Paulo Gama, Natuza Nery, Daniel Carvalho, Gustavo Uribe – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - Com o argumento de que tinha divergências com integrantes do governo do presidente Michel Temer, Marcelo Calero pediu demissão nesta sexta-feira (18) do Ministério da Cultura.
Para o lugar dele, foi anunciado o presidente nacional do PPS, deputado federal Roberto Freire (SP).
Calero é o quinto ministro que deixou a administração do peemedebista desde que ele assumiu o Palácio do Planalto, há seis meses.
A informação sobre a demissão foi antecipada pela coluna Painel, da Folha.
Próximo ao prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), Calero falou com Temer na noite de quinta-feira (17). O presidente pediu para ele reconsiderar a saída, mas o ministro manteve a decisão e enviou uma carta de demissão nesta sexta-feira.
Calero não detalhou no documento, entretanto, com quem teve divergências que motivaram a decisão de sair da pasta.
Em conversas nos bastidores, porém, o ministro vinha reclamando nas últimas semanas de embates com o Palácio do Planalto em relação a indicações políticas na pasta e a dificuldades em autorização de verbas.
Ele dizia que pretendia inclusive retornar para a carreira diplomática, na qual atuou de 2007 a 2013, antes de assumir a secretaria municipal de Cultura do Rio de Janeiro.
Segundo a Folha apurou, um episódio recente de confronto de Calero com o Palácio do Planalto ocorreu no início deste mês. Assessores e auxiliares defendiam que Temer fosse ao Nordeste para sancionar lei que torna vaquejada patrimônio cultural imaterial.
O presidente, que tem baixa popularidade na região, aproveitaria o apelo do tema para tentar minimizar o quadro. O Ministério da Cultura, porém, defendeu o veto ao projeto e Temer recuou.
O repentino pedido de saída pegou de surpresa tanto o presidente como o ministro Mendonça Filho, padrinho político de Calero no governo federal e responsável por sua nomeação quando a pasta ainda era subordinada ao Ministério da Educação.
"Não falei com ele ainda. Na verdade, estou sabendo por vocês que ele pediu demissão", afirmou à Folha.
Os dois estiveram juntos pela última vez na quarta (16), em um jantar promovido pelo presidente para a base aliada no Senado Federal.
Segundo o ministro, Calero não relatou qualquer insatisfação a ele.
Em entrevista à Folha, Freire também disse ter sido pego de surpresa com o telefonema do presidente convidando-o para assumir a pasta da Cultura. "Foi surpresa. Não tem muito o que discutir", afirmou.
Ele estava em Brasília quando recebeu a chamada de Michel Temer, que está em São Paulo. Ficaram de se reunir na segunda-feira (21) para definir os rumos da pasta.
Segundo ele, Temer não deu detalhes sobre a saída de Calero. "Não explicou nem perguntei",afirmou.
ESCOLHIDO
Pernambucano, Freire já havia sido convidado por Temer para ficar responsável pelo Ministério Cultura no início do governo, quando a área ficaria restrita a uma secretaria nacional.
Ele é o segundo nome do PPS convidado para o primeiro escalão do governo federal e o 12º deputado federal escolhido para a Esplanada.
Neste final de semana, Freire deve se encontrar com o outro ministro do PPS, Raul Jungmann (Defesa), em reunião partidária no Recife.
Antes de Calero, os seguintes ministros deixaram o cargo na gestão de Temer: Romero Jucá (Planejamento), Fabiano Silveira (Transparência ), Henrique Alves (Turismo) e Fábio Osório (Advocacia-Geral da União).
Nenhum comentário:
Postar um comentário