BRASÍLIA E SÃO PAULO - Numa decisão que surpreendeu mercado e analistas, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu ontem a taxa básica de juros de 13,75% para 13% ao ano. A expectativa dominante era que corte seria de 0,5 ponto percentual. A decisão foi tomada por unanimidade e, no comunicado, o Comitê a justificou afirmando que a retomada da economia, em recessão há quase três anos, deve ser "ainda mais demorada e gradual". Além disso, alegou que a queda dos preços se mostra mais "difundida", incluindo o setor de serviços.
Ontem, o IBGE informou que a inflação de 2016, medida pelo IPCA, foi de 6,29%, abaixo, portanto, das previsões do mercado e do próprio governo e dentro do intervalo de tolerância do regime de metas, que vai de 2,5% a 6,5%. Houve recuo relevante na inflação de serviços - de 8,33% em 2015 para 6,47% em 2016.
Como as expectativas para 2017 mostram o IPCA convergindo para algo próximo da meta, haveria espaço para acelerar o corte. Num exercício revelado no comunicado da reunião de ontem, o Copom informou que, se a taxa Selic cair para 10,25% ao ano até dezembro, conforme a mediana das expectativas do mercado colhidas pelo Banco Central, o IPCA ficará em 4,4% neste ano e em 4,5% em 2018, portanto, na meta (de 4,5%).
O debate agora entre os analistas é sobre o ritmo dos próximos cortes da taxa básica e o patamar a que ela chegará ao fim do ciclo atual de afrouxamento monetário. Alguns analistas acham que o Copom praticamente deixou certo que o próximo corte, daqui a 45 dias, será de pelo menos 0,75 ponto percentual. Já há quem acredite que o ritmo de corte deva ser elevado para 1 ponto percentual.
"O Comitê entende que o atual cenário, com um processo de desinflação mais disseminado e atividade econômica aquém do esperado, já torna apropriada a antecipação do ciclo de distensão da política monetária, permitindo o estabelecimento do novo ritmo de flexibilização", diz o comunicado do Copom.
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