Amanda Almeida e Julia Chaib – Correio Braziliense
O pré-candidato à Presidência e ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), classificou ontem o Mais Médicos — uma das principais apostas eleitorais da presidente Dilma Rousseff — como uma iniciativa que será "fortemente derrotada". Contraditoriamente, porém, ele disse que manterá o programa caso seja eleito. Campos alegou que não se pode "retirar médicos de comunidades que não têm alternativas".
Para o presidenciável, o governo lançou o programa porque não tinha nada para mostrar na área de saúde. "Num primeiro momento, parece vitorioso, mas, em um segundo momento, será fortemente derrotado. Se fosse só trazer médico de fora, seria muito simples", criticou. Para uma plateia formada por estudantes e médicos, em evento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), ele disse que o governo manipulou o discurso para que a política fosse apoiada pela população.
"Ninguém ia ficar contra trazer médicos de onde viessem", disse, se referindo à falta de profissionais no Norte e no Nordeste do país. Para ele, um dos problemas da iniciativa é não resolver a falta de infraestrutura e de mão de obra qualificada para procedimentos de média complexidade. "À medida que se leve a ação básica para municípios que não tinham e que se verifique que é necessário dar continuidade a determinado tratamento, para onde essas pessoas serão encaminhadas?", questionou.
O Mais Médicos foi lançado por Dilma em julho do ano passado. A proposta era aumentar o número de profissionais no país, com foco na atenção básica, e de vagas de graduação em medicina. Entre os pontos que causaram mais polêmica, estão o contrato dos cubanos, que inclui repasse de dinheiro ao governo de Cuba por intermédio da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), e a dispensa da revalidação do diploma para médicos estrangeiros.
Campos disse que fará auditoria nos contratos se eleito. "Vamos fazer um estudo sobre os contratos e o efeito da presença desses médicos. Precisamos de uma formação médica no país em quantidade suficiente para, amanhã, não precisarmos importar. Não vamos, no entanto, devolver ou retirar os médicos de hoje", disse. O político ainda elogiou a categoria. "A posição dos médicos não é corporativista, é de responsabilidade", afirmou, se referindo aos protestos diante da chegada de cubanos.
Velha República
A ex-senadora Marina Silva, candidata à vice na futura chapa de Campos, também partiu ontem ao ataque contra o PT. Segundo ela, o ex-presidente Lula teve o governo "tutelado" pelo senador José Sarney (PMDB-AP). Já o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, para Marina, foi influenciado pelo ex-senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), morto em 2007.
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