É possível que o STF determine, nas próximas horas ou dias, a prisão de José Dirceu e dos seus companheiros de mensalão. Mas o julgamento mais importante da história do Brasil ainda pode acabar como "piada de salão", como profetizou, anos atrás, o ex-tesoureiro petista Delúbio Soares.
Dirceu e colegas de partido planejam fazer um discurso após a definição sobre a ordem de prisão, dizendo-se vítimas de perseguição política --como se estivessem em plena ditadura ou sendo julgados por uma corte de exceção. É o que os advogados chamam jocosamente de "jus esperneandi" ou "direito de espernear".
Articula-se, inclusive, a realização de atos de desagravo à turma pelo país, se é que os mensaleiros conseguirão reunir mais do que algumas dezenas de incautos dispostos a ampará-los publicamente. Lula e Dilma, com certeza, não estarão entre eles.
Aliás, não é preciso lembrar a ninguém que o PT está há dez anos no comando do país e que os dois presidentes citados indicaram a maioria dos ministros que participam do julgamento no Supremo --Joaquim Barbosa, inclusive.
Tampouco é segredo que um deles, José Antonio Dias Toffoli, não apenas foi advogado de campanhas de Lula como assessorou Dirceu na Casa Civil. E nem assim se considerou impedido de julgar o ex-chefe. Perseguição política?
Mas, em se tratando de Dirceu, é melhor ficar atento. O petista tem uma biografia intensa e espetaculosa. Foi um dos líderes estudantis presos no famoso congresso de Ibiúna, fez treinamento guerrilheiro em Cuba, viveu clandestinamente no interior do Brasil após fazer uma plástica que alterou seu rosto, participou da fundação do PT e tornou-se o homem mais forte do governo Lula até cair com o escândalo do mensalão.
Não seria por falta de audácia que o ex-ministro deixaria de pedir asilo político a alguma embaixada latino-americana.
Fonte: Folha de S. Paulo
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