Por Vandson Lima, Thiago Resende e Carolina Oms – Valor Econômico
BRASÍLIA - A tentativa de anular a sessão da Câmara que autorizou a abertura do processo de impeachment pode ter derrubado as últimas pontes do governo da presidente Dilma Rousseff com o presidente do Congresso Nacional, Renan Calheiros (PMDB-AL). Segundo aliados, o senador - que desconsiderou a decisão do presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA) - "ficou possesso".
A articulação teria sido feita com apoio do advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, e do governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B). Renan considerou que foi colocado em situação "constrangedora" por ter que decidir sozinho pela continuidade do impeachment. Ele deu seguimento ao processo e não devolveu os autos à Câmara, como determinou Maranhão. "Aceitar essa brincadeira com a democracia seria ficar pessoalmente comprometido com o atraso do processo. E, ao fim, não cabe ao presidente do Senado dizer se o processo é justo ou injusto, mas ao plenário", justificou Renan.
O principal argumento de Maranhão para anular a sessão foi que os partidos não poderiam ter fechado questão em relação ao voto dos deputados na admissão do impeachment. O Valor apurou que o argumento não deve prosperar entre os ministros do Supremo Tribunal Federal, caso haja recurso do governo. O ministro Gilmar Mendes classificou a manobra de "operação tabajara".
O risco de interrupção do processo de impeachment causou alvoroço nos mercados financeiros, levando o dólar a registrar a maior alta em cinco anos. Os juros de longo prazo tiveram o maior salto em mais de sete meses e o Ibovespa chegou a cair abaixo dos 50 mil pontos. O estresse perdeu força à tarde, mas o Ibovespa fechou em queda de 1,31% e o dólar, em alta de 0,56%, cotado a R$ 3,52.
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