Victor Martins
As previsões para a economia brasileira têm piorado cada vez mais. Depois que o IBGE divulgou um avanço de apenas 0,6% do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre do ano, e os dados mais recentes dos índices de preços mostraram a carestia em alta, especialistas preveem mais inflação e menos crescimento para o país, uma situação que tem assustado investidores. Em relatório divulgado ontem, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) se juntou aos críticos da política econômica praticada pelo Ministério da Fazenda e admitiu frustração com o desempenho brasileiro. "No Brasil, surgiram sinais de que a dinâmica de crescimento positiva, prevista nos últimos meses, está se dissipando", resumiu a entidade. Em contrapartida, países que estavam mergulhados na crise, como os Estados Unidos e a Grã-Bretanha, na avaliação da OCDE, dão sinais de retomada.
Dados do boletim semanal Focus, no qual o BC coleta as expectativas de 100 analistas e consultores, refletem o desalento que tomou conta do mercado e dos investidores. A projeção para a alta do PIB em 2012 encolheu de 1,27% para 1,03%, o quarto recuo consecutivo na previsão, uma sequência que pode continuar nas próximas semanas. Para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), as estimativas subiram de 5,43% para 5,58%. Esses números, segundo especialistas, indicam uma crise de confiança do setor privado, que reclama do excesso de intervenção do governo no mercado e do risco que essa atitude traz para os negócios.
Nem mesmo os incentivos dados pelo governo a vários segmentos produtivos mudam essa avaliação. "Parte dos estímulos foi contraproducente", observou Zeina Latif, sócia da Gibraltar Consulting. "Muitos acham que está havendo intervenção demais e isso gera um ambiente ruim."Carlos Thadeu de Freitas, economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC) e ex-diretor do Banco Central, lembra alguns avanços, como a desoneração da folha de pagamento de ramos da indústria. Ele reclama, porém, uma agenda mais produtiva e uma gestão ágil dos investimentos públicos. "O grande problema do Brasil é um só: competitividade", afirmou.
Fonte: Correio Braziliense
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