Folha de S. Paulo
Programa trouxe ao horário nobre assuntos
ignorados por muito tempo
Se Jair Bolsonaro estivesse no BBB,
não duraria uma semana. Aliás, ele, Marcelo Queiroga, Paulo Guedes, Mario Frias
e toda essa gente desqualificada que desgoverna o país já teriam sido expulsos
com rejeição máxima. Não teria centrão, não teria "com o STF, com
tudo", não teria acordo para manter esse bando de embustes.
Podem desdenhar, mas a única instituição que funciona no país é o Big Brother. A casa é um raio-X da sociedade e trouxe para o horário nobre assuntos ignorados por muito tempo. Ahh, Mariliz, você vai escrever sobre BBB? Raramente, mas o programa estreou ontem e foi difícil não fazer essa analogia.
Em todas as pesquisas de opinião, a grande
maioria tem se mostrado insatisfeita com o governo Bolsonaro e contrária à
postura do mandatário em relação à pandemia e à vacinação, fora a aversão
pessoal que ele provoca. Se fosse possível um paredão, a eliminação seria
certa. No entanto, teremos esperado quatro anos no total para nos vermos livre
de um sujeito desse.
Já fui dessas que torcia o nariz para o
BBB, até que a Folha me
pediu para escrever também sobre o tema, em 2018. Sem economizar na dose lúdica
de entretenimento que inclui festas e pegação, nas últimas edições o programa
tem entregado muito além da alienação que às vezes procuramos. Tem sido palco
para discussões sobre questões sociais, preconceito, assédio moral e
masculinidade tóxica, que recheiam os conflitos internos e servem de
combustível para que, aqui fora, possamos rever nosso próprio comportamento.
Cada vez mais politizado, assim como nosso
dia a dia, o BBB já antecipou as discussões sobre as preferências eleitorais.
Não basta ser legal, tem que ser antibolsonaro. Mas tem gente dando aula de
marketing eleitoral. A cantora Anitta, ao demonstrar interesse por um dos
participantes, indaga se ele é bolsominion e emenda: se for arrependido já
vale. Que isso sirva para o amor e para o voto.
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