quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

A promessa de Lula a Mucio – Dora Kramer

Folha de S. Paulo

Presidente assegurou ao ministro apoio à PEC que afasta militares da política

Em meio ao ambiente de incertezas sobre quem fica ou quem sai da equipe do presidente Luiz Inácio da Silva (PT), o ministro José Mucio Monteiro (Defesa) é o único que pediu para sair e, como resposta, ouviu um apelo para ficar.

Não exigiu contrapartidas, mas obteve como bônus o compromisso do presidente de emprestar apoio firme do governo à proposta de emenda constitucional (PEC) que exige a passagem para a reserva de militares que concorram a cargos eletivos, mesmo que percam as disputas.

Lula já falou sobre o assunto com o líder no Senado, Jaques Wagner (PT), e com o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). A PEC foi apresentada em 2023, mas desde então ficou travada devido à falta de apoio necessário do Planalto para enfrentar as resistências no campo da oposição.

Segundo José Mucio, a questão foi decidida numa conversa de caráter pessoal "com meu amigo de muitos anos". Aconteceu na sexta-feira passada. Na ocasião, Lula pontuou que faria um pedido "de amigo" para a permanência do ministro.

No encontro, o presidente não citou especificamente o tema, mas, numa referência indireta ao indiciamento de militares e a iminência da decisão da Procuradoria-Geral da República sobre o inquérito da tentativa de golpe de Estado, disse que não queria acrescentar mais um problema aos tantos enfrentados pelo governo no momento.

O veto do assessor especial Celso Amorim à licitação do Exército para compras de armas de uma empresa israelense, ao qual Mucio se opôs publicamente apontando interferência de "questões ideológicas" no negócio, não foi uma questão tratada entre presidente e ministro. Por ora, ao menos.

Quanto à tramitação da PEC, José Mucio assegurou que não há impedimento por parte dos militares. Ao contrário. Na visão dele, é algo bom para as Forças Armadas e para o país, pois distancia os quartéis do proselitismo político.

O ministro, no entanto, não desistiu de sair mais adiante. Lula pediu que ficasse até o fim do mandato e, no meio-termo, combinaram um prazo inicial até dezembro de 2025.

 

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