• Em SP, socialista critica Mais Médicos, mas afirma que manteria programa
Germano Oliveira e Sergio Roxo – O Globo
SÃO PAULO- O pré-candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, disse ontem, em São Paulo, que ele se considera politicamente à esquerda do pré-candidato do PSDB, Aécio Neves.
Campos foi incisivo ao responder a uma pergunta sobre as diferenças entre ele e Aécio:
— Eu acho que dá (para estar à esquerda de Aécio). Dá, em função dos posicionamentos históricos que sempre adotamos na nossa origem política, na nossa caminhada, do posicionamento do nosso partido em relação a algumas matérias. A gente tem identidade muito própria que comprova o nosso posicionamento.
Isso não impede que nós possamos dialogar, que possamos ter entendimentos comuns em uma série de matérias.
Campos, que ontem visitou uma grande feira de supermercadistas em São Paulo, realizada no Expo Center Norte, voltou a defender a mudança do manifesto do PSB, escrito em 1947, que prevê, entre outras coisas, a “socialização dos meios de produção” e limites à propriedade privada. A mudança deverá acontecer até a convenção do partido no dia 10 de junho, para definir os princípios do partido.
— Trata-se de um documento histórico, da fundação do partido em 1947, e está na História do partido. Depois disso, o partido já se posicionou em programas de outra forma, e agora, no congresso de 10 de junho, vamos apresentar um manifesto para 2014, que fala sobre o Brasil de hoje. É a mesma coisa que comparar a carta de Pero Vaz de Caminha com a Constituição de 1988.
Mais cedo, em palestra na Faculdade de Medicina da USP, Campos criticou o Mais Médicos, programa de contratação de médicos estrangeiros pelo governo federal para suprir regiões mais carentes. O ex governador de Pernambuco, porém, disse que não acabaria com o programa em eventual governo.
— Não vamos resolver o problema da Saúde no Brasil importando médicos. É muito mais complexo do que isso — disse Campos, ao responder a uma pergunta do diretor da faculdade, Giovani Cherini.
Na avaliação de Campos, o Mais Médicos, ao aumentar o número de pessoas que recebem atendimento básico, criará um gargalo na busca de consultas de média complexidade:
— O governo está criando um processo que num primeiro momento parece vitorioso, mas, no segundo momento, será fortemente derrotado.
O candidato acrescentou que a ampliação da ação básica “vai apontar a necessidade de uma ação de financiamento e estruturação na média complexidade bem diferente do que o Brasil tem hoje no interior”. Indagado se manteria o Mais Médicos, Campos respondeu:
— Precisamos é de formação médica na quantidade suficiente, e com qualidade, para amanhã não importarmos médicos.
Mas não vamos retirar os médicos que estão hoje assistindo comunidades que não têm outra alternativa
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