Durante café da manhã, presidente pede para parlamentares não se intimidarem em defesa própria contra desprestígio da classe política
Tânia Monteiro e Carla Araújo | O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - O presidente Michel Temer pediu "resistência" à sua base aliada nesta terça-feira, 18, durante café da manhã no Palácio da Alvorada. Com os dois presidentes das Casas legislativas do Congresso investigados após delação de ex-executivos da Odebrecht, Temer fez um apelo aos parlamentares presentes. "Há questões das mais variadas, que muitas e muitas vezes visam, digamos assim, a desprestigiar a classe política, e nós todos precisamos resistir, eu tenho resistido enquanto posso", disse. Sem se referir diretamente às investigações da Operação Lava Jato, que inclui inquéritos de 24 senadores, Temer convocou os presentes a não se intimidarem. "Não podemos nos acoelhar", acrescentou.
Para o presidente, os deputados e senadores devem "se revezar" na tribuna do Congresso para defender as reformas em curso no País, além de autodefesa. Temer sugeriu aos parlamentares que não deixassem de usar o espaço "para mostrar o que vocês estão fazendo, em nome do País" porque "sem embargo das dificuldades, nós temos de dar prova de trabalho, que virá pela aprovação dessas reformas".
Temer citou como exemplo uma estratégia de comunicação. "Ultimamente dou entrevistas, falo etc. para dizer aquilo que o Brasil precisa. Não se pode ter a ideia de que, porque aconteceu isso ou aquilo, o Brasil pode parar." Ele salientou que os que estão no Executivo e no Legislativo "serão os produtores da reconstrução do País".
Temer defendeu também a necessidade de se responder às acusações, embora não se possa parar o governo a cada problema que surge. "Não se pode, a todo momento, acontece um fato qualquer, uma notícia qualquer - vamos parar o Executivo, vamos parar a atividade do Legislativo. Nós temos que nos vitalizar e dar uma resposta muito adequada para o momento que nós vivemos", comentou.
O presidente tem cumprido uma agenda intensa de almoços, jantares e cafés para assegurar apoio dos parlamentares para as reformas, especialmente a da Previdência. No meio da batalha, teve seu nome envolvido em delação do ex-presidente da Odebrecht Engenharia Industrial Márcio Faria da Silva.
Aos procuradores, Faria da Silva afirmou que Temer comandou em 2010, quando candidato a vice-presidente da República, uma reunião na qual se acertou pagamento de propina de US$ 40 milhões ao PMDB. O valor era referente a 5% de um contrato da empreiteira com a Petrobrás. O presidente nega. O ex-deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), aliado de Temer, escreveu em carta tornada pública na segunda-feira, 17, que o presidente foi quem convocou a reunião para o acerto da propina.
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