• Presidenciáveis que lideravam pesquisas no início do horário eleitoral sempre venceram as disputas, desde 1989
• Neste ano, porém, situação é peculiar, por ter dois oposicionistas com um alto patamar de intenção de votos
Fernando Rodrigues - Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - As seis eleições presidenciais diretas pós-ditadura mostram que quem começou o horário eleitoral liderando pesquisas de intenção de voto acabou vencendo o pleito.
Nunca houve uma virada a partir do início dos comerciais eleitorais, independentemente de quanto tempo cada candidato tinha disponível no rádio e na TV.
Seria um equívoco concluir que esse é um padrão imutável, pois há poucas eleições para fazer tal afirmação. O fato é que, até hoje, quem está na frente nas pesquisas de intenção de voto no início do horário eleitoral vence a disputa presidencial.
Houve nuances nos seis casos (1989, 1994, 1998, 2002, 2006 e 2010). Em três eleições presidenciais (1994, 1998 e 2010), o candidato vencedor teve mais tempo de TV.
O que parece fazer diferença é o momento pelo qual passa o país. Em anos de economia em baixa e governos mal avaliados (1989 e 2002), ganha um candidato de oposição, mesmo sem ter o maior naco do horário eleitoral.
Em 1989, ano da primeira eleição presidencial direta pós-ditadura militar (1964-1985), os candidatos que representavam o establishment da época eram detentores do maior tempo no horário eleitoral --Ulysses Guimarães (PSDB) e Aureliano Chaves (PFL, o antigo nome do DEM).
Ulysses e Aureliano começaram na TV com 2% e 1% de intenções de voto, respectivamente. Tiveram amplo espaço, mas nunca decolaram. No final, ficaram em 7º e 9º lugares. Naquele ano foram ao segundo turno Fernando Collor (PRN) e Lula (PT), que tinham só cinco minutos por bloco de propaganda.
Em 2002, Lula teve 5min19s no horário eleitoral. Mas começou o programa com 37% de intenções de voto. José Serra (PSDB), o candidato do governo, teve 10min23s na TV e no rádio, só que pontuava 13%. O petista ganhou.
Quatro anos depois, Lula ganhou a reeleição, mas não conseguiu uma grande aliança. Ficou com 7min12s na TV. Seu adversário principal em 2006, Geraldo Alckmin (PSDB), tinha 10min13s. A diferença foi que o petista entrou no horário eleitoral já com 47% no Datafolha, contra apenas 24% do tucano.
Apenas em 1994 houve empate técnico na pesquisa entre dois candidatos no início da propaganda. Lula tinha 32% contra 29% de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). O tucano, que venceu a disputa, tinha ampla vantagem no tempo de TV (7min49s X 3min31s), além do Plano Real que começava a dar certo.
Neste ano, Dilma Rousseff tem o maior tempo de TV (11min24s) e teve 36% no Datafolha na semana anterior ao início do horário eleitoral.
A peculiaridade desta disputa em relação às demais é que os dois candidatos de oposição estão empatados num patamar alto: Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB) registram 21% e 20% no Datafolha, respectivamente. Marina tem 2min3s na TV, e o tucano, 4min35s.
Se Marina ou Aécio vencer a eleição, o fato será inédito na atual fase democrática do país: nunca um candidato a presidente ganhou tendo começado o horário eleitoral com pouco tempo de TV e atrás nas pesquisas.
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