domingo, 21 de julho de 2013

OPINIÃO O DIA – Alberto Goldman: as mentiras de Lula

Ora, se ele sabe, por quê falseia a verdade? Porque não tem escrúpulos, não interessa fazer o papel que deveria como ex presidente - ser uma referência ética para a sociedade. Interessa criar um clima contra a oposição, como se ela fosse a responsável pelos desastres que eles, Lula, Dilma e o PT vêm provocando em nosso país.

Alberto Goldman, vice-presidente nacional do PSDB, foi governador de S. Paulo. In “Lula vem se superando”19/7/2013.

Pimenta da Veiga é opção do PSDB em MG para 2014

Aécio Neves já teria convidado o ex-prefeito da capital para entrar na disputa pelo governo do Estado

Gustavo Prado

O PSDB pode ganhar mais um nome para disputar o governo de Minas em 2014: Pimenta da Veiga. O ex-prefeito da capital e ex-ministro das Comunicações no governo de Fernando Henrique Cardoso vem ganhando força nos bastidores como uma nova opção para a sucessão do governador Antonio Anastasia.

A aproximação com Pimenta teria sido feita pelo senador mineiro Aécio Neves, principal articulador do futuro do partido no Estado. “Seria uma opção do Aécio Neves achar uma pessoa com a imagem mais preservada, principalmente com a mudança dos cenários após essa onda de manifestações”, disse um tucano que pediu anonimato. Ele afirmou que existem “conversas muito fortes no partido” sobre a possível escolha de Pimenta como candidato. Ainda segundo ele, o convite chegou a ser feito pelo senador, mas, inicialmente, Pimenta teria recusado.

Por estar há alguns anos afastado da vida pública, o ex-prefeito da capital passaria uma imagem mais “limpa”, na visão do partido. Ainda segundo o tucano que preferiu não se identificar, lideranças da sigla apoiam o nome de Pimenta devido ao fato de ele ter sido um dos fundadores do PSDB. Em 2012, Pimenta já foi sondado pela legenda, que queria tê-lo como opção para a disputa pela prefeitura da capital. O ex-prefeito não foi encontrado pela reportagem para comentar o assunto.

Articulação. A articulação de Aécio, porém, estaria sendo feita com muito cuidado, principalmente para não desagradar os pelo menos quatro pré-candidatos do PSDB ao governo de Minas. “O senador tem conversado com várias pessoas. O momento da escolha não deve estar muito longe”, afirmou o deputado federal Rodrigo de Castro, um dos pré-candidatos da legenda ao Palácio Tiradentes.

Além dele, o presidente do PSDB no Estado, Marcus Pestana, o presidente da Assembleia Legislativa, Dinis Pinheiro, e o atual vice-governador, Alberto Pinto Coelho (PP), são as principais opções dos tucanos para a disputa.

Fonte: O Tempo (MG)

No páreo, Marina agora busca estrutura

Formação de palanques nos Estados é desafio para ex-ministra do Meio Ambiente, que mantém discurso avesso a acordos com políticos tradicionais

Marina Silva foi o nome de destaque nas últimas pesquisas eleitorais. Beneficiada pela perda de popularidade de Dilma Rousseff, a ex-ministra do Meio Ambiente disputaria o 2.° turno com a presidente e teria chances de vitória. Apesar dos índices favoráveis, Marina, se conseguir de fato criar a Rede Sustentabilidade, não conseguirá montar palanques pelo País. O projeto político esbarra na dificuldade de encontrar aliados para o seu programa "sonhático".

Uma candidatura independente e sem palanque é uma aposta colocada em xeque por cientistas políticos. De concreto até agora, apenas três deputados anunciaram filiação à legenda: Walter Feldman (SP), Domingos Dutra (MA) e Alfredo Sirkis (RJ). A expectativa é de que esse número aumente após a Rede conseguir o registro na Justiça Eleitoral. O futuro partido já trabalha com a possibilidade de formação de palanques em pouquíssimos Estados.

"No momento em que você tem um partido que vai disputar um espaço no âmbito institucional, é e vidente a necessidade de lançar candidaturas. Mas nós sabemos que é muito provável que haja Estados onde não se tenha um palanque regional específico para a candidatura nacional", avalia Feldman.

Em 2010, quando era filiada ao PV, Marina não fez coligações, mas conseguiu formar palanques em 11 Estados. Contava, também, com as chamadas Casas de Marina,comitês locais montados por voluntários. Ela terminou a disputa em 3.° lugar, com quase 20 milhões devotos.

Segundo os apoiadores de Marina, os esforços da Rede estavam até agora concentrados em garantir a validação das 500 mil assinaturas até 4 de outubro, prazo que assegura a participação da siglanas eleições de 2014. Embora a ex-senadora evite vinculara sigla à disputa eleitoral, a próxima etapa será começar os debates em torno da articulação política. "Essa é uma preocupação. A Rede vai se legalizar na marca do pênalti. Não deu para fazer grandes discussões sobre políticas de aliança e temos um País gigante", diz Dutra.

O fato de Marina estar em evidência pode atrair mais interessados,mas Dutra reconhece que não será fácil conciliar interesses eleitorais aos da Rede. "As tentações serão grandes (para fazer alianças). Mas agente tem muito nó para desatar. Tem que haver debate firme para ver que nível de relacionamento pode ser feito sem dar choque (com o programa da legenda)."

Pelo estatuto, o partido tentará colocar em prática ideias diferentes das adotadas pelas legendas tradicionais, como limite à reeleição para parlamentares e um teto para doações de pessoas jurídicas para campanhas.

Bazileu Margarido, que integra a executiva provisória da Rede, reafirma que a política de alianças se dará em torno das questões programáticas. Mas ele avisa que ainda não há uma lista de partidos com os quais a Rede poderá ou não se aliar.

Construção nacional. O cientista político Vitor Marchetti, professor da UFABC, não acredita que as manifestações recentes tenham efeito no jogo eleitoral, ainda pautado pelo modelo tradicional de alianças. "É impossível. Como se constrói uma imagem nacional? Com espaços nos Estados", afirma.

Por outro lado, os protestos demonstraram que outras formas de mobilização, coordenadas por redes sociais, ganham força. Nesse contexto, o cientista político Carlos Melo, do Insper, não considera absurdo apostar na relevância do apoio de militantes. "Depois de junho, pode ser possível. Mas ainda não sabemos a efetividade disso numa campanha."

Fonte: O Estado de S. Paulo

O ônus e o bônus da ex-ministra – Cláudio Gonçalves Couto

Há duas informações particularmente notáveis nas últimas pesquisas de aferição da popularidade do governo e de intenção de voto para presidente. A primeira é o derretimento geral da presidenta Dilma Rousseff, que despenca nas avaliações relativas à aprovação de seu governo. A outra é o crescimento significativo da candidatura presidencial de Marina Silva.

A causa imediata do derretimento de uma e do crescimento da outra é a mesma: a mudança no clima político nacional acarretada pelas mobilizações de junho. Muito já se escreveu e disse sobre elas, na tentativa de encontrar um motivo: a qualidade dos serviços públicos e dos políticos, a truculência policial, a corrupção, o aumento da inflação etc.

Diante de tantas explicações plausíveis e parcialmente verdadeiras, sobra algo: o mal-estar com o status quo. E nenhum candidato representa tanto a rejeição ao status quo como Marina. É dissidente do PT e do atual governo; tem imagem avessa à corrupção e discurso contrário aos partidos tradicionais; é aberta a ideias econômicas mais liberais, sem descurar do apoio a políticas sociais e sem sucumbir ao aliciamento pelo grande capital; defende a sus-tentabilidade nas suas várias acepções. É verdade que é também evangélica e tem posições pessoalmente conservadoras em temas sensíveis aos religiosos. Porém, mostra-se pluralista, tolerante e aberta ao diálogo.

Com tudo isso, Marina mostrou-se a candidata certa no momento certo, o que explica crescer 10% de uma pesquisa para outra -mais do que a soma do crescimento dos demais candidatos de oposição. Mas nem tudo são flores. Justamente aquilo que impulsiona Marina parece ser sua principal limitação. Pode ganhar a eleição sem preocupar-se com alianças eleitorais, o que já não é fácil. Contudo, como fará para governar comum Congresso dominado por partidos de adesão, que apoiam qualquer governo desde que (e apenas se) bem recompensados? Seria mais fácil se a Rede, viabilizando-se, também tivesse um acachapante desempenho nas eleições congressuais. Isso, porém, é algo em que apenas "sonháticos" acreditam, tendo em vista as limitações financeiras, de tempo de TV e as redes políticas rivais - já constituídas.

Lula foi acusado de populista, sem sê-lo. E não era justamente porque rendeu-se à institucionalidade vigente. Marina, para governar, terá de vencer a despeito das instituições vigentes, que sabotariam seu projeto. Como o fará sem ser populista (o que claramente não é)? Esse é o desafio.

