Fundação Perseu Abramo convida cientista político Sérgio Fausto para discutir atual crise
Ricardo Galhardo | O Estado de S.Paulo
Representantes de PT e PSDB se encontraram nesta terça-feira, 19, durante debate na Fundação Perseu Abramo (FPA) sobre a maior crise política das últimas décadas.
O evento recebeu Sérgio Fausto, superintendente executivo da Fundação Fernando Henrique Cardoso (FFHC), enquanto cientista político e nome ligado ao PSDB, para discutir a pesquisa Percepções e Valores políticos nas Periferias de São Paulo, ao lado de Andréia Galvão, da Unicamp, e de Giovanni Alves, da Unesp.
“Não há parceria ou aproximação com qualquer instituição político-partidária, até porque esta é da esfera restrita de decisão do partido. À FPA não cabe esta atribuição”, dizia o texto do evento.
Nos bastidores, segundo petistas, houve chiadeira por parte de algumas alas do partido avessas à possibilidade de que a fundação abrisse suas portas para os arquiadversários. Apesar disso, o debate ocorreu em clima amistoso. A descontração ficou por conta de Fausto, que usou um palavrão para descrever o cenário político atual.
“Vou usar um português medonho aqui. Deu cagada! E uma cagada mais ou menos generalizada”, disse, arrancando risadas. Segundo ele, todos os atores políticos que operaram desde a redemocratização segundo as regras hoje desbaratadas pela Operação Lava Jato contribuíram para abrir o caminho até o fundo do poço.
“Não é surpreendente. Todo mundo que participou do processo de redemocratização de um jeito ou de outro operou segundo práticas e dentro de uma lógica que levou à desmoralização do sistema político”, afirmou.
Fausto e Marcio Pochmann, professor da Unicamp e presidente da FPA, concordaram que o risco de aprofundamento da crise é real. “O fundamental é a construção de um novo acordo político no Brasil porque aquele que sustentou a transição da ditadura para a democracia está esgotado”, disse Pochmann. Segundo ele, a realização das eleições de 2018 não está assegurada.
Por seu lado, Fausto vê importância em um “diálogo mais às claras em torno de uma agenda tem espaço na sociedade brasileira”, completou o pesquisador.
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