Oposição quer ouvir a ex-chefe do escritório da Presidência em São Paulo. Na tentativa de acelerar os trâmites, tucanos vão mobilizar parlamentares durante a votação de hoje
Paulo de Tarso Lyra
O indiciamento de Rosemary Noronha por formação de quadrilha na Operação Porto Seguro, somado às acusações de corrupção passiva, tráfico de influência e falsidade ideológica, aumenta a pressão da oposição para que ela vá ao Congresso. Ontem, o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) apresentou, durante discurso na tribuna, um organograma da quadrilha que atuava na venda de pareceres técnicos e jurídicos a empresas com contratos com o governo. E mostrou que a ex-chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo tinha papel de destaque no grupo. “Não podemos ficar assistindo passivamente a uma quadrilha montada a partir do escritório da Presidência”, declarou Dias.
O parlamentar vai aproveitar o dia de Casa cheia devido à votação do requerimento de urgência sobre os vetos à lei dos royalties de petróleo (leia mais na página 6) para reunir a oposição. Ele quer acelerar a votação de requerimento de convocação de Rosemary na Comissão de Infraestutura, presidida pela senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO).
Alvaro Dias lembra que, “desde o início”, ficou claro que Rosemary não era apenas mais uma integrante do grupo, tendo influenciado diretamente na indicação dos irmãos Paulo Vieira para uma diretoria da Agência Nacional de Águas (ANA) e de Rubens Vieira para a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). “Ela foi a responsável direta pela escalação dos times e depois mantinha relacionamento direto com os demais integrantes da quadrilha”, reforça o senador do PSDB.
Desde que a crise estourou, a oposição tenta levar Rose, como é conhecida, para o Senado. Mas os movimentos enfrentam blindagem sistemática por parte do governo e do PT, receosos do que ela poderia dizer caso se sentisse pressionada pelos senadores. Tanto no partido quanto no governo, Rose é vista como uma pessoa instável emocionalmente e que poderia “se atrapalhar e expor situações embaraçosas caso se sinta ameaçada”, disse um interlocutor petista.
Essa instabilidade emocional teria se evidenciado em dois momentos. O primeiro ocorreu durante a deflagração da Operação Porto Seguro, no último dia 23. Ao ver que agentes da PF vasculhavam sua mesa no escritório da Presidência, Rose tentou ligar para o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em busca de ajuda. Não conseguiu. Ligou então para o ex-chefe da Casa Civil José Dirceu, que afirmou “nada poder fazer por ela”.
Internação
Outro sinal de insegurança foi dado ontem. Após ter sido indiciada por formação de quadrilha, Rose sofreu uma crise nervosa e foi levada a um hospital para ser medicada, mas retornou para casa em seguida.
A estratégia do governo para evitar que a crise aumente é transferir a atenção para outros problemas que o Planalto tem para resolver — a votação do veto presidencial ao projeto dos royalties e a aprovação da Medida Provisória 579, que define novas regras de concessão para as empresas estaduais de energia.
Fonte: Correio Braziliense
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