Cientista político, professor do curso de administração pública da FGV-SP e pesquisador do CEPESP-FGV e do CNPQ

Fonte: O Estado de S. Paulo

Eduardo e o pelotão dos sem-mandatos

Nos últimos meses, Palácio nomeou 14 ex-deputados e ex-prefeitos para cargos de confiança, ao custo de R$ 76 mil/mês. Estado alega experiência dos convidados

Carolina Albuquerque

Defensor de uma gestão moderna, que valoriza a meritocracia no lugar da indicação política, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), não para de nomear ex-prefeitos e ex-deputados para cargos de confiança no governo do Estado. Nesses últimos meses, uma leva de ex-gestores municipais, que ficaram sem mandato no início deste ano, estão ocupando cargos estratégicos e de "alta patente". Só para citar os mais recentes, atenderam ao chamado do governador Adelmo Moura (Itapetim), Lula Cabral (Cabo de Santo Agostinho), Alberico Messias (Iguaraci) e Yves Ribeiro (Paulista). O "gabinete político" do governador reúne, segundo levantamento do JC, pelo menos outros sete ex-prefeitos e três ex-deputados (veja quadro).

A grande maioria deles ocupa o segundo e o terceiro escalão do governo do Estado e está lotada em secretarias como a da Casa Civil, de Cidades e o Gabinete do governador. Outros assumiram funções estratégicas. O ex-prefeito de São José do Belmonte Rogério Leão (PR), por exemplo, é o novo diretor do Porto do Recife e Lula Cabral (PSC), que fez o seu sucessor nas eleições passadas no Cabo de Santo Agostinho - o prefeito Vado da Farmácia (PSB) - está à frente da Junta Comercial de Pernambuco (Jucepe). Ao todo, o governo possui 3.553 cargos em comissão, o maior patamar até então já alcançado na máquina pública estadual. De acordo com informação disponível no Portal da Transparência, as remunerações entre os 14 políticos comissionados variam de R$ 4.648,10, para a função de assessor especial do governador, a R$ 9.966,62 para ser secretário-executivo. O peso mensal à folha salarial dessa assessoria política gira em torno de R$ 76 mil por mês.

Depois de deixar a Prefeitura de Itapetim, Adelmo Moura aceitou prontamente a missão proposta pelo governador à frente de uma gerência regional dentro da Casa Civil. "Fui chamado pelo próprio governador. Farei a articulação com os prefeitos, vereadores e associações na região do Pajeú, com 17 cidades. Serei o elo da Casa Civil. Assim como Yves Ribeiro vai cuidar da Região Metropolitana", explicou ele, nomeado no último 11 de junho. Sobre a nova função, como secretário-executivo na mesma pasta, Yves ressalta a sua "bagagem" à frente de três prefeituras. "Graças a Deus, já tenho experiência. Já fui diretor da coordenação dos municípios. Farei agora articulação com os prefeitos, presidentes de câmaras, talvez atinja também a região da Zona da Mata", explica.

Procurado pelo JC por meio de sua assessoria de imprensa, o secretário da Casa Civil Tadeu Alencar preferiu se pronunciar por nota. "Gostaria de destacar que as pessoas que foram convidadas a integrar o governo do Estado são gestores com larga experiência na vida pública, em suas áreas profissionais de atuação, e que poderão contribuir com o Estado pelo acúmulo de conhecimento adquirido, seja na área política como técnica", justificou, no texto.

Prazo de validade vai até 2014

Sem-mandatos abrigados no governo estadual já articulam nos bastidores suas candidaturas para às próximas eleições

Obedecendo à lógica da acomodação política, é curto o tempo de espera na "planície" tão logo os gestores deixem o comando das prefeituras e mandatos políticos. Passam a ocupar cargos de confiança no governo estadual, mas não ficam por muito tempo. A "validade" de alguns deles termina em junho de 2014, quando começa a corrida eleitoral por vagas na Câmara Federal e no Senado. Pelo menos quatro desses ex-prefeitos têm suas candidaturas cogitadas e em processo de articulação nos bastidores.

O ex-prefeito do Cabo de Santo Agostinho, Lula Cabral (PSC), também presidente estadual da sigla, está semeando a sua candidatura a deputado federal, percorrendo o Estado para montar seu palanque. Já declarou que colocará o partido a serviço de uma possível candidatura do governador Eduardo Campos (PSB) a presidente da República em 2014. Ocupa, por enquanto, a diretoria da Junta Comercial de Pernambuco (Jucepe). Depois de 20 anos seguidos sentado na cadeira de prefeito em três municípios diferentes, Yves Ribeiro avalia sua candidatura também à Câmara federal. "Estou pensando ainda, minha afinidade é prefeitura. Tem que pensar legislatura. Muita gente fala sobre minha candidatura, mas não tenho definição", pondera.

O secretário-executivo de Cidades e ex-prefeito de Carnaíba, Anchieta Patriota (PSB), deverá tentar uma vaga na Assembleia Legislativa. A sua candidatura a deputado estadual dependerá dos movimentos do prefeito de Afogados da Ingazeira e presidente da Associação Municipalistas de Pernambuco (Amupe), José Patriota (PSB), também um potencial candidato, com boa influência na região do Pajeú. Outro que já veio com "data de validade" é Rogério Leão, ex-prefeito de São José do Belmonte, que hoje está à frente do Porto do Recife. O engenheiro e administrador de empresas já é cogitado para deputado estadual em 2014.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

PPS projeta lançar Serra ao Planalto

Roberto Freire defende união de oposições para derrotar o PT em 2014

O presidente do PPS, deputado federal Roberto Freire (SP), disse que a legenda está de portas abertas para José Serra (PSDB) disputar novamente a Presidência da República. Freire afirma que há consenso com o PMN, com quem o PPS negocia uma fusão para formar a MD, sobre a necessidade de unir oposições contra o PT, mas com candidaturas múltiplas.

A possibilidade de Serra deixar o PSDB para tentar ser candidato à Presidência pela terceira vez é levantada diante do controle exercido hoje entre os tucanos pelo senador Aécio Neves (MG), que assumiu o comando da legenda há dois meses.

Freire observa que Serra tem o hábito de protelar suas decisões, mas acredita que neste caso uma definição está próxima, ainda que, pelo calendário oficial, a troca de legenda possa ocorrer até início de outubro.

– O tempo dele não é apenas o legal, mas o tempo político, até porque é preciso que consiga arregimentar aliados. Nesse processo, ele está liderando e, portanto, não pode ser último a decidir – destacou Freire.

Na quinta-feira, Serra afirmou que não pretende deixar o PSDB e se disse "surpreso" com as especulações sobre suposta ida para o PPS.

Enquanto isso, o processo de fusão do PPS com o PMN refluiu devido a problemas em negociações nos Estados e à decisão do partido de Freire de só formalizar a união após decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em consulta realizada sobre fusão de partidos.

O PPS quer esperar para saber se a MD poderá receber parlamentares de outros partidos sem que eles percam o mandato. Freire diz que a união poderá até acontecer antes, caso PPS e PMN decidam conjuntamente que não vale a pena esperar pela posição da Justiça Eleitoral.

Fonte: Zero Hora (RS)

Rachado, PT desautoriza petista Vaccarezza, que PMDB defende

Rui Falcão: coordenador da reforma política não representa a opinião do partido

Cristiane Jungblut e luiza Damé

BRASÍLIA - O racha dentro do PT sobre quem representa o partido nas discussões sobre reforma política e plebiscito no Congresso tomou conta ontem da reunião do Diretório Nacional. Após um debate tenso, o PT resolveu encampar a posição do líder petista na Câmara, José Guimarães (CE), que, na véspera, divulgou nota dizendo que o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) não representa a bancada de 89 deputados e nem o partido na comissão especial que discute a reforma política.

Para o PT, quem representa o partido é o deputado Ricardo Berzoini (PT-SP). Para mostrar afinidade com a presidente Dilma Rousseff - que não foi ao encontro, mas mandou uma carta se explicando -, o PT manteve o discurso de que é possível fazer o plebiscito este ano e aplicar a reforma em 2014.

Na prática, o PT reconheceu que Vaccarezza é o presidente da comissão - até porque foi escolhido pelo presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) -, mas deixou claro que ele não representa o partido. Mas o Diretório Nacional rejeitou, por 43 a 27 votos, moção proposta por Joaquim Soriano, que queria afastar Vaccarezza da comissão.

A aprovação da nota de Guimarães como posição do PT foi a saída menos traumática para o caso. Alguns defenderam que fosse aprovada uma moção contra Vaccarezza, criticado porque expressou o pensamento político predominante de que a reforma política só terá efeitos em 2018.

- A bancada emitiu uma nota dizendo que as posições que Vaccarezza firmara publicamente não representavam a opinião do PT. O deputado mandou uma nota se comprometendo com o plebiscito e a coletar assinaturas em defesa do plebiscito. O diretório entendeu que a nota da bancada era suficiente para que publicamente nos posicionássemos a respeito - afirmou Rui Falcão, presidente nacional do PT. Vaccarezza não participou do encontro, mas divulgou nota dizendo que trabalhará pelo plebiscito.

Mas, se foi desautorizado pelo PT, Vaccarezza ganhou o apoio explícito do PMDB, aliado do governo. Ontem, no Twitter, o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), disse que, se o deputado Henrique Fontana (PT-RS) fosse o escolhido no lugar de Vaccarezza para coordenar os debates - como queria inicialmente o PT -, o PMDB e outras legendas deixariam a comissão que discute a reforma. Como não foi escolhido por Henrique Alves, Fontana saiu da comissão e foi substituído por Berzoini.

