Sérgio Roxo – O Globo
• Presidente da central sindical defende regra 85/95 como modelo transitório para Previdência
SÃO PAULO- A CUT, central sindical ligada ao PT, ameaçar sair às ruas contra o governo se a presidente Dilma Rousseff vetar a flexibilização do fator previdenciário. Para Vagner Freitas, presidente da central, não é verdadeiro o argumento do governo de que a regra 85/ 95, aprovada na Câmara, provocará um colapso na Previdência.
— Exigimos que a presidente não vete — afirma Vagner.
Se a regra que livra do fator previdenciário homens e mulheres cuja soma da idade com o tempo de contribuição atingir, respectivamente, 95 anos e 85 anos, for derrubada, os sindicalistas pretendem desencadear uma onda de pressão.
— Vamos fazer uma campanha de denúncia contra o veto, dizendo que a presidente se coloca contra o interesse da classe trabalhadora, e vamos pressionar o Congresso para derrubar o veto. Vamos às ruas em manifestações pelo 85/ 95 — disse Vagner.
O presidente da CUT argumenta que os impactos nas contas da Previdência só serão sentidos a partir de 2023. Por isso, a regra 85/ 95 deveria ser adotada como modelo transitório, com a adoção de modificações progressivas para equalizar os impactos do aumento da expectativa de vida.
— Daqui até 2023, 2028, não há comprometimento. Nossa proposta é: faz o 85/ 95 agora, permanece por um tempo e depois pode ir fazendo as adequações para não provocar déficit — defende Vagner, para quem é importante aproveitar o fato criado pela aprovação da nova regra pelo Congresso.
O sindicalista afirma que a CUT tem preocupação com as contas da Previdência.
— Temos que zelar pela saúde financeira da Previdência, que é uma conquista dos trabalhadores.
'Mercado não apoia' Dilma, diz dirigente sindical
• Para Vagner Freitas, presidente não pode desagradar a sua base
SÃO PAULO- Líder do manifesto com críticas duras à política econômica do governo, apresentado no Congresso do PT, encerrado no último sábado em Salvador, o presidente da CUT, Vagner Freitas, acredita que a presidente Dilma Rousseff adota na discussão sobre a flexibilização do fator previdenciário o mesmo viés de “que se pode restringir o direito dos trabalhadores em prol de uma estabilidade monetária” presente nos debates do ajuste fiscal.
— Tudo isso acontece por conta de uma filosofia de política econômica de corte, de minimização do papel do Estado e de ajuste. Um ajuste que tem sido feito cortando direito dos trabalhadores — reclama.
Vagner destaca que esse modelo de política econômica foi rejeitado por parte dos presentes ao Congresso do PT.
— Essa visão do governo sobre o 85/ 95 vai no mesmo viés de que se pode restringir o direito dos trabalhadores em prol de uma estabilidade monetária — diz o sindicalista.
Na avaliação do presidente da central sindical ligada ao PT, se vetar a nova regra para não passar um sinal negativo para o mercado, Dilma vai desagradar sua base.
— Eu acho que se vetar o 85/ 95, ela ( Dilma) vai passar um sinal negativo para a classe trabalhadora, que a apoia. O mercado não a apoia.
O presidente da CUT se decepcionou porque esperava que Dilma, ao discursar no Congresso petista, dissesse algo aos trabalhadores.
— O que está sendo feito é regressão de direito dos trabalhadores. Não concordamos com a defesa que ela fez do ajuste e uma parcela grande dos presentes ao Congresso do PT discutiu tentando influenciar a presidente em relação à política econômica.
Apesar de evitar o termo “estelionato eleitoral”, adotado pela oposição para classificar a comparação entre o discurso de Dilma sobre economia na eleição do ano passado e as medidas de ajuste do governo, Vagner diz que a presidente optou por um caminho “contraditório com o programa que foi eleito e com o discurso político que construiu a vitória”.
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