Se resultado das prévias não for respeitado, ex-governador deve ir à Justiça. Marqueteiro critica pesquisas e fala em 'erro histórico'
Gustavo Schmitt / O Globo
SÃO PAULO - Aliados do ex-governador de São
Paulo, João Doria (PSDB), reagiram às informações
de que a senadora Simone Tebet (MDB-MS) foi escolhida pelo MDB, Cidadania e
pelo seu próprio partido para encabeçar a chapa da terceira via. O
grupo de Doria disse que não vai aceitar a decisão e voltou a sinalizar com a
possibilidade de judicialização, caso não haja respeito ao resultado das
prévias presidenciais — eleição interna vencida pelo paulista em dezembro.
O acordo firmado entre MDB, PSDB e
Cidadania previa que o candidato do centro democrático seria escolhido com base
em pesquisas quantitativa e qualitativa feitas no último fim de semana pelo
professor Paulo Guimarães. O combinado era que o resultado do levantamento
seria divulgado nesta quarta-feira, o que não ocorreu.
Estrategistas de Doria afirmaram que o
presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, sequer comunicou o paulista sobre os
resultados e tampouco forneceu acesso ao levantamento. Especializado em direito
eleitoral, o advogado Arthur Rollo, que representa Doria, voltou a dizer que o
resultado das prévias, cuja decisão foi tomada por mais de 17 mil filiados
tucanos, está acima de qualquer decisão de aliança da terceira via. A defesa de
Doria se respalda num artigo do estatuto tucano que garante a convenção
partidária como o momento certo para homologar a candidatura do vencedor das
primárias.
Para Rollo, os dirigentes de MDB, PSDB e
Cidadania não têm competência para decidir lançar Tebet como cabeça de chapa.
— Eles (Baleia Rossi, Bruno Araújo e Roberto Freire) não têm poder para tomar essa decisão.
Marqueteiro experiente em campanhas
políticas, Lula Guimarães, que trabalha com Doria, demonstrou indignação e
cobrou que os dados sejam mostrados. Desde que o parâmetro de pesquisa foi
adotado para que os partidos de centro apontassem um nome para encabeçar a
chapa do centro democrático, diversas lideranças do PSDB denunciaram que a
medida seria uma forma de tentar rifar Doria da disputa com base em sua
rejeição, que é a maior que a da emedebista nas pesquisas de opinião, já que
ela é pouco conhecida do eleitorado. Guimarães, no entanto, contesta essa tese:
— Nenhuma das pesquisas divulgadas
regularmente dão alguma vantagem para Simone Tebet em relação a João Doria. Nem
o critério de rejeição se sustenta, já que proporcionalmente a senadora é mais
rejeitada que o governador — afirma Guimarães.
O marqueteiro ainda foi além e disse que
uma hipótese de substituição de Doria por Tebet como cabeça de chapa
"seria um equívoco histórico". Para Guimarães, Doria tem mais
experiência e ativos políticos a apresentar ao eleitorado do que a senadora.
Ele citou o exemplo do legado vacina Coronavac contra a Covid-19:
— João tem o que mostrar numa campanha que
compete com dois presidentes porque esteve no comando do executivo. O que a
senadora Simone tem para mostrar ao eleitor além de intenções? João tem uma
obra concreta que se materializa com o fato de ter trazido a vacina contra a
Covid-19 para os brasileiros, por exemplo, entre outras. Logo, não há o
que justifique a escolha da senadora. Seria um equívoco histórico.
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