Folha de S. Paulo
Presidente comemora promessa de campanha
cumprida ao reduzir multas ambientais
Jair Bolsonaro renovou suas credenciais com
grileiros, madeireiros e produtores rurais interessados em driblar o combate ao
desmatamento. Num evento em Brasília, ele anunciou que o governo reduziu
em 80% o registro de infrações nessa área. "Paramos de ter
grandes problemas com a questão ambiental, em especial no tocante à
multa", celebrou.
O presidente cumpriu uma promessa de
campanha. Antes de tomar posse, Bolsonaro aproveitava viagens pelo interior e
encontros com grupos do agronegócio para divulgar uma plataforma de redução da
fiscalização ambiental. Ele afirmava que acabaria com a "festa" do
que chamava de "indústria da multa".
Nos últimos três anos, quem fez a festa foram outros personagens. O garimpo ilegal avançou no país durante o governo Bolsonaro, com o incentivo público do capitão. No ano passado, o desmatamento da Amazônia Legal cresceu 29% e atingiu o maior nível em 14 anos, segundo dados do instituto Imazon divulgados pelo Jornal Nacional.
Não é difícil reconhecer o sucesso do
governo na busca por esses resultados. Na gestão Ricardo Salles, o Ministério
do Meio Ambiente reduziu verbas do Ibama, esvaziou o poder dos fiscais do órgão
e dificultou
a aplicação de multas. Seguindo ordens de Bolsonaro, autoridades ambientais
reduziram a queima de máquinas usadas em atividades de desmatamento ilegal.
Ao lado da facilitação do acesso a armas de
fogo, o afrouxamento do controle ambiental é um dos poucos feitos que Bolsonaro
entregou para segmentos
importantes de sua base eleitoral. O presidente deve se agarrar a esses
pontos da agenda para compensar o fracasso registrado até aqui em sua agenda
autoritária e em suas investidas sobre as escolas.
Com essa plataforma de campanha, Bolsonaro não deve enfrentar dificuldades para receber, mais uma vez, o apoio dos setores mais atrasados do agronegócio e de desmatadores em geral. Nenhum outro candidato tem tantos serviços prestados nessa área como o presidente.
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