"Se Fontana fosse o coordenador, seria difícil alguém participar. O PMDB, por exemplo, não participaria", escreveu Cunha. "Henrique quis constituir um grupo onde todos participariam, inclusive Fontana, mas coordenado por alguém mais isento".

Irônico, Cunha lembrou que Fontana foi relator da reforma política em outra comissão e não conseguiu aprovar texto algum. Para ele, o debate no PT sobre Vaccarezza mostra que "não querem debater outra proposta".

Fonte: O Globo

Esquerda do PT dá guarida a réus do mensalão

Grupo majoritário não coloca Dirceu, Genoino e João Paulo em chapa que disputará o diretório; radicais criticam atitude

Vera Rosa

BRASÍLIA - Condenados no processo do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal e sob risco de serem presos neste ano, José Dirceu, José Genoino e João Paulo Cunha foram excluídos da chapa de candidatos ao Diretório Nacional formada pela corrente majoritária do Pt, a Construindo um Novo Brasil (CNB). O gesto provocou protesto de alas mais à esquerda e de "centro" no PT.

O candidato à presidência do PT Markus Sokol convidou os três para compor sua chapa. "Não é justo o que a CNB fez com eles. Se a Executiva do PT considerou o julgamento do mensalão uma farsa, como agora os exclui da chapa de candidatos?", perguntou Sokol, que integra a corrente de extrema-esquerda O Trabalho. Romênio Pereira, do grupo Movimento PT, também se solidarizou com os réus do mensalão e convidará Genoino para integrar a chapa apresentada pela tendência.

Em artigo publicado no site Brasil 247, o militante doPT Bre-no Altman, amigo de Dirceu, disse que a exclusão do ex-ministro e dos deputados Genoino e João Paulo da chapa que apoia a reeleição do presidente do PT, Rui Falcão, é "aviltante" e representa uma "bomba de efeito imoral".

"Possivelmente apavorada por pesquisas, a direção dessa corrente capitula diante dos que trataram de manipular fato se denúncias para desmoralizar o PT. Ilude-se quem considerar que esse gesto pusilânime saciará a fome dos lobos", escreveu Altman, que incluiu o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, na sua mira.

"Qual mensagem passa uma corrente que mantém entre seus candidatos uma figura como Paulo Bernardo, alinhado aos monopólios da mídia e empresas de telecomunicações, e afasta José Dirceu, o mais importante dirigente da história do PT? Não é uma ironia que seja preservado personagem que se abraça à direita e sacrificado o principal inimigo do reacionarismo?", atacou Altman.

Em maio, Bernardo pediu a Falcão que corrigisse resolução do diretório com número errado sobre as desonerações concedidas ao setor de telecomunicações. O texto informava que o governo havia retirado impostos de R$ 60 bilhões, quando o valor correto era de R$ 6 bilhões. Bernardo disse, à época, que o PT confundia controle da mídia com investimentos em telecomunicações e foi criticado por colegas petistas.

A eleição que vai escolher a nova cúpula do PT, com voto dos filiados, ocorrerá no dia 10 de novembro. Rui Falcão é o favorito para continuar no comando. Além dele e de Sokol, disputarão a presidência do PT Paulo Teixeira, Renato Simões, Valter Pomar e Serge Goulart. Nove chapas foram inscritas e cada uma apresentará 110 nomes para o diretório.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Em carta ao PT, Dilma faz novo apelo por plebiscito

Criticada por faltar a reunião da sigla, presidente tenta desfazer mal-estar

Divididos, petistas preparam resolução que culpa partidos aliados por fracasso da reforma política

Gabriela Guerreiro e Catia Seabra

BRASÍLIA - Em carta de quatro páginas encaminhada ontem ao PT, a presidente Dilma Rousseff defendeu a realização de plebiscito para a reforma política e disse que, ao lado do ex-presidente Lula, está ouvindo a "voz das ruas" para dar respostas à sociedade brasileira.

Dilma enviou o texto para explicar por que não foi à reunião do diretório nacional da sigla, em Brasília, em que seria convidada de honra.

A ausência incomodou petistas, em especial o ex-ministro José Dirceu, condenado no mensalão e membro da direção do partido. Ele criticou a decisão da presidente em reunião da corrente majoritária da legenda anteontem.

"Eles [brasileiros] querem um novo sistema político, mais transparente, mais oxigenado e mais aberto à participação popular que só a reforma política balizada pela opinião das ruas, por meio de um plebiscito, poderia criar", afirmou Dilma na carta.

A presidente justificou a ausência ao dizer que, com a vinda do papa Francisco ao Brasil, precisava atender a demanda de organização e segurança do evento, que envolve "todo o governo".

No texto, a presidente usou a expressão "querida militância" e fez afago à sigla dizendo que não haverá um "Brasil efetivamente novo" sem o PT. Dilma cita Lula duas vezes na carta. Em uma delas, diz que está ao lado do ex-presidente ouvindo as ruas para "construir um Brasil cada vez melhor", listando as ações federais em resposta às ruas.

Alianças

Durante a reunião, o comando do PT responsabilizou seus partidos aliados pelo fracasso da reforma política em discussão no Congresso.

A cúpula petista elaborou resolução em que diz que o governo e a sigla tiveram que executar política de reforma "baseada em alianças cujos parceiros não se dispuseram e nem se dispõem a romper com os limites da institucionalidade conservadora". O mesmo documento propõe plano de combate à corrupção capitaneado pelo governo.

O diretório discutiu moção contra a permanência do deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) na coordenação da comissão da reforma política. Manteve, contudo, por 43 votos a 27, nota de anteontem que dizia que Vaccarezza não expressa o pensamento da bancada e do partido.

Fonte: Folha de S. Paulo

Panorama Político - Ilimar Franco

Manter a clientela

A presidente Dilma, segundo um de seus ministros, não está disposta a fundir ou cortar ministérios, como sugere o PMDB. O governo avalia que não faz muita diferença do ponto de vista do custeio. E, o que é pior , abriria conflitos com setores da opinião pública que têm peso nos movimentos sociais, como mulheres, negros, direitos humanos e pequenos produtores rurais.

A massa na rua e as eleições

Os deputados de todos os partidos estão mais preocupados do que de costume com as eleições de 2014. Os protestos ocorridos no Brasil são a razão de tanta inquietude. Normalmente, a renovação na Câmara é de cerca de 50%. Mais ou menos 25% disputam outros cargos ou largam a política, e outros 25% saem derrotados do pleito. Agora, ninguém sabe o que vai acontecer . Nem se a renovação será ainda maior que de costume. A única certeza que eles têm é que a insegurança deve ampliar bastante os gastos com a campanha. São muitos os que temem ser derrotados pelo espírito das ruas, sobretudo nos grandes centros, onde os eleitores tendem a ter mais informação.

A renovação vem aí

Nunca foi tão propício para novatos estrearem na política como em 2014. Depois da onda de protestos, o discurso está pronto: “Nunca fui político. Não sou dessa turma. Não tenho nada a ver com isso. Venho para consertar e sanear .”

“Mesmo com toda essa queda, este momento de inflexão de Dilma é maior do que o ponto mais baixo de Lula (28%) e de FHC (13 %)” João Santana, Marqueteiro da presidente Dilma

Mesma freqüência

O Papa Francisco, num de seus pronunciamentos, durante a Jornada Mundial da Juventude, relata um interlocutor junto à CNBB, mencionará as recentes mobilizações no Brasil. Sua visão é que esse clamor que tomou as ruas do país é expressão da “política com P maiúsculo ”. O Papa é favorável ao diálogo da religião com a política

Versatilidade

A presidente Dilma costuma despachar todos os dias com o general José Elito (GSI) dentro do elevador , no percurso que vai da garagem até a porta do seu gabinete, no terceiro andar .
Entre perdas e ganhos

Os estrategistas políticos do Planalto e do PT estão fazendo balanço minucioso das mobilizações que tomaram conta do país. A principal conclusão a que chegaram “é que não há nenhum líder da oposição ou partido que seja capaz de catalisar e encarnar a revolta popular”. Por conta dessa avaliação, consideram que “a recomposição da presidente Dilma é mais fácil”.

Rebeldia premiada

Está tudo caminhando para que o baiano Fábio Motta assuma a Secretaria Executiva do Ministério do Turismo. Seria uma forma de contemplar o grupo do vice-presidente da Caixa Econômica Federal, Geddel Vieira Lima

No espaço vazio

Diante do fato de que os ministros Alexandre Padilha e Aloizio Mercadante não devem disputar o governo de São Paulo, petistas estão colocando na mesa o nome de Marta Suplicy (Cultura).

NA MP DO MAIS MÉDICOS, o governo não faz questão de aprovar o estágio obrigatório de dois anos no SUS. E vai usar esse item da proposta como concessão.

Fonte: O Globo

Direto de Brasília: João Bosco Rabello

Refém do imobilismo

A recente pesquisa Ibope/Estadão, confirmando a estagnação na casa dos 30% dos índices de aprovação da presidente Dilma Roussef, indica a dificuldade de recuperação do governo após os protestos de rua, principalmente por já incluir as primeiras reações do Planalto às manifestações.

