Por Lauriberto Pompeu / O Estado de S. Paulo
Executivas nacionais precisam referendar
indicação; pesquisas feitas a pedido dos três partidos mostram alta rejeição do
ex-governador
BRASÍLIA
– Os presidentes de PSDB, MDB e Cidadania decidiram nesta quarta-feira, 18, indicar a
senadora Simone Tebet (MDB-MS) como candidata única da terceira via à
Presidência. A decisão ainda precisa passar pelo crivo das executivas nacionais
dos três partidos, que devem se reunir na próxima terça-feira, mas já indica
que o ex-governador de São Paulo João Doria,
pré-candidato do PSDB, foi rifado.
Pesquisas encomendadas pelos partidos mostraram que a rejeição a Doria é muito alta e Simone teria maior potencial de crescimento. Ele foi aprovado em prévias do PSDB, em novembro do ano passado, mas, desde então, enfrenta resistências para tornar o nome viável.
A
cúpula tucana faz pressão para Doria desistir do páreo, sob a alegação de que a
pré-candidatura dele atrapalha os concorrentes do partido, principalmente em
São Paulo, Estado administrado pelo PSDB há quase 30 anos, onde o
governador Rodrigo Garcia disputa a reeleição. A ala do partido
favorável a Simone quer que o senador Tasso
Jereissati (CE) seja candidato a vice na chapa.
Doria
não aceita renunciar e já mostrou disposição para recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), uma vez que
sua pré-candidatura foi oficializada em prévias. No sábado, em carta enviada ao
presidente do PSDB, Bruno Araújo, o ex-governador acusou o comando do partido
de querer promover um “golpe” para retirar seu nome “no tapetão”. Araújo disse que
a carta representava a intenção de Doria de romper com o partido.
O ex-governador foi convidado para participar de uma reunião com dirigentes do PSDB, na manhã desta quarta-feira, mas não compareceu, sob a justificativa de que já tinha compromissos agendados. Antes da decisão dos presidentes dos partidos de encaminhar o nome de Simone, Doria deu sinais de que estava disposto a conversar com os dirigentes na próxima semana.
“O
momento é de diálogo. O projeto de construção política deve priorizar o Brasil
e o povo brasileiro”, disse ele, em mensagem publicada no Twitter. Depois, fez
outras postagens para destacar sua persistência. “Diziam que era impossível
despoluir o Rio Pinheiros. Está aí. Com trabalho, planejamento e dedicação,
nada é impossível! #TMJ”, escreveu. Procurado por meio de sua assessoria, Doria
não havia se manifestação até a publicação deste texto.
A
reunião da executiva do PSDB, na noite de terça-feira, 17, já havia escancarado o racha no partido e não foram poucos os
que defenderam a necessidade da saída de Doria. Nem todos, no entanto,
pregaram a aliança com Simone. O deputado Aécio Neves (MG), por exemplo, chegou
a dizer que ela poderia ser “abandonada” na convenção porque o MDB também está
dividido.
Uma
ala quer fechar acordo com o presidente Jair Bolsonaro (PL),
que disputa a reeleição, e outra pretende apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O grupo de Aécio defende candidatura própria do PSDB. Além do nome de Tasso, há
os que pregam o ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite.
“Até
terça-feira que vem fica pública uma posição apresentada aos três partidos.
Vamos aguardar para ver se os três partidos confirmam essa posição”, disse
Araújo, ontem, numa referência a Simone. “A partir daí, inicia-se um processo
entre os dois candidatos postos no qual poderemos passar para a fase seguinte
de começar a construir de forma sólida essa aliança, construindo aspectos
regionais e demandas que possam fortalecer essa candidatura presidencial.”
O
comando dos três partidos vai trabalhar para que Simone seja a candidata.
“Temos consenso entre nós. Vamos ter de colocar para o partido para poder dizer
esse candidato que vocês chamam de terceira via”, declarou o presidente do
Cidadania, Roberto Freire.
Logo
após a reunião desta quarta, Araújo comentou a mensagem em que Doria diz que “o
momento é de diálogo”. Ele elogiou o ex-governador e afirmou que é “a atitude
de um líder que tem compromisso com o seu país”.
Integrantes da Executiva do PSDB vão se reunir com Doria antes de terça e tentar fazer com que ele desista de ser candidato. Aliados do ex-governador querem que o encontro seja em São Paulo. “Provavelmente aqui (São Paulo), se for no início da semana”, disse o tesoureiro do partido, Cesar Gontijo.
O presidente do MDB, Baleia Rossi, afirmou que uma alternativa a Lula e Bolsonaro é importante para dar respostas à sociedade. “A sensação da população é que essa polarização prejudica os brasileiros. Esse é um dado extremamente relevante para a construção de uma alternativa mais equilibrada, moderada, que busque responder aos problemas reais dos brasileiros e não uma briga pela briga.”
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