• Governo tentou levantar os nomes dos prefeitos que participaram do almoço de lançamento do Aezão no Rio
Guilherme Amado e Izabel Braga – Agência O Globo
BRASÍLIA - O líder do PSDB na Câmara, Antônio Imbassahy (BA), tentará convocar o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, para explicar na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Casa a ação de funcionário seu para tentar identificar prefeitos do PMDB que aderiram ao movimento "Aezão", lançado este mês em apoio às candidaturas do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) e do presidenciável tucano Aécio Neves. A denúncia de que o assessor da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência, Cássio Parrode Pires, enviou mensagem à assessoria de imprensa do PMDB no Rio pedindo a lista dos prefeitos que participaram do lançamento, no último dia 5, foi publicada pelo O GLOBO e o “Extra” na edição de hoje.
- É a volta dos aloprados. O ministro Ricardo Berzoini deve explicações sobre isso. Pelas declarações do assessor Cássio Parrode Pires, o ministro reeditou o episódio da campanha de 2006, quando ele era presidente do PT e esteve ligado a uma fábrica de dossiês do PT contra o (José) Serra. O Berzoini diz que é do jogo fazer isso. Só se for do jogo sujo do PT, dele e do Mercadante - afirmou Imbassahy.
O deputado pretende ainda enviar requerimentos de informação ao Palácio do Planalto, para entender a natureza da atuação do Núcleo de Gestão de Informação, departamento em que Cássio Parrode Pires atua. Segundo o assessor, caberia a ele, entre outras funções, fazer "o controle de todos os pré-candidatos ao governo federal".
O senador tucano Álvaro Dias (PSDB-PR) também reagiu à denúncia, afirmando que é mais um exemplo do uso, por parte do PT, de uso da máquina pública para fins políticos, e um sinal do ataque pesado que acontecerá nas eleições deste ano, especialmente em relação às candidaturas de oposição.
- Isso não resolverá a eleição, não determinará o vencedor. Mas é, sim, um caso que faz de todos nós perdedores. Porque joga contra a imagem da classe política. O que lamentamos muito, afinal esperamos uma campanha baseada no debate, na discussão dos interesses nacionais - afirmou Álvaro Dias.
O líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), comentou que não participou do evento de lançamento do "Aezão", mas criticou a atitude:
- Eu não participei no movimento do Rio, mas não concordo com esse método de perseguir quem participou.
Líder do PT defende ministro
O líder do PT na Câmara, Vicentinho (SP) saiu em defesa do ministro Berzoini e disse não ver qualquer ato que fira as relações republicanas no pedido de informação sobre os prefeitos que participaram do ato "Aezão", reagindo às críticas da oposição.
- Berzoini é um grande ministro, uma dos mais preparados e tem cumprido seu papel de azeitar as relações entre Planalto e os políticos. Não vejo nenhum problema nisso, não fere o republicanismo, é mais um sopro da oposição. Se alguém tem que ser criticado, é esse lado do PMDB que não cumpre a deliberação da convenção nacional do partido que decidiu pelo apoio à Dilma. Não é uso da máquina, política se faz conversando, a toda hora - disse Vicentinho
O PSDB quer que Parrode explique a natureza de seu trabalho em uma sessão do Congresso Nacional. Para o partido, a lista provavelmente serviria para perseguição ou tentativa de aliciamento, duas práticas condenáveis no regime democrático e que revelam a incapacidade do PT de conviver e respeitar as diferenças naturais numa sociedade democrática.
O assessor Cássio Parrode Pires tentou identificar o nome dos prefeitos do PMDB que participaram de evento de apoio à candidatura de Aécio Neves no Rio de Janeiro. O ministro Ricardo Berzoini confirmou que sabia da operação conduzida por Cássio.
O servidor trabalha no Núcleo de Gestão da Informação, da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, que deveria reunir dados sobre os estados e municípios para ajudar o ministro e a presidente no processo de tomada de decisão em temas relacionados à Federação.
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