Folha de S. Paulo
Cúpula petista, parte do governo e manifesto
de esquerda querem dobrar aposta errada
A primeira vez que este jornalista ouviu de
uma autoridade de governo uma ideia prática de criar um teto de gastos foi em
fins de 2015. A autoridade
era Nelson Barbosa, ministro da Fazenda de Dilma
Rousseff, recém-nomeado. O nome da coisa era esse mesmo,
"teto". Barbosa ora é diretor do BNDES.
Fiz as perguntas óbvias de qualquer incrédulo. O programa petista não era aquele, a ação dos governos petistas de 2007 a 2014 não fora aquela (e Barbosa havia sido importante no governo). A esquerda pedira nas ruas a cabeça de Joaquim Levy (o "mãos de tesoura", ministro que antecedeu Barbosa); dizia que era preciso enfrentar a direita com mais gastos.
A campanha de deposição de Dilma estava à
toda, assim como a sabotagem legislativa tocada pelo PSDB liderado por Aécio
Neves, com o apoio do MDB e cia.
Era óbvio que a limitação da despesa total
apenas funcionaria se houvesse também contenção do gasto com Previdência e do
impacto dos aumentos do mínimo nos benefícios do INSS.
Barbosa disse que iria propor reforma
previdenciária, que haveria "gatilhos" de contenção de
gastos em geral caso a despesa avançasse além da conta, inclusive com a
suspensão do reajuste do mínimo ou com a criação de regra de reajustes reais
menores. Dizia ainda que era preciso rever desonerações (reduções de impostos
para setores).
Faz quase nove anos.
Não era o teto de Michel Temer,
que Barbosa criticaria, por constitucionalizar o limite por 20 anos, entre
outros problemas. Mas era um teto.
A ideia foi ao Congresso em março de 2016 e
lá morreu. Dilma 2 era então quase pó. A reforma previdenciária nem respirou,
por oposição petista. O PT fritou Barbosa,
por ação e omissão, pois era contra o teto. O ministro saiu em maio de 2016.
Era o meio da Grande Recessão. O governo Temer apresentou seu teto logo depois.
Novembro de 2024. Faz quase dois anos, Fernando
Haddad tenta conter o ritmo de aumento de despesas (não é
corte), sem o que o teto móvel de Lula 3,
o arcabouço fiscal, desabará. A nova ofensiva do ministro da Fazenda vai sendo
desidratada, nas internas. E externas.
A presidente
do PT, Gleisi Hoffmann, diz que a vitória de Trump é um alerta para o
"campo da democracia", que deve se preparar para o
"enfrentamento", "dar respostas concretas às necessidades e
expectativas do povo, que não cabem na agenda neoliberal que o mercado quer
impor ao governo e ao país". Um manifesto recente de intelectuais e
companheiros de viagem à esquerda do PT vai na mesma linha: mais gasto.
Donos do dinheiro grosso em geral cobram mais
caro para emprestar ao governo (as taxas de juros no atacado subiram
loucamente), pois acreditam que o arcabouço vai para o vinagre até 2027. Em
parte, não querem deixar seus ativos em reais –o dólar se
desvaloriza loucamente também por isso. É inflação estocada;
carestia é facada no prestígio político. A inflação anual de alimentos já corre
a 7%, por outros motivos. Pode ir além, com dólar e, talvez, com
superaquecimento da economia. Ou cairá com juros amargos.
Um plano fiscal amplo exige redução de
desonerações e aumentos diretos de impostos, sobre ricos em especial. Mas
também contenção no INSS, desvinculações (de saúde e educação) etc. Lula 3 não
o fez no início de mandato; ficou difícil de aumentar mais imposto depois da
crise de janeiro a maio.
Agora, está entre a cruz e a caldeirinha.
2 comentários:
Quem também está vivendo seu inferno astral é o ministro Alexandre de Moraes
Ficou se sabendo através de relatórios americanos, que todas as suas iniciativas de censura e de controlar os conservadores de direita , os opositores em geral , foi foi produzido e orientado pelo Departamento de Estado Americano através de cartilhas de ONGs financiadas pelo Departamento de Estado Americana , Para implantar as censura e o controle das informações divergente na internet O ministro Morais seguiu a risca colocando em prática , ou seja tudo que foi feito foi orientado , financiado e garantido pelos norte-americanos no Governo Biden
Agora com a vitória do Trump esse mesmo departamento de Estado e o FBI estão indo atrás dele para cobrar essas atitudes ditatoriais ,
O careca está apavorado sem dormir, porque sabe que retaliação vai ser pesada, pra começar suspensão de visto americano e congelamento dos seus ativos e patrimônios naquele país
Temporada dos delírios.
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