A cena que mais me marcou foi a da audiência de Francisco com Inocêncio III, considerado o papa mais poderoso de todos os tempos. Rica em simbolismo, mostra um contraste agudo entre pobreza e riqueza: Francisco entra descalço e maltrapilho, numa grande e suntuosa sala, onde está o Papa e sua corte, na pompa e no fausto de suas roupas. Sem maniqueísmo, o Papa não é mostrado como vilão, mas como um homem prisioneiro do seu tempo.
O cinema foi de muita importância para a minha formação política.
Charles Chaplin morreu em 25 de dezembro de 1977, quando eu tinha
14 anos. Na semana seguinte, o Cine Rio Grande, o maior de Natal, exibiu os
principais filmes de Carlitos, um a cada dia. Fiquei maravilhado. O herói era
nada mais nada menos do que um mendigo.
Quando eu era criança, na época da ditadura militar de 1964, meus
pais cochichavam que o melhor prefeito de Natal havia sido Djalma Maranhão,
pois sua administração fora inteiramente dedicada aos pobres. Só tinha um
“problema”: suas ideias socialistas.
O filme sobre o santo católico, a obra de Chaplin, a ação política
dos irmãos Djalma e Luiz Maranhão me levaram a uma determinada opção
política.
Mais tarde, ingressei no antigo PCB, cujo um dos seus mais
ilustres líderes no Rio Grande do Norte, o médico Vulpiano Cavalcanti,
costumava repetir: “não basta lutar, é preciso saber lutar”.
Isto é, não bastava a indignação perante às injustiças do mundo.
Era preciso estudar profundamente a realidade para saber transformá-la em
benefício da maioria.
O cinema nos ajuda a conhecê-la pela sensibilidade da arte.
*Jornalista e cartunista (Publicado originalmente no perfil do
autor no Facebook, em 09/04/2017)
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