E, ainda que não represente diagnóstico definitivo, revela o imobilismo do governo ante a crise econômica e política.

É a terceira consulta desde a eclosão das manifestações populares e, por mais cautela que se aplique a avaliações de momento, a conduta errática do governo alimenta a percepção de desorientação e não cria expectativas favoráveis de reversão em curto prazo.

Leilões de rodovias e terminais portuários, licitações internacionais de petróleo e do trem-bala e entrega de moradias populares, com as quais acena o Planalto, não comovem por já integrarem a pauta original do governo, além de configurarem meras promessas de melhoria.

Não haveria, em princípio, razões para se duvidar da capacidade do governo em resgatar parte do patrimônio eleitoral perdido, dada a condição natural do poder que detém para produzir fatos positivos, influenciar o noticiário e orientar a relação com seus parceiros políticos.

No entanto, o caminho escolhido até agora não é o que leva a essa possibilidade. O governo parece decidido a insistir na linha de propostas controversas, de alto teor polêmico, das quais são exemplos o plebiscito imediato da reforma política e a reforma na área da medicina, ambas conduzidas de forma unilateral, em guerra aberta com o Legislativo e as corporações médicas.

A mesma linha impositiva, agora já sem o respaldo político que os altos índices de aprovação antes permitiam, é aplicada ao Congresso Nacional, provocando mais reação na própria base aliada do que na oposição.

Parte disso se explica pela antecipação da campanha eleitoral de 2014, que acirrou o conflito entre os dois maiores partidos de sustentação do governo, mas a própria iniciativa de se lançar à reeleição dois anos antes já revelava a fragilidade da candidatura Dilma dentro do próprio PT, que ensaiava o movimento pela volta do ex-presidente Lula.

O mesmo PT que agora se ressente com a ausência da presidente na reunião de seu diretório nacional, conflagrado por uma crise sem precedentes no partido, dividido pela proposta de "plebiscito já", como revela a deposição do deputado Cândido Vaccarezza (SP) da condução do projeto de reforma.

O PMDB, por seu turno, faz uso pleno e intenso do comando das duas Casas do Congresso para impor à presidente e ao rival, PT, suas condições para garantir a estabilidade do governo.

Sem papo

O PMDB da Câmara não conversa com a ministra Ideli Salvatti, das Relações Institucionais. O líder do partido, Eduardo Cunha (RJ), não participa mais das reuniões das segundas-feiras, nem manda representante.

Boicote

O PT, que não quer Cândido Vaccarezza (SP) na reforma política, promete desautorizá-lo diariamente durante os trabalhos que começam em agosto.

Fogo amigo

Vem do PT uma das piores ofensivas contra o Planalto: o repasse de 10% das receitas para a saúde. Os relatores são petistas e apresentam os textos já em agosto.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo

Pororoca// Em empate técnico com a presidente Dilma Rousseff (35% de intenções de votos) num eventual segundo turno das eleições de 2014, Marina Silva (34%) “metabolizou” o descontentamento geral da garotada que foi às ruas. Não pretende, porém, forçar a barra para encorpar o seu partido, a Rede Sustentabilidade, ainda em formação, com uma campanha de filiação em massa desses jovens. Avalia que o rio escolhe o caminho quando corre para o mar.

Deus é mais

A visita do papa Francisco, durante a Jornada Mundial da Juventude, promete ser um ponto fora da curva nas manifestações do Rio de Janeiro, palco de constantes protestos e de muitos atos de vandalismo. Organizada pela Arquidiocese do Rio de Janeiro, com apoio de 10 mil homens das Forças Armadas, deve reunir centenas de milhares de católicos, a maioria jovens, mas corre o risco de motivar contestações de desfecho imprevisível.
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O Palácio do Planalto fez o que pôde para tentar reduzir a margem de risco em relação à visita, diante dos últimos acontecimentos no estado. O papa Francisco, porém, insistiu em percorrer o Centro da cidade em carro aberto, para ter mais contato com o povo.
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A atitude é coerente com os discursos que vem fazendo em prol da renovação da Igreja. Também não se poderia esperar outra coisa de um jesuíta, cuja ordem, a Companhia de Jesus, liderada no Brasil por Manoel da Nóbrega e José de Anchieta, foi, em grande parte, responsável pelo sucesso da colonização do nosso território pelos portugueses.

Políticos

O ponto crítico da visita do papa Francisco será amanhã à tarde, na Avenida Borges de Medeiros, em Laranjeiras, onde se localiza o Palácio Guanabara. A recepção organizada pelo governador Sérgio Cabral (foto), do PMDB, ocasião em que o papa se encontrará com a presidente Dilma Rousseff, promete reunir a elite política nacional, o que é um prato cheio para os manifestantes que há semanas tomam as ruas cariocas.

O roteiro

O papa Francisco passará por pontos quentes da cidade. O percurso começará na Base Aérea do Galeão, de onde seguirá, em carro fechado, até a Catedral Metropolitana de São Sebastião, no Centro. Nesse trecho, passará pelo Complexo da Maré. De papamóvel, em seu primeiro desfile pela cidade, percorrerá a Avenida República do Chile, a Avenida Rio Branco, a Rua Araújo Porto Alegre, a Avenida Graça Aranha, a Avenida Nilo Peçanha e, novamente, a Rio Branco, de onde seguirá até o Theatro Municipal, na Cinelândia, que é o coração político do Rio.

Pelo ar

A chegada ao Palácio Guanabara, porém, será de helicóptero. Francisco embarcará no Terceiro Comando Aéreo Regional (3º Comar), no Castelo, rumo a Laranjeiras, Zona Sul. A saída do papa para o Sumaré, onde ficará hospedado, provavelmente será de helicóptero.

Custo

O Comitê Organizador Local (COL) da Jornada Mundial da Juventude estima o custo total da organização do evento em R$ 350 milhões

Plebiscito

Apesar do recesso, o líder do PT na Câmara, José Guimarães (foto), do Ceará, não desistiu de colher 171 assinaturas para propor a convocação de um plebiscito sobre a reforma política. Também desautorizou o ex-líder do governo Cândido Vaccarezza (PT-SP) a falar em nome da legenda. Segundo Guimarães, quem representa o PT no grupo de trabalho que discute a reforma política é o deputado Ricardo Berzoini (PT-SP). A nota foi motivada por declarações de Vaccarezza de que não há condições de fazer o plebiscito nos prazos constitucionais.

Não foi

Apesar de contemplado com duas indicações para importantes diretorias da área de Saúde do governo, o líder do PMDB no Senado, Eunício de Oliveira (CE), não acompanhou a presidente Dilma Rousseff na inauguração de uma estação de metrô de Fortaleza. Candidato ao governo do Ceará está em rota de colisão com o governador Cid Gomes (PSB), grande anfitrião da visita presidencial.

Mensalão/ O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, pretende reiniciar o julgamento do mensalão na segunda semana de agosto, com a apreciação dos recursos dos condenados na Ação Penal 470. Para acelerar o julgamento, proporá a realização de sessões às segundas-feiras.

Bombeiro/ O ministro da Aviação Civil, Moreira Franco, descartou um rompimento entre a presidente Dilma Rousseff e o PMDB. “A maioria do partido tem responsabilidade”, garante. Moreira diverge do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que esticou a corda com o Palácio do Planalto.

Fonte: Correio Braziliense

Painel -Vera Magalhães

Currículo na mesa

Enquanto Dilma Rousseff não bate o martelo sobre a reforma ministerial, que incluiria trocas nas Relações Institucionais e na Fazenda, um ex-ministro do governo Lula tem defendido junto ao ex-presidente o nome de Otaviano Canuto para a cadeira de Guido Mantega. Economista com carreira na Unicamp, ele trabalhou com Antonio Palocci na pasta, em 2003. Hoje, é consultor do Banco Mundial e visto como um nome apara "recuperar a credibilidade" do governo no mercado.
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Dupla jornada Setores do PMDB defendem que, em vez de endossar o substituto de Ideli na coordenação política, o vice-presidente, Michel Temer, assuma diretamente as Relações Institucionais, para devolver o prestígio da pasta junto à base.

Roubada Aliados de Temer, no entanto, afirmam que, diferentemente da Defesa, que José Alencar acumulou quando era vice de Lula, com sucesso, a pasta de Ideli só traz desgastes ao titular.

Tropa de Elite Reclamando de "descaso" de José Eduardo Cardozo (Justiça) com as reivindicações da categoria, a Federação Nacional dos Policiais Federais vai realizar manifestação na terça-feira, no Rio, durante a visita do papa Francisco.

Mapa O Palácio do Planalto ainda insistia em mudar o local do encontro de Dilma e do governador Sérgio Cabral com o papa. O Palácio Guanabara é considerado muito vulnerável.

Vapt-vupt Setores do governo sugeriram que a audiência oficial com o papa acontecesse na própria base aérea do Galeão, logo após o desembarque de Francisco.

Sai da rua Se em 2005 houve corrida de políticos brasileiros para ir aos funerais de João Paulo 2º, parlamentares e governantes adotam postura discreta na vinda de Francisco. "Não há clima para ser papagaio de pirata'', admite um senador.

