Valadares Filho (PSB) por uma diferença de 1.744 votos.
Na Região Norte, eleitores de três capitais deram mais um mandato para seus prefeitos anteontem (Belém, Manaus e Macapá). No primeiro turno, outros três já haviam confirmado seus mandatos (Palmas, Rio Branco e Boa Vista).
Apenas Porto Velho não seguiu a tendência de continuidade da região e deixou o atual prefeito Mauro Nazif (PSB) fora do segundo turno. A disputa foi vencida por Dr. Hildon (PSDB).
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