• O Brasil viveu uma experiência que não foi boa com a atual presidente
• Tucano ironizou depoimento de aliado da ex-senadora que mencionou aliança com FH
Luiz Ernesto Magalhães – O Globo
RIO — O candidato à presidente da República Aécio Neves (PSDB) disse, na manhã desta segunda-feira, que a candidatura da ex-senadora Marina Silva (PSB) vive uma “onda” que vai passar. O senador disse também estar confiante que vai disputar o segundo turno. Em sua avaliação, o cenário eleitoral tende a ser mais real em 15 ou 20 dias e será demonstrado por futuras pesquisas eleitorais. As declarações foram dadas após Aécio participar de um ato de campanha na Rua da Alfândega, na Saara, polo de comércio popular no Centro do Rio.
— As pesquisas que virão após os debates, em 15 ou 20 dias, darão um quadro mais real. Espero estar no segundo turno. Temos a experiência de quem já fez. Política e eleições funcionam muitas vezes como esse mar maravilhoso que banha o Rio de Janeiro. As ondas vêm. No início do ano ninguém achava que teria segundo turno e a eleição estava ganha pela atual presidente, na avaliação inclusive de especialistas. Depois surgiu o fenômeno de uma candidatura nova do Eduardo (Campos), que seria avassaladora, o que acabou não acontecendo. Depois veio o avanço nosso, se consolidando o lugar no segundo turno. Vem o episódio Marina agora — disse Aécio em entrevista à Rádio Saara.
A declaração do tucano foi uma resposta a uma pergunta do apresentador que pediu que ele avaliasse o fato de pesquisas eleitorais divulgadas após a morte de Eduardo Campos terem apontado que Marina, sua substituta, aparecia tecnicamente emparada com ele.
Aécio também ironizou a entrevista dada pelo economista Eduardo Gianetti da Fonseca, publicada nesta segunda-feira no jornal “Folha de S. Paulo”. Segundo Giannetti, caso seja eleita, Marina pretende buscar apoio no PT e PSDB para formar suas equipes.
— Não sei se é um bom começo para quem tem que apresentar ou viabilizar propostas. Nós temos as melhores para o Brasil. Temos os melhores quadros para colocá-las em prática, para resolver o drama da saúde pública, melhorar a qualidade da educação e para gerir a economia. Eu fico muito honrado em ouvir referências positivas aos nossos quadros. Mas o que acho que vai prevalecer é o software original. Quem vai governar é o PSDB com seus aliados e, obviamente, com figuras qualificadas e também de outras partidos — disse Aécio.
O candidato acrescentou:
— O que acho que vai vencer é a nossa capacidade de transformar proposta, as nossas boas intenções em realidade. Ninguém tem propostas em condições melhores que a nossa. A própria declaração do meu amigo Gianetti é que ele encontra no PSDB os quadros mais qualificados
O tucano acrescentou ainda que o cenário de uma possível reviravolta no quadro eleitoral existe, mas seria circunstancial.
— Todos nós fomos extremamente abalados com a morte trágica de Eduardo Campos. Isso, claro, trouxe uma modificação clara, pelo menos momentânea, no quadro eleitoral. O que é essencial é o que cada candidatura representa. A nossa continua representando a mesma coisa de antes do acidente. Um projeto novo de política onde nós achamos que temos mais do que as outras candidaturas. Nos debates vamos confrontar nossas ideias com os outros candidatos.
O candidato afirmou que o PSDB tem os melhores quadros para fazer com que a Segurança Pública esteja mais próxima das pessoas, a saúde melhore e que a educação possa ser de qualidade.
— O grande desafio não é vencer as eleições. Mas vencer e governar — disse o candidato.
O senador voltou a fazer críticas a administração da presidente da República, Dilma Rousseff, que tenta a reeleição pelo PT:
— O Brasil viveu uma experiência que não foi boa com a atual presidente. Legará ao sucessor o pior cenário econômico, com uma inflação saindo do controle e crescimento baixo. E, do ponto de vista da gestão, foi um desastre porque o Brasil se transformou num grande cemitério de obras abandonadas.
Após a entrevista à Rádio Saara, o candidato prometeu se empenhar para ajudar a desenvolver ainda mais as micro e pequenas empresas.
— Queremos cada vez mais diminuir a burocracia. Uma das primeiras propostas que encaminharei ao Congresso será a simplificação do nosso sistema tributário. Temos que dar mais condições de competitividade, em especial focada no micro e pequeno empresário, que mais empregam na economia brasileira. Essa simplificação ajudará a trabalhar na redução da carga de impostos. Só existe emprego onde existe crescimento. E os últimos números do cadastro do Ministério do Trabalho são preocupantes. Tivemos o pior mês de julho desde 1999 na geração de empregos e nos três meses anteriores, comparativamente a outros anos, foram os piores da última década — disse o candidato.
Antes da entrevista, Aécio fez uma caminhada de cerca de 50 minutos pela Rua da Alfândega onde cumprimentou e tirou fotos com comerciantes e populares. O corpo a corpo foi tumultuado devido a concentração de cabos eleitorais e de muitos candidatos a deputados estadual e federal. Alguns comerciantes não esconderam a irritação devido ao tumulto ocorrido no momento em que a comitiva passou. Algumas mercadorias acabaram sendo derrubadas.
O grupo do PMDB ligado a defesa da aliança “Aezão” (chapa que reúne o atual governador Luiz Fernando Pezão e Aécio), em detrimento ao apoio a presidente Dilma Rousseff, estava representado pelo ex-presidente da Alerj Jorge Picciani, que tenta voltar a ocupar uma cadeira na Assembleia Legislativa.
Candidatos do PSDB, PTB e outros partidos também participaram do ato. No grupo estavam também o ex-prefeito e candidato ao senado pelo DEM, Cesar Maia, que adotou uma tática diferente dos demais candidatos. Em lugar de ficar próximo a Aécio, ele preferiu esperar a comitiva se dispersar para caminhar e distribuir santinhos, sem tumulto.
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