Livre Embora publicamente mantenha o discurso de apoio a Dilma, Gilberto Kassab já diz a interlocutores que, se a eleição fosse hoje, o PSD ficaria independente na disputa presidencial. Seria a melhor forma de eleger uma grande bancada de deputados --sua prioridade.

Próximos... Apesar de correr o risco de perder o apoio do PPS, Eduardo Campos (PSB) tem dito que apoia a filiação de José Serra ao partido de Roberto Freire para concorrer ao Palácio do Planalto em 2014.

... capítulos Para o pernambucano, a candidatura do ex-governador paulista dificultaria a entrada de Aécio Neves (PSDB) em São Paulo e daria à eleição ares de reprise da disputa entre Dilma, Serra e Marina Silva, o que favoreceria novos nomes.

Nova direção O PSDB vai aproveitar uma lista de e-mails de cabos eleitorais de Serra na campanha presidencial de 2010 para montar banco de apoio para a candidatura de Aécio na internet.

Copyright O nome Rede 45, usado em 2010, terá de ser mudado graças ao futuro partido de Marina Silva.

Negócios... Parentes de expoentes do PSDB paulista estão debandando do partido. No dia 25, o PTB nomeará como presidente do núcleo sindical Antonio Ramalho Júnior, filho do presidente de grupo similar tucano.

... à parte O genro do prefeito tucano de Praia Grande será candidato pelo PMDB em 2014. O irmão do prefeito de Cotia, do PSDB, deve disputar um cargo pelo PSC. A irmã do prefeito de Americana, também tucano, se aproximou do PC do B. E o irmão do prefeito de Taubaté, do PSDB, embarcou no PTB.

Com Andréia Sadi e Bruno Boghossian
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Tiroteio

"Se o PMDB está defendendo a redução de ministérios, a primeira coisa a fazer deveria ser devolver as pastas que ocupa."
DO LÍDER DO PMDB NO SENADO, EUNÍCIO OLIVEIRA (CE), que discorda da reforma proposta pelo presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN).
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Contraponto

Cancelando a assinatura

Uma semana depois de ser eleito papa, em 13 de março deste ano, Jorge Bergoglio telefonou de Roma para seu jornaleiro Daniel, na calle Bolivar, em Buenos Aires.

--Alô, Daniel, aqui fala o padre Jorge.

--Pare com isso, Mariano, deixe de ser cretino! --reagiu o jornaleiro, julgando ser trote de um amigo.

--Estou falando sério, é Jorge Bergoglio. Ligo para agradecer seu serviço todos esses anos e para pedir que não me envie mais o La Nación'. Lembranças à família!

O relato foi feito por Daniel ao jornalista Andrea Tornielli e consta do livro Francisco'', sobre o papa.

Fonte: Folha de S. Paulo

Por uma nova política - Gaudêncio Torquato

Cada coisa no seu devido lugar. É bem razoável a hipótese defendida pelo analista político Luiz Inácio Lula da Silva, em artigo publicado pelo New York Times, de que os protestos que ecoam em todos os espaços do território nacional não sejam uma "rejeição da política", para acrescentar que "sem partidos políticos não pode haver nenhuma democracia verdadeira". Tem razão. Afinal, os atos que chegaram a levar às ruas cerca de 1 milhão de pessoas se impregnam dos valores essenciais da política - a defesa da polis, o bem-estar da coletividade - e constituem prova inequívoca da vitalidade do nosso sistema democrático. Daí a fechar com a ideia de que a onda de manifestações decorre, em grande parte, dos sucessos sociais, econômicos e políticos alcançados na última década, ou seja, pelo PT, configura-se um rematado exagero.

Como foi exaustivamente demonstrado - até por farta cobertura de imagens de passeatas -, não foram universitários vindos de famílias pobres os que primeiro acenderam as faíscas da fogueira social, mas grupamentos jovens da classe média, ao entorno de um movimento pela redução de tarifas de ônibus. Embora se possa dizer que as marolas formadas pela pedra jogada no meio da lagoa, ao chegarem às margens, atraíram os segmentos jovens da base da pirâmide.

A tese contrária à abordagem do ex-presidente ampara-se no argumento de que os ganhos obtidos pelos contingentes periféricos - a partir dos 30 milhões de brasileiros que ingressaram na classe C - não tiveram contrapartida nos núcleos de classe média tradicional, que viram expandidas as demandas nas estruturas de serviços públicos, sob a malha deteriorada dos sistemas urbanos, principalmente nas metrópoles. Se milhares de jovens da classe média emergente passaram a ter carro, a viajar de avião e, consequentemente, a exigir mais, como lembra Lula, outros milhares da classe média tradicional "chutaram o pau da barraca" que acumulava suas demandas reprimidas. Vale lembrar que o poder de irradiação de ideias obedece a um movimento centrífugo, que costuma sair do meio para as margens. Também nascem no meio da pirâmide as locuções mais ácidas sobre deficiências nas áreas dos serviços públicos, o desprezo aos políticos e sua falta de compromissos, a par de uma cognição mais aguda sobre a corrupção generalizada. Donde se aduz que a abrangente movimentação social que se espraia pelo País foi aberta no centro da sociedade, não nas laterais, como quer fazer parecer o líder maior do PT.

O ensaio de democracia direta a que temos assistido não é, portanto, uma invenção da década petista, mas o desdobramento natural de uma crise que se arrasta há décadas e tem como epicentro as fendas sociais abertas pela democracia representativa. Neste ponto é oportuno retomar os significados múltiplos dos protestos. Se não há uma rejeição à política, entendendo-se que sem ela fenecem os sistemas democráticos, carregam eles monumental repúdio à classe política. É inegável que no pano de fundo das mobilizações de massa se lê um discurso contra formas obsoletas de operar a política, compromissos não realizados, metas inalcançadas, educação defasada, violência desmesurada, equipamentos sucateados nos estabelecimentos hospitalares, ao lado de carimbos com os conceitos que mancham a fisionomia da representação: nepotismo, personalismo, caciquismo, fisiologismo. Eis o pântano de mazelas que os partidos costumam semear.

Lula diz que o PT precisa aprofundar a renovação e "recuperar suas ligações diárias com os movimentos sociais e oferecer novas soluções para os novos problemas". Tem razão. Reconhece que o partido se embalou na névoa moral que suja a imagem dos partidos, principalmente os grandes e médios. Ademais, o descalabro da esfera política ganhou na era petista forte impulso com a entronização do mensalão no altar parlamentar. No acervo de feitos (e desfeitos) do PT, não há como apagar essa mancha, que, aliás, pode respingar em outros entes, como o PSDB mineiro.

Líderes e partidos procurarão internalizar as lições que as ruas oferecem? Ou imaginam que daqui a pouco, passado o calor das primeiras horas, as ondas que correm pelas avenidas de grandes e médias cidades tenderão a refluir? Se assim pensam, cometem um erro comum ao agente político: achar que as coisas cairão no baú do esquecimento. Esquecem que o copo transbordou. Atingimos o "ponto de quebra". O País começou a fazer uma caminhada sem retorno. O povo quer dar um basta à empulhação.

Ontem era um povo descrente como um rio seco, sem esperança como uma árvore desfolhada, sem viço e com a cor das coisas mortas. Hoje são grupos que se mostram ativos, vivos, navegando nas águas caudalosas das mobilizações. Exibem vivacidade, dinamismo, determinação. Percebem que podem mudar o rumo das cidades e de sua própria vida. É a vibrante ascensão do que o sociólogo francês Robert Lattes chama de "autogestão técnica". Significa que as pessoas sabem o que desejam, o ponto de chegada e os meios necessários para alcançá-lo. A expressão ganha força: o povo é dono de seu nariz. No contraponto, a imagem também popular é a de que o tempo do "Maria vai com as outras" dá adeus, fechando o ciclo da política de oportunistas.

São esses alguns sinais que haverão de contribuir para a formação de um perfil político mais atinente ao espírito do tempo, isto é, capaz de atrelar a locomotiva da ética aos vagões do trem da política. A chama ética poderá iluminar as reformas fundamentais que a sociedade reclama, a começar da reforma política. O Brasil clama por partidos e agentes que desfraldem a bandeira de uma sociedade mais convivial. Sob o lema de um Estado muito perto da Nação.

* Jornalista, professor titular da USP

Fonte: O Estado de S. Paulo

Jogo zerado - Merval Pereira

As pesquisas eleitorais continuam registrando a mudança de patamar para baixo dos índices de popularidade da presidente Dilma, aparentemente tendo como piso a média de 30% do eleitorado, que representa o eleitor cativo do PT. Antes de ampliar sua base eleitoral fazendo acordos políticos e transformando-se no personagem "Lulinha Paz e Amor", criado pelo marqueteiro Duda Mendonça, o ex-presidente Lula também atingia sempre essa faixa do eleitorado, e não conseguia vencer uma eleição.

Como era de se esperar, a mais recente pesquisa feita pelo Ibope já mostra a presidente empatando com um de seus adversários num hipotético segundo turno. Marina Silva, atuando a esta altura mais na sua vertente alternativa do que na de política profissional, tem recebido o apoio dos eleitores insatisfeitos de classes média e alta, surgindo como a escolha das ruas neste momento que parece prenunciar uma troca de guarda na política nacional.

