BRASÍLIA - O governo Michel Temer antecipou o que avalia ser o último pacote de flexibilizações da reforma da Previdência para tentar dobrar resistências na base aliada.
A ideia original do Palácio do Planalto era guardar alterações na idade de aposentadoria das mulheres, por exemplo, para a votação em plenário, em maio.
Líderes e articuladores, entretanto, diagnosticaram que pressões das bancadas feminina e da bala —que defende interesses de policiais— ameaçavam as votações.
O governo decidiu negociar logo as mudanças que amenizam as regras de aposentadoria de mulheres e policiais civis para que o projeto chegue ao plenário em sua forma final e não sofra alterações de última hora.
Auxiliares de Temer acreditam que a negociação prévia é um sinal de boa vontade do presidente e poderia contribuir para reduzir a oposição em alguns setores.
A equipe econômica agora tentará convencer o mercado financeiro de que as alterações eram necessárias para a aprovação e que eram essenciais para tornar o projeto palatável para o Congresso.
O time de Henrique Meirelles no Ministério da Fazenda, antes resistente a flexibilizações, agora acredita que o projeto ainda será bem-visto pelo mercado, apesar de prever uma economia mais modesta para os cofres públicos.
PRESSÃO DO SENADO
A preocupação da ala econômica agora é garantir que o texto atual, que será votado na Câmara, também passe sem percalços pelo Senado. Se o projeto for alterado na segunda Casa, ele teria que voltar à primeira, o que atrasaria seu cronograma e poderia até inviabilizá-lo.
Temer se reuniu com senadores na tarde desta terça-feira (18) para tentar costurar um compromisso de aprovação do texto que será apresentado na Câmara.
Senadores da base aliada reivindicaram duas mudanças: redução de 68 para 60 anos na idade mínima para que trabalhadores rurais recebam o BPC (Benefício de Prestação Continuada, no valor de um salário mínimo) e uma diferença maior entre a idade para aposentadoria no campo e na cidade para mulheres, que está em 60 e 62 anos pela proposta.
O relator da reforma na Câmara, Arthur Maia (PPS-BA) disse que irá analisar os pleitos com a equipe econômica.
Na tentativa de blindar a proposta do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), o presidente quer emplacar na relatoria na Casa um nome de confiança. A preferência é pela senadora Rose de Freitas (PMDB-ES).
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