Noticia de hoje, 04 de setembro, jornal O Vale: "A piora de indicadores macroeconômicos, o aperto no crédito e a falta de reformas estruturais fizeram o Brasil cair oito posições no ranking de competitividade internacional. De acordo com o Relatório de Competitividade Global de 2013–2014, divulgado nesta terça-feira (3) pelo Fórum Econômico Mundial, o Brasil ficou na 56ª posição entre 148 países analisados."
A realidade do mundo econômico é cruel, justo ou injusto, responde exatamente ao que os agentes econômicos estabelecem para si próprios. Até o boteco da esquina, mal administrado, defasado dos padrões administrativos e gerenciais de sua época e distante dos desejos e necessidades de seus clientes tende a perder espaço, credibilidade e mercado. Com países o processo, mais complicado e cheio de mediações, é parecido e o Brasil está mostrando isso claramente.
Não bastam mais as operações macroeconômicas, a ação sobre índices, a profusão de regulamentações, a manipulação financeira e/ou no crédito. Isso quase todos os países fazem, uns melhor outros pior. É essencialmente o que o Brasil está fazendo há quase três décadas, desde o Plano Real e só.
Por mais que o marketing e o mercado financeiro sejam o fetiche da economia contemporânea a riqueza ainda depende da produção concreta de coisas, de mercadorias, de serviços, de gente trabalhando e, de preferência, produzindo mais, melhor e mais barato.
É aí que o Brasil derrapa e tem como resultado essa queda na competitividade mundial. Esgotados os resultados benéficos do fim da inflação, com o consequente aumento do poder de compra de salários e do capital, esgotado também os estímulos do consumo via crédito fácil, parece ficarem esgotadas também as "soluções mágicas" assentadas apenas na "macroeconomia".
Não se enxergam agora atalhos de saída retóricos, regulatórios ou de bravatas, que prescindam de trabalho e sem que esse trabalho seja assentado em aumento significativo da produtividade (e com um mínimo de honestidade).
Mas nem só no governo se vê essa lógica perversa. O caso Eike Batista é exemplar. Enquanto seus movimentos empresarias se concentraram no marketing, na conversa, no lançamento de ações nas Bolsas, na criação de empresas nas mais diversas áreas, na apresentação de projetos mirabolantes, na obtenção de empréstimos bilionários (com o nosso dinheiro no BNDES, já que era amigo do rei), chegou a ser o oitavo homem mais rico do mundo, fortuna de mais de 40 bilhões.
Daí faltou o resultado de trabalho concreto, o porto não foi construído, não veio petróleo do poço, não veio minério na mina, o hotel não ficou pronto, não conseguiu aprovação do centro de convenções em área de preservação de patrimônio histórico, um monte de lambanças. E a fortuna evaporou.
Do lado do poder público a mesma síndrome parece acometer seus agentes, basta ver o que ocorre com o trem-bala, com a transposição do São Francisco, com novos portos, aeroportos e ferrovias, com as reformas tributária, previdenciária, trabalhista ... Falta trabalho e produtividade e o pior é que dá para imaginar que não seja porque não queiram. Passados 10 longos anos de estágio, parece que é porque não sabem mesmo o que é isso.
Urbano Patto é Arquiteto-Urbanista, Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional, dirigente do Partido Popular Socialista (PPS) de Taubaté e do Estado de São Paulo. Comentários, sugestões e críticas para urbanopatto@gmail.com
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