Poderia Marina com sua Rede de Sustentabilidade repetir o fenômeno Collor de 1989, que venceu a eleição presidencial a bordo de um partido nanico, o PRN? O mesmo fenômeno pode acontecer agora, mas as razões, embora semelhantes, serão diferentes.

Collor montou sua farsa eleitoral de posse do mandato de governador de Alagoas, isto é, trabalhando dentro da estrutura política tradicional. E, nos bastidores, fez todos os acordos possíveis com os políticos tradicionais que combatia nos programas eleitorais.

Os eleitores estavam engajados em uma eleição presidencial que tinha diversos candidatos, muitos deles competitivos e representando tendências políticas variadas. Embora a maioria do eleitorado tenha escolhido Collor por ele representar a renovação da política fora da esquerda, havia um eleitorado forte de esquerda que apoiou Brizola e Lula.

Desta vez, Marina se destaca não por ser a renovação da política, mas por representar a candidata da não política. E não há no seu histórico nenhuma indicação que nos leve a imaginar Marina fazendo acordos por baixo dos panos com políticas tradicionais, mesmo que tenha uma longa convivência com o PT.

Se vencer, Marina terá sido eleita por que a maioria do eleitorado quer uma experiência extrema de não política tradicional no poder. Hoje, Marina é a candidata das ruas, enquanto o presidente do PSDB, Aécio Neves, é o dos políticos, diz-se em Brasília. Essa definição pode afetar a receptividade de Aécio num eleitorado que rejeita a política tradicional, mas, por enquanto, o que ele tem de mais eficiente são as negociações de bastidores para montar sua base de apoio.

Como já disse o próprio presidente do PT, Rui Falcão, hoje não se sabe mais quais partidos apoiarão a presidente Dilma em 2014. A base aliada não abandona o barco por enquanto, mas vai medindo o nível da água que vai subindo para ver qual a melhor hora de saltar para outra candidatura.

A de Aécio é a preferida entre os principais apoiadores de Dilma, até mesmo do PMDB. PP, PTB, PDT são partidos que negociam por baixo dos panos com o PSDB de Aécio, e existem outros que aguardam momentos mais oportunos, como o PSD de Kassab, que volta a namorar o ex-governador tucano José Serra para o caso de uma troca partidária que viabilize sua candidatura a presidente pela terceira vez.

Por mais que Marina desponte como a maior beneficiária dessa crise de legitimidade que assola nossa política, seu partido não terá nem tempo de televisão nem capilaridade nacional para se impor num jogo político ainda realizado pelos moldes tradicionais.

A estrutura partidária do PSDB costuma canalizar para seus candidatos os votos oposicionistas, razão pela qual Aécio Neves continua sendo o candidato mais forte na avaliação do próprio Palácio do Planalto.

A questão agora é saber se o voluntarismo das ruas será tão forte para levar Marina para um segundo turno, ou se Aécio Neves conseguirá, levado por um esquema partidário tradicional, convencer os eleitores de Marina de que ele é um político tradicional disposto à renovação ouvindo a voz das ruas.

Até o momento, Dilma está segura num segundo turno, o que deve ser suficiente para refrear o movimento de "Volta Lula" dentro do PT. Mas, além da economia, vai ser decisiva a capacidade da presidente de fazer política com seu partido e sua base aliada. Nada indica, porém, que ela seja capaz da reviravolta necessária na política, muito menos na economia.

Fonte: O Globo

A volta do cipó - Dora Kramer

Se arrependimento matasse haveria poucos petistas vivos para contar a história do acordo de rodízio para a ocupação da presidência da Câmara firmado entre PT e PMDB, sem a inclusão do Senado no contrato.

Como o PT reivindicou a primazia, presidiu a Câmara nos dois primeiros anos do governo, deixando para o PMDB o comando no período final que coincide com a sucessão presidencial e agora também com a queda livre de Dilma Rousseff nas pesquisas.

No Senado, em lugar da alternância valeu o critério convencional da prioridade à maior bancada. Justamente o PMDB, que ficou com o comando das duas Casas, dois postos na linha sucessória da Presidência da República e o controle total do processo legislativo conduzido por um grupo chamado sem cerimônia de "camarilha": Renan Calheiros, Gim Argello, Eunício Oliveira, Romero Jucá, Eduardo Braga, José Sarney e Vital do Rêgo.

Na Câmara, o espetáculo é comandado por Henrique Eduardo Alves em sintonia fina com o líder do PMDB, Eduardo Cunha, e a gentil colaboração de parte da bancada do PT.

Com isso e mais a vice-presidência, não admira que os pemedebistas proponham redução drástica de ministérios e desdenhem das seis pastas que ocupam e nas quais não mandam de verdade. Já têm poder que não acaba mais.

Essa correlação de forças faz o governo refém do PMDB e deixa parlamentares do PT queixosos de serem alijados pelo Planalto, obrigado a ceder os anéis ao parceiro de aliança.

Temerosos de perder também os dedos -vale dizer, a condição de renovarem seus mandatos - senadores petistas articulam um movimento de aproximação com os chamados independentes da base, os integrantes do "PMDB do bem" (Jarbas Vasconcelos, Pedro Simon e companhia) e até parlamentares do PSDB para confrontar a "camarilha".

Buscam um reequilíbrio, mas pode ser tarde depois de terem menosprezado o potencial de dano que representava a concentração de poder nas mãos do PMDB, apoiado a volta de Renan Calheiros ao comando do Senado, dado apoio a ele quando foi obrigado a renunciar à presidência em meio a denúncias, dado sustentação a Sarney na época do escândalo dos atos secretos, nepotismo e outras peripécias.

Hoje confessam: "Os caras são profissionais". E constatam: "Querem sugar o governo ao máximo e se a reeleição estiver ameaçada, nos jogar fora".

Fava contada. A saída de José Serra do PSDB é tida no partido como inevitável. Não que ele tenha comunicado a alguém essa decisão, mas a conclusão parte de um raciocínio lógico: sem espaço no partido para ser candidato à Presidência da República, Serra não teria nada a ganhar ficando nem nada a perder saindo.

Nessa altura da vida não seria candidato a deputado federal para ajudar oPSDB a aumentar abancadana Câmara, conforme uma das hipóteses correntes, e passar quatro anos sendo mais um dentro de um Parlamento desqualificado. Este mesmo critério vale para a possibilidade de se candidatar a senador.

A candidatura presidencial de Aécio Neves está consolidada, salvo algum tipo de imprevisto muito improvável de acontecer até o início de outubro, data-limite para troca de partido. Ao governo de São Paulo, o espaço está ocupado por Geraldo Alckmin, que tentará a reeleição.

Diante desse cenário, concluem políticos próximos a José Serra, a filiação ao PPS seria a opção. Não havendo remédio, os tucanos analisam que a saída não pode ser vista como uma "tragédia".

Embora uma possível candidatura presidencial de Serra represente um risco. Se de um lado ajuda a levar a eleição para o segundo turno, de outro divide o eleitorado tucano e poder deixar tanto Serra quanto Aécio fora da disputa final.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Vírus, tiros, tortura - Eliane Cantanhêde

Um milhão e meio de pessoas foram às ruas pedindo saúde, educação e dignidade. Associações médicas rompem com o governo por causa das novas regras para a profissão. Dilma rumina a queda nas pesquisas, o crescimento pífio do país, a birra do PT e as ameaças do PMDB. Enquanto isso...

Perto de 75 mil (75 mil!) pessoas contraíram um vírus e tiveram diarreia em Alagoas, com quase 50 (50!) mortos. O principal suspeito é a água usada para cozinhar, tomar banho, escovar os dentes. Atenção: Alagoas é Brasil, e o Brasil está entre as dez maiores economias do mundo.

Um tiroteio entre policiais e traficantes matou dez pessoas, inclusive um sargento do Bope e dois cidadãos que não tinham antecedentes criminais: um garçom de 35 anos e um engraxate de 16. Atenção: quem mora no Complexo da Maré também é brasileiro, e o brasileiro é um forte, tem direito à vida.

Quatro funcionários de um parque de diversões, entre 22 e 25 anos, foram presos e confessaram o assassinato de uma moça no Paraná, até que um mero exame de DNA mostrou que nenhum deles fizera sexo com a vítima. Soltos, eles disseram que foram espancados, empalados, eletrocutados e asfixiados com sacos plásticos, mesmo após a "confissão". Exames comprovam os maus-tratos. Atenção: bate, depois investiga? Tortura nunca mais!

Vândalos infiltrados entre manifestantes que fazem vigília diante do apartamento do governador do Rio quebram e arrebentam lojas, bancos, prédios, bancas de jornais e tudo o que veem à volta, enquanto a polícia, aturdida, balança entre fazer o que tem de ser feito e simplesmente cruzar os braços para não ser acusada de violência. Atenção: isso é "democratice", não democracia.

No Brasil das eleições, discutem-se constituinte exclusiva, plebiscito, recesso, corte de ministérios e se o melhor aliado é o PMDB ou o PSB. No Brasil real, o pau está quebrando.

Ah! E o papa vem aí.

