Bela Megale | Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - O empreiteiro Aldemário Pinheiro Filho, o Léo Pinheiro, um dos sócios da OAS, deve adiantar, em depoimento a Sergio Moro nesta quinta (20), parte do que promete entregar em um possível acordo de delação premiada com a Lava Jato.
Ele será ouvido na ação que envolve a reforma de um tríplex em Guarujá (SP) que seria destinado ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
No ano passado, Pinheiro e o ex-presidente se tornaram réus neste caso.
Envolvidos nas investigações relataram à Folha que o empreiteiro negociou com procuradores fazer um relato com detalhes sobre os favores que teria feito a Lula e seus familiares.
Com isso, Pinheiro e o Ministério Público indicariam que um futuro acordo de delação a ser fechado não dependeria só de informações sobre Lula, minimizando críticas de que os investigadores estariam pressionando o sócio da OAS a focar no ex-presidente.
O desempenho de Pinheiro no depoimento ao juiz Moro é considerado fundamental pelos envolvidos nas negociações de uma colaboração premiada dele. Pessoas ligadas ao empreiteiro veem essa como a última chance dele ter seu acordo fechado com a Lava Jato.
As tratativas foram suspensas em agosto do ano passado pela Procuradoria-Geral da República após vazamento de informações ligadas a obras na casa do ministro Dias Toffoli, do STF (Supremo Tribunal Federal), em que não foram identificadas irregularidades.
As conversas com Pinheiro foram retomadas nos últimos meses, após o acordo assinado pela Odebrecht com a Lava Jato. Além de Lula e temas que corroboram o que a Odebrecht citou, a delação da OAS pode fornecer informações sobre corrupção em fundos de pensão.
As tratativas incluem, além de Pinheiro, outros executivos e ex-executivos do grupo, e também acionistas, como Cesar Mata Pires e seu filho Antonio Carlos Mata Pires.
TRÍPLEX
Além de ser proprietária do empreendimento, o Condomínio Solaris, a OAS gastou cerca de R$ 770 mil na reforma do apartamento que chegou a ser visitado por Lula e a mulher, Marisa Letícia (morta em fevereiro), acompanhados de Pinheiro.
A empreiteira também participou da reforma do sítio de Atibaia (SP) frequentado pela família do petista, e pagou a ele viagens internacionais após deixar a Presidência, segundo as investigações.
Em setembro, Pinheiro foi preso pela segunda vez pela Lava Jato e levado para Curitiba, onde está desde então.
Na época, Moro disse que surgiram novas provas mostrando ações do empresário para atrapalhar as investigações, como destruir e-mails.
Em abril de 2015, o STF havia determinado que ele e outros executivos migrassem para o regime de prisão domiciliar. Além de ser réu neste caso, Léo Pinheiro foi condenado a 39 anos em outras duas ações penais.
Na ação do tríplex, o Ministério Público afirma que Lula recebeu R$ 3,7 milhões em propinas pagas pela OAS oriundas de contratos da Petrobras. Segundo a acusação, o dinheiro foi investido na reforma do tríplex. A OAS também pagou pelo transporte e armazenamento de bens do petista.
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