Reunião da cúpula tucana em Brasília decide pela liberação dos filiados para apoiar presidenciáveis no segundo turno
Cristiane Jungblut e Silvia Amorim | O Globo
BRASÍLIA E SÃO PAULO - Em reunião para decidir posição tucana no segundo turno, Alckmin insinuou traição de Dor ia, ao não apoiá-lo na disputa presidencial. O presidente nacional do PSDB e candidato derrotado na eleição presidencial, Geraldo Alckmin, anunciou ontem que o partido decidiu liberar os seus filiados no segundo turno para apoiar Jair Bolsonaro (PSL) ou Fernando Haddad (PT), de acordo com suas “consciência e convicção” e com a realidade de seus estados. A decisão foi tomada durante a reunião da Executiva Nacional do PSDB, na tarde de ontem em Brasília, que se tornou uma grande lavagem de roupa suja. O partido saiu ainda mais dividido da maior derrota numa eleição nacional de sua história.
Em três horas a portas fechadas, houve troca de acusações, como o diálogo entre Alckmin e João Doria, que disputa o segundo turno da eleição para o governo de São Paulo. O ex-governador insinuou traição do afilhado político, acusado de não se empenhar pela chapa presidencial do PSDB e flertar com Jair Bolsonaro (PSL) desde o primeiro turno.
— Traidor eu não sou — disse Alckmin para Doria.
O desabafo ocorreu quando o ex-prefeito de São Paulo reclamava que ainda há seis tucanos disputando governos estaduais no segundo turno e que o partido deveria ter se preparado melhor para isso. Doria cobrou apoio com recursos e posicionamento contra o PT. A discussão teve dedo em riste por parte do presidenciável derrotado e pedido de “calma” pelo candidato a governador.
Doria, que já aderiu a Bolsonaro no segundo turno, chegou à reunião defendendo o apoio do PSDB ao capitão reformado contra Fernando Haddad (PT), que chamou de “fantoche” de Lula, mas saiu antes do fim, sem sucesso.
Também houve caça às bruxas por parte do grupo de Doria em São Paulo. Controlado pelo ex-prefeito, o diretório municipal chegou a expulsar do partido o ex-governador Alberto Goldman e o secretário Saulo de Castro Abreu, do grupo de Alckmin, por terem apoiado o rival de Doria, Marcio França (PSB) na disputa estadual. Presidente do partido, Alckmin prontamente anulou as expulsões.
RELAÇÃO ESTREMECIDA
A relação entre Doria e Alckmin não é boa há tempos. A campanha presidencial tucana acusa o candidato a governador de não ter trabalhado por Alckmin. Aliados do ex-governador também identificaram, após o primeiro turno, uma tentativa de Doria de tirar o padrinho da presidência da sigla. No domingo, Orlando Morando, prefeito de São Bernardo do Campo (SP) e aliado de Doria, disse que o partido deveria antecipar a troca de sua direção porque a cúpula partidária estava ocupada por derrotados.
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