Fonte: Folha de S. Paulo

Visita de Francisco - Tereza Cruvinel

A passagem de Francisco pelo Brasil reforça sentido de mudança que está nas ruas, mas por outros caminhos

A maior população católica do mundo, que reúne 123 milhões de fiéis, prepara-se para receber amanhã o papa Francisco. Embora a proporção dos que se declaram católicos tenha caído de 92% para 65% nos últimos 30 anos, segundo o IBGE, a marca da Igreja Católica na formação cultural do Brasil é indelével. Vitor Meirelles plasmou-a, como emblema estético maior, em seu grandioso quadro A primeira missa no Brasil. O que Francisco disser no Brasil sinalizará para o mundo os rumos da Igreja em seu pontificado, já marcado por forte inflexão na ação pastoral e política. Ele vem externando a opção preferencial pelos pobres e tomando medidas moralizantes na gestão do Vaticano.

O papa encontra um Brasil agitado por manifestações em que o exercício da cidadania se perde nos desvãos da barbárie e do terror. Isso vem de junho, mas degringolou de vez na noite de quarta-feira no Rio, ampliando a preocupação dos governantes com a segurança dele. Para ter contato direto com o povo, como vem fazendo desde a sagração, Francisco recusou-se a usar carro blindado e a mudar a programação. Pelo contrário, soube-se na sexta-feira que fará um passeio pelo Centro do Rio, no Papamóvel aberto, que não estava programado. O papa, informou o Vaticano, não teme hostilidades contra sua pessoa. O afeto tem marcado mesmo as aparições públicas, mas, na terra do homem cordial, surgiu agora esse estranho desejo de estragar os grandes eventos.

A visita de Francisco traz esperança, dizem autoridades eclesiásticas. Qualquer que seja o complemento nominal para a palavra, há verdade na frase. Jorge Mario Bergoglio vem ao Brasil antes mesmo de visitar sua Argentina, por força da Jornada Mundial da Juventude, marcada antes de sua escolha, que rompeu com o eurocentrismo da Igreja e reforçou a visibilidade de nossa região espoliada, em sua fase de maior soberania e altivez, no campo da política. Foi na América Latina que vicejou, por meio de Leonardo Boff, do Brasil, e de Gustavo Gutiérrez, do Peru, a Teologia da Libertação (afora o alemão Gerhard Muller, que Francisco prestigiou colocando-o na chefia da mais importante congregação do Vaticano). Bergoglio, como cardeal argentino, não foi um pensador nem um ativista dessa tendência. Não se provou um suposto colaboracionismo com a ditadura, como quiseram alguns. Ficou evidente, por testemunhos diversos, que ele adotou uma postura pragmática de distanciamento, evitando mais problemas para a Igreja. Mas, na ação pastoral, tem dito Boff, ele sempre esteve ao lado dos fracos, dos pobres e dos oprimidos. E isso é o que importa.

Uma vez papa, ele vem prometendo uma nova Igreja. Adotou a simplicidade como estilo, vem renunciando às pompas e aos protocolos. Não faria diferente no Brasil, especialmente numa programação em que os jovens serão o público dominante. A Igreja precisa deles para estancar a perda de fiéis para outras crenças. Jovens que talvez não tenham participado de qualquer protesto e buscam, de outra forma, a esperança de mudança. A passagem de Francisco, na conjuntura que vivemos, reforça o sentido de mudança, mas por outros caminhos. A escalada que está nas ruas não tem a ver com o papa, com a solidariedade nem com a democracia.

O nó da saúde

O Programa Mais Médicos, que as corporações da medicina estão contestando por todos os meios, inclusive na Justiça, não será a redenção dos brasileiros na questão da saúde, mas resolverá uma parte do problema. A falta de médicos, sobretudo no interior e nas periferias, é um fato só ignorado por quem vive no fausto. Mas a solução estrutural depende mesmo é de novas fontes de financiamento de um serviço que a Constituição estabeleceu como universal, mas o Estado não consegue oferecer a contento.

Durante alguns anos, a cobrança da CPMF aportou recursos retirados de todos os brasileiros bancarizados. A fonte secou, chegou a hora de encontrar outra. Os 25% do royalties do petróleo virão a longo prazo e não serão suficientes. No Senado, foi criada uma comissão especial para estudar o assunto, que tem como relator o senador Humberto Costa (PT-PE), ex-ministro da Saúde. Na Câmara, há uma comissão similar, que tem como relator o deputado Rogério Carvalho (PT-SE). O governo deve estar fazendo seus estudos também.

A verdade é que, para investir na melhoria dos serviços públicos, o país precisaria de uma reforma tributária que taxasse os mais ricos, especialmente os rentistas e os especuladores. A CPMF caiu porque era injusta, tirava de todos e tolhia o crescimento. Mas, com o sistema político que temos, com esse presidencialismo de coalizão que aprisiona todos os governos, jamais será aprovada. Por isso é que se diz que a reforma política é a mãe das outras.

Forças estranhas

Depois que os protestos no Rio descambaram de vez para o vandalismo e a violência — embora tenha havido barbárie em outros locais —, o governador Sérgio Cabral (PMDB) criou um grupo de estudos para investigar as forças criminosas infiltradas e sugeriu a atuação de grupos organizados internacionais.

Desde o início da degeneração dos protestos, alguns núcleos acadêmicos examinam a hipótese da conexão internacional. Reservadamente, pois, com o clima de louvor aos manifestantes criado pelas mídias e endossado pelos governos, quem falasse nisso seria acusado de propagar teorias conspiratórias. Circula na internet, em listas restritas, por exemplo, um vídeo sobre a organização secreta The Iluminatis. Ligada aos cérebros do capitalismo central, ela atuaria, através de mercenários contratados, para desestabilizar países que, por razões políticas, descontentam a matriz do mundo. Ou que possuam riquezas e reservas de petróleo que precisam estar sob controle. Vamos ver o que descobre Cabral, além do fato de ter se tornado o governador mais impopular do país, e não apenas pelo desfrute de helicópteros do estado em atividades pessoais.

Fonte: Correio Braziliense

A história (in)finita da democracia direta - Gian Luca Fruci

A expressão “democracia direta” e o horizonte (imaginário) de participação política historicamente vinculado a ela reingressaram fortemente no discurso público italiano graças ao formidável aspirador — e, ao mesmo tempo, anestesiador — de movimentos sociais representado pelo “Movimento 5 Estrelas” (M5S), que canalizou as mais diversas mobilizações da última década numa narrativa consoladora do “povo virtuoso” em luta irredutível contra a “casta política” e o seu principal articulador novecentista — a forma-partido —, respondendo com um discurso abrangente, tradicionalmente ni droite ni gauche, às demandas difusas de transformação social e política [1].

A hibridização entre retórica antipolítica, ou mais precisamente contra a política, e diretismo procedimental é, por sua vez, um desdobramento fundamental da constelação discursiva que contesta, desde as origens, a democracia representativa, contrapondo a esta a simplicidade e a evidência “objetiva” de soluções alternativas baseadas na ausência de delegação e no envolvimento imediato (e contínuo) dos cidadãos na gestão da coisa pública. Na França, logo após a desilusão com a primeira experiência europeia de sufrágio universal direto (masculino) — que levou, em abril de 1848, à escolha de uma Assembleia Constituinte moderada e, em maio de 1849, ao triunfo eleitoral dos conservadores —, o universo republicano derrotado mergulhou, entre a primavera de 1850 e o verão de 1851 (portanto, bem antes do golpe de Estado do príncipe-presidente Luís Napoleão Bonaparte), num amplo debate que identificou aquilo que, na linguagem da época, se chamava de “representomania” como principal responsável por um resultado considerado não apenas imprevisto, mas também (e sobretudo) inconcebível do exercício eleitoral da soberania popular. Plus d’élections, plus de représentants du peuple intitulava-se significativamente um opúsculo, que reapresentava a velha ideia de sorteio dos deputados, enquanto naquele contexto, não à toa, apareceram pela primeira vez expressões como “governo direto”, “legislação direta” e “democracia direta”, desconhecidas do vocabulário político da Revolução Francesa e da primeira metade do século XIX [2].

Termos sinônimos utilizados para imaginar um novo regime político, baseado fundamentalmente na inversão do pressuposto conceitual (e funcionalista) que sustentara até 1848 a reivindicação do voto universal: o “povo eleitor” reunido em assembleia não é capaz de se autogovernar, mas sabe perfeitamente escolher os melhores e os mais sábios como governantes [3]. De fato, a filosofia de governo direto prevê que o “povo eleitor”, considerado propenso a se enganar e a ser enganado quanto às pessoas, seja substituído pelo “povo legislador”, que, graças ao seu bom senso, não pode se equivocar quando discute ideias, princípios, interesses, e é levado naturalmente (e facilmente) para a deliberação sobre textos e quadros normativos. A formulação da democracia direta se coloca, portanto, no quadro de uma hipersimplificação do político, que se recusa a pensar não só a representação, mas também (e sobretudo) o poder executivo, denunciado como usurpador da soberania popular, e no âmbito de uma harmonia destituída de conflito, que subentende a unanimidade em nome da obviedade objetiva das decisões.

