“Ele gostar ou não gostar, não me importa. Mas não vou mudar de opinião só por isso. Por quê? Porque estou dizendo que a nossa situação é estreita. Qualquer que seja o presidente, a situação é a mesma. É uma pinguela. Então, vamos criar condições para atravessar essa pinguela. Segunda afirmação que eu tenho feito: se a pinguela quebrar é pior. Porque você cai na água. Outro dia ouvi na rede social alguém dizer: mas eu prefiro sair nadando. É uma posição. Mas, e os que não sabem nadar? Afogam. Então, tem de saber como sai. Precisa de um road map. Eu diria que na área econômica o governo até já tem um road map. Mas a população não sente a saída. O que temos de fazer? Veja, o governo foi levar ao Congresso a PEC do Teto. O que ele diz? Eu não posso gastar mais do que eu ganho. Eu ouvi o Tancredo dizer isso, lá atrás. E o Lula falou isso umas 20 vezes. Isso quer dizer que vão prejudicar educação e saúde? Depende. Tem de ver a prioridade. O que está por trás dessa proposta? A ideia de que o governo tem um poder ilimitado de fazer dinheiro. E não tem.”
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Fernando Henrique Cardoso é sociólogo, foi presidente da República. Entrevista. O Estado de S. Paulo, 12/12/2016
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