Na Itália, onde a crítica ao parlamentarismo do período liberal tem como correspondente simétrico a condenação à partidocracia da época republicana, o nexo entre contrapolítica, apelo ao povo (na forma sofisticada da “sociedade civil” ou na versão comum das “pessoas”) e democracia direta aparece, se possível, ainda mais forte, emergindo recorrentemente em diversos momentos de crise da história pós-unitária [4]. Isto é visível precisamente na trajetória editorial do principal texto teórico que, na Península, se encarregou de pleitear a causa do diretismo, a saber, o pequeno livro do intelectual republicano-socialista Giuseppe Rensi, publicado pela primeira vez em 1902, na Suíça, logo em seguida à crise de final do século, com o título Os antigos regimes e a democracia direta. Reeditada em 1926 com o titulo abreviado A democracia direta, após a tomada definitiva do poder pelo fascismo, que o autor havia considerado de maneira favorável por um breve momento, esta obra foi, por fim, republicada pela editora Adelphi, sob os cuidados de Nicola Emery, tanto em 1995 quanto em 2010, concomitantemente com duas agudas — e, em muitos aspectos, análogas — conjunturas de contestação do sistema político e, consequentemente, da legitimidade da democracia representativa republicana fundada entre 1946 e 1948 [5].

Não se sabe se o ex-cômico Beppe Grillo e o empresário Gianroberto Casaleggio alguma vez leram Rensi, que terminou sua carreira acadêmica como professor de Filosofia Moral na Universidade de Gênova, mas deve-se sublinhar que o discurso antipartido de ambos é perfeitamente simétrico à critica radical dirigida à classe política, que Rensi retomava, com o próprio conceito, de Gaetano Mosca, estudioso conservador e nostálgico da Direita histórica e inquiridor polêmico “de uma política expressiva não mais da sociedade civil, mas de si mesma — ou seja, da classe que vive de política” [6]. Nos seus textos programáticos, os dois colíderes do Movimento 5 Estrelas profetizam o advento iminente da democracia direta, apresentando-o como um produto inevitável da revolução digital em curso, que tornaria possível a realização virtual de um horizonte utópico de expectativas que perpassa toda a história da democracia moderna: a simultânea e imediata participação de todo o corpo político nas deliberações numa unidade de tempo e lugar, segundo o modelo mítico (e mitificado) da democracia clássica [7]. De fato, foi a partir da inviabilidade desta aspiração em espaços estatais de grandes dimensões que surgiu historicamente o discurso minimalista a favor da democracia representativa, apresentada como sucedâneo da desejada, mas irrealizável, democracia absoluta dos antigos. No imaginário “cinco estrelas”, a sacralização da “Rede” (grafada, com deferência, com “r” maiúsculo) se configura, assim, como a solução prática de uma aporia constitutiva da tradução procedimental da soberania popular, que parece tão mais eficiente quanto mais olha para o passado e se projeta no futuro, deixando indefinida e problemática sua concretização no presente.

Isto ocorre em perfeita continuidade com a história da democracia direta, que é principalmente uma narrativa (in)finita, reapresentada pelos seus diferentes speakers como sempre igual a si mesma e colocada constantemente em outro lugar, temporal ou espacial (a Atenas de Péricles, a Comuna de Paris, a Rússia dos Sovietes, os Cantões helvéticos da Landsgemeinde, o Chiapas do subcomandante Marcos, o blog de Grillo). Em suma, o não-lugar representado pela rede, com seus potenciais desenvolvimentos tecnológicos, assume hoje, para Grillo e Casaleggio, uma função mitopoética análoga à das Comunas medievais para Jean Charles Léonard Simonde de Sismondi (Histoire des républiques italiennes du Moyen-âge, 1807-1808), ou da ilha de Pasquale Paoli para Jean-Jacques Rousseau (Projet de Constituition pour la Corse, 1765). Hoje como ontem, o discurso da democracia direta se revela, portanto, eminentemente polêmico e antinômico, além de imaginário. Sua força não deriva da credibilidade dos modelos propostos ou mesmo só evocados. Deve seu sucesso quase exclusivamente à realidade que denuncia e proclama querer mudar profundamente, e extrai sua legitimação de uma ideia teleológica do desenvolvimento histórico, baseada, no século XIX, num racionalismo político de derivação revolucionária e, hoje, num superinvestimento nos poderes taumatúrgicos da “Rede”.

Entretanto, resulta paradoxal o fato de que o revival da democracia direta e a proposta de um paradigma de participação absoluta e contínua ressurjam — não apenas na Itália — precisamente quando a filosofia e a historiografia política contemporânea refletem sobre a originalidade e o perfil autônomo (e de modo algum derivado) da democracia representativa, a partir de autores liberais radicais como Condorcet e Thomas Paine, o qual, em 1792, escrevia significativamente que, “se tivesse tido a representação”, Atenas teria “superado sua própria democracia” [8]. Faz tempo que, no plano teórico e também no histórico, a dicotomia entre a democracia dos antigos e a dos modernos pode-se dizer, de fato, superada em favor de uma ideia mais articulada da representação, que não se exaure no momento eleitoral, mas se configura como um processo político complexo, capaz de integrar uma pluralidade de arenas participativas e estabelecer um canal contínuo de comunicação, condicionamento e vigilância entre representados e representantes [9]. Nesse sentido, é necessário trabalhar e inovar com fantasia criadora no plano institucional, tendo em conta que a democracia, antes de ter uma história, é ela própria uma experiência histórica e, portanto, um laboratório conceitual e prático do nosso presente a que se deve recorrer inventivamente para responder às tensões e às crises (velhas e novas) que apresentam os sistemas democráticos desde as próprias origens [10].

Gian Luca Fruci é pesquisador de História Política da Universidade de Pisa. Artigo publicado em Italianieuropei, 5/6, 2013, p. 40-4.

Notas

[1] Sobre esta análise provocadora e extravagante, ver Ming, Wu, “Il Movimento 5 estelle ha difeso il sistema”, Internazionale, 25 fev. 2013, disponível em www.internazionale.it/news/italia/2013/02/26/il-movimento-5-stelle-ha-difeso-il-sistema-2; Ciccarelli, R., “Intervista a Wu Ming. Grillo cresce sulle macerie dei movimenti”, Il Manifesto, 1º mar. 2013. Para uma investigação ampla, mas interpretativamente mais asséptica, ver Diamanti, I., Natale, P. (orgs.), “Grillo e il Movimento 5 Stelle. Analisi di un ‘fenomeno’ politico”, Comunicazione politica, 1/2013; Biorcio, R., Natali, P., Politica a 5 stelle. Idee, storia e strategie del movimento di Grillo, Milão, Feltrinelli, 2013; Corbetta, P., Gualmini, E. (orgs.), Il partito di Grillo, Bolonha, Il Mulino, 2013.

[2] Rosanvallon, P., La démocratie inachevée. Histoire de la souveraineté du peuple en France. Paris, Gallimard, 2000, p. 157-79.

[3] Fruci, G. L., “La banalità dela democrazia. Manuali, catechismi e instruzioni elettorali per il primo voto a suffragio universale in Italia e in Francia (1848-49)”, in Romanelli, R. (org.), “A scuola di voto. Catechismi, manuali e istruzioni elettorali fra Otto e Novecento”, Dimensioni e problemi dela richerca storica, 1/2008, p. 17-46.

[4] Lupo, S., “Il mito dela società civile. Retoriche antipolitiche nella crisi dela democrazia italiana”, Meridiana. Revista di storia e scienze sociale, 38-39/2000, p. 17-43; idem, Partito e antipartito. Uma storia politica dela prima Republica (1946-1978), Roma, Donzelli, 2004; idem, Antipartiti. Il mito dela nuova politica nella storia dela Republica (prima, seconda, terza), Roma, Donzelli, 2013.

[5] Rensi, G., Gli anciens régimes e la democrazia direta. Saggio storico politico, Bellinzona, Colombi, 1902; idem, La democracia direta, Roma, Libreria politica moderna, 1926. A obra foi também reeditada entre 1943 e 1945, respectivamente em Roma (pela renascida Libreria politica moderna, com o titulo Forme di governo del passato e dell’avvenire) e Milão (pela Libreria editrice milanese, com o titulo Governi d’ieri e di domani).

[6] Lupo, S., “Il mito...”, cit., p. 21-2

[7] Casaleggio, G., Grillo, B., Siamo in guerra. Per una nuova política, Milão, Chiarelettere, 2011, p. 7-15, 61-8; Fo, D., Casaleggio, G., Grillo, B., Il grillo canta sempre al tramonto. Dialogo sull’Italia e il Movimento 5 Stelle, Milão, Chiarelettere, 2013, p. 84-96.

[8] Citado em Urbinati, N., Lo scettro senza il re. Participazione e rappresentanza nelle democrazie moderne, Roma, Donzelli, 2009, p.11.

[9] Rosanvallon, P., La légitimité démocratique. Imparcialité, réflexivité, proximité, Paris, Seuil, 2008; Urbinati, N., Democrazia rappresentativa. Sovranità e controlo dei poteri, Roma, Donzelli, 2010.

[10] Rosanvallon, P., “L’universalisme démocratique: histoire et problèmes”, Esprit, jan. 2008, p. 104-20.

Tradução: Alberto Aggio

Fonte: Italianieuropei &Gramsci